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Dinastia (Chiefs´ Version)

Uma das épocas mais imprevisíveis dos últimos anos acabou… da mesma forma que a do ano anterior. Os Kansas City Chiefs venceram os San Francisco 49ers no Super Bowl e somaram o terceiro campeonato de futebol americano, em cinco anos. Patrick Mahomes é a personagem principal da mais recente dinastia da NFL.

Quando Tom Brady, indiscutivelmente o melhor jogador de sempre da NFL, se retirou em fevereiro de 2022, os adeptos da competitividade suspiraram de alívio. Pela primeira vez, desde 2000, a equipa favorita ao título não era aquela que apresentava o quarterback mais titulado de sempre (sete em dez finais).

Numa época em que quase um terço dos quarterbacks se lesionaram, prevaleceram as equipas que se conseguiram manter saudáveis e sem grandes oscilações ao longo da temporada.  O declínio de forma dos Philadelphia Eagles após começarem a época com dez vitórias, um empate e o colapso dos Dallas Cowboys na primeira ronda dos playoffs deixaram as contas do título para Baltimore Ravens, San Francisco 49ers e os campeões em título, Kansas City Chiefs.

Fonte: Associated Press em Forbes

Karma is the guy on the Chiefs

A inevitabilidade de Brady que, por arte ou engenho, arranjava sempre forma de vencer, parecia impossível de replicar, até um tal de Patrick Mahomes aparecer.  Mesmo com o pior grupo de jogadores ofensivos desde que está nos Chiefs, o quarterback de 28 anos conseguiu chegar ao seu quarto Super Bowlem seis anos como titular.  Apesar da glória final, a caminhada esteve longe de ser imaculada. Pela primeira vez desde 2017, os Chiefsterminaram a época regular com menos de 12 vitórias e fora dos dois lugares cimeiros da sua conferência (AFC). 

Na fase a eliminar, depois de vencer em casa os Miami Dolphins na ronda wildcard, seguiu-se mais território desconhecido para Patrick Mahomes: pela primeira vez, tinha de jogar fora de casa nos playoffs. Em Buffalo, com temperaturas abaixo de zero, dois touchdowns de Travis Kelce bastaram para colocar os Chiefs na sexta final de conferência, em seis anos.

Seguia-se a equipa mais regular da temporada, reforçada com as esperanças de milhões de fãs que não aguentavam ver Kansas City no Super Bowl, novamente: os Baltimore Ravens. Lamar Jackson era o messias da paridade, mas esbarrou numa defesa geracional dos Chiefs que só permitiu ao MVP da Liga colocar 10 pontos no placar. Eliminação dura para os Ravens naquele que era suposto ser o seu ano.

Fonte: Twitter Kansas City Chiefs

Longa vida ao novo rei da NFL

Quis o destino que o Super Bowl fosse uma reedição da final de 2020, entre Chiefs e 49ers. O jogo ficou marcado pelo domínio de ambas as defesas, que provocaram uma perda de bola (fumble) para cada lado e uma interseção de Patrick Mahomes. A equipa de San Francisco marcou o primeiro touchdown do jogo já no segundo quarto, com uma jogada tirada da cartola pelo treinador Kyle Shanahan. A bola baloiçou de um lado ao outro do relvado até chegar a McCaffrey que, com espaço para correr, não se escondeu e marcou o seu 15.º touchdown da temporada.

A um minuto e quarenta segundos do fim da partida, os niners seguiam na liderança da partida por 16-13, quando o seu kicker, Jake Moody, falhou um ponto extra que obrigaria o adversário a marcar um touchdown para vencer a partida. Contudo, o falhanço de Moody deu aos Chiefs a possibilidade de marcar apenas três pontos para levar o jogo a prolongamento.

Desde a época passada, as regras do tempo complementar nos playoffs mudaram, de forma a dar uma chance às duas equipas para marcar um touchdown. Esta alteração passou despercebida, naturalmente, pelos espetadores menos atentos da modalidade, mas também pelos San Francisco 49ers.

Ficou gravado o momento em que os 49ers surpreendem tudo e todos ao escolher a posse de bola.

Na moeda ao ar, o capitão Fred Warner ganhou e escolheu começar com a posse da bola, para espanto dos jogadores dos Chiefs. No dia seguinte à partida, um dos jogadores admitiu que os californianos pensavam que bastava marcar um touchdown para vencer a partida, quando pelas novas regras, o adversário tem sempre direito a uma posse de bola.

Depois dos niners só conseguirem marcar três pontos, Patrick Mahomes tinha todo o tempo do mundo para concretizar os wildest dreams dos seus fãs. No último segundo do jogo, um passe para Mecole Hardman foi suficiente para o quarterback escrever o seu nome no espaço em branco entre os melhores da história da NFL.

Fonte da Capa: AP Photo em San Diego Union tribune

Artigo revisto por Matilde Ricardo

AUTORIA

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Desde miúdo que tinha duas paixões, a escrita e o desporto. Ao crescer percebi que combinar as duas áreas e tornar-me jornalista desportivo era o meu objetivo de vida. Gosto de dizer que fui criado por Pablo Aimar, Lionel Messi e Matías Fernández, dada a quantidade de horas que passei a vê–los distribuir classe e sonho pelos relvados. Tenho uma lista com duas páginas de estádios míticos que quero visitar e sim, a Bombonera está em primeiro lugar.