Breve resumo de 2021 e as estreias mais aguardadas de 2022
O ano de 2021, no que diz respeito ao cinema, termina como uma sequela bem-sucedida, comparativamente ao desastre do ano anterior, visto que muitos lançamentos foram adiados pelas razões que todos conhecemos. Apesar destas dificuldades conseguimos, ainda assim, assistir a uma arte excepcional.
Em Portugal, de acordo com os dados do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), as salas de cinema faturaram 3,3 milhões de euros no passado mês de julho, face aos 398 mil euros registados no mesmo período em 2020 e acima dos 2,7 milhões de euros que se verificaram em junho de 2020 – isto aplica-se apenas para a realidade das grandes salas portuguesas. Se considerarmos as pequenas salas – aquelas lá de casa – somadas à portabilidade dos pequenos ecrãs de smartphones e tablets, contamos com a utilização das OTTs (over-the-top media service) em 24% da população portuguesa, segundo dados da Marktest. Faltou convívio social, mas não faltou entretenimento.
Números à parte – e para não sermos exaustivos naquela que poderia ser uma longa lista -, este ano despede-se com sucessos respeitáveis como The French Dispatch e Licorice Pizza. De acordo com a revista Cahiers du cinéma, First Cow foi eleito, pelos franceses, como o melhor filme do ano. Mas segundo a New York Film Critics Circle – grande arauto dos Oscars – Drive my Car de Ryûsuke Hamagushi é que fica com o lugar mais alto no pódio, através da adaptação de um conto de Haruki Murakami. Em Portugal, o realizador japonês recebeu uma dedicatória na secção de homenagem e retrospectiva no LEFFEST (Lisbon & Sintra Film Festival). O filme conta a história de duas pessoas solitárias que tentam enfrentar o seu passado. Yusuke Kafuku é um ator e encenador bem-sucedido, casado com Oto, uma roteirista com muitos segredos, e com quem divide a sua vida, o seu passado e colaboração artística. Quando Oto morre repentinamente, Kafuku depara-se com muitas perguntas sem respostas sobre o relacionamento deles. Dois anos depois, ainda sem ter ultrapassado o luto, parte para encenar uma peça em Hiroshima, no seu precioso carro Saab 900, conduzido pela jovem Misaki Watari, também ela a tentar lutar contra o seu passado trágico.
O que aí vem que vale mesmo a pena?
2022 traz novidades para todos os gostos, quer em quantidade quer em qualidade. Destacam-se as seguintes: The Tragedy of Macbeth, primeiro filme de Joel Coen sem o seu irmão, inspirado na peça, com o mesmo nome, de Shakespeare e protagonizado por Denzel Washington e Frances McDormand; The Northman, suspense de Robert Eggers, passado numa Islândia do século X, onde um príncipe busca pela vingança do assassinato do seu pai; Nightmare Alley, um thriller psicológico neo-noir realizado por Guillermo del Toro – o filme centra-se em Stan Carlisle (Bradley Cooper), um ambicioso carny, que estabelece uma relação amorosa com uma psiquiatra corrupta, Dra. Lilith Ritter (Cate Blanchett), que prova ser mais perigosa do que ele.
Ainda no grande ecrã, teremos: À procura de Anne Frank, uma animação histórica sobre a personagem homónima; Legally Blonde III, um filme que vem na sequência de um original, que é um dos exemplos da estrutura clássica da jornada do herói; E para terminar, Tom Cruise regressa com Top Gun: Maverick, Missão Impossível 7 e Jurassic Park: Domínio, quando o tempo começar a aquecer. Já quase a acabar 2022 e para que seja um ano em grande (como tudo o que ele faz) James Cameron volta com Avatar 2.
As estreias portuguesas serão: Revolta, de Tiago R. Santos, que participou na elaboração de filmes como: Parque Mayer; Os Gatos Não Têm Vertigens; Perdidos; e Call Girl); A Criança, que é uma co-produção luso-francesa, com um elenco português e uma história passada em Lisboa, em meados do século XVI – um jovem adotado, tenta encontrar o seu lugar numa família livre, mas enclausurada num mundo onde as sombras têm a claridade das imperfeições.
Aguardamos também que o António-Pedro Vasconcelos nos traga o Km 224, um filme que reflete as consequências do divórcio de Mário e Cláudia para os seus filhos. Já Sérgio Graciano vai apresentar um filme com título auto-explicativo: Salgueiro Maia – O Implicado.
Como viram, preparem o milho para (não) fritar a pipoca. O que 2022 trará não sabemos, mas se depender do entretenimento audiovisual, está garantido um ano com muito sucesso.
Fonte da capa: Jakob Owens (Unsplash)
Artigo revisto por Madalena Ribeiro
AUTORIA
Colecionadora (in)voluntária de diversas experiências de vida, interessada por tudo o que lhe desperte a sede de conhecimento: da literatura ao cinema, da filosofia à psicologia e de como ter uma refeição decente pronta em 10 minutos. Aprendiz no ofício da construção de narrativas, crê que somos o herói da nossa própria história. Promete que quando for crescida terá um perfil ativo nas redes sociais.