Editorias, Opinião

Hey, stress, leave these kids alone

A Inês Rebelo escreve ao abrigo do Antigo Acordo Ortográfico.

Estamos naquela altura do ano. Olhamos para a frente e vemos mais testes do que dias da semana, trabalhos para entregar que não sabemos como vamos fazer, apresentações escondidas. Quando damos por nós, estamos a arrancar cabelos.

O cansaço começa a apoderar-se de nós; a primeira coisa em que pensamos ao acordar é “quando é que me vou deitar outra vez?”. E quanto mais coisas temos para fazer, mais nos apetece enrolarmo-nos numa bola no sofá e dormir até tudo passar. Às vezes cedemos a essa vontade, e quando acordamos temos um ataque de pânico porque agora em vez de termos duas tardes para estudar para o teste já só temos uma.

Às vezes, sinto que o trabalho é tanto que se acumula dentro da minha cabeça e me começa a sair pelas orelhas. De tal maneira que às vezes saem coisas importantes e dá asneira. É assim que acabo a ir para as aulas sem me lembrar de que vou ter uma apresentação, deixando tudo o que preparei em casa, e é assim que me esqueço de que tenho coisas urgentes para fazer – e não as faço -, apesar de andar há dias preocupada com elas.

Ainda por cima, sou uma pessoa que fica muito afectada pelo cansaço. Não consigo acabar frases: começo a falar e as palavras perdem-se dentro da minha cabeça; em três segundos esqueço-me completamente do que estava a dizer, do que ia dizer, daquilo de que estamos a falar, do meu nome. E tenho oscilações de humor terríveis. Tão depressa me rio que nem uma pateta, num grau de quase-histeria, como fico de mal com o mundo e me torno meio agressiva, como tenho vontade de chorar por tudo e por nada. Até eu fico farta de me aturar.

O pior é que fico um pouco paranóica nestas fases. Mesmo que combine alguma coisa que me apetece muito fazer, fico até à última à espera de que o universo decida intervir e me atire com qualquer coisa que me impeça de ir. Não é só estupidez minha, é trauma. Isto acontece-me com demasiada frequência.

Acho que só ainda não perdi a minha sanidade mental porque tenho visto que os meus amigos estão como eu: a não conseguir acabar frases, a esquecer coisas importantes, zangados com o mundo… É um mal que afecta os universitários em geral, e isso é um alívio. Por isso, vamos lá, malta! Todos juntos nesta corrida de obstáculos até ao Natal…

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