Capital, Sem Categoria

Luís de Matos – ‘Impossível’ ao vivo

Entrei em 2020 com a ideia de que queria aproveitar mais os momentos e menos os objetos materiais. A verdade é que comecei já com a resolução deste objetivo no Natal do ano passado, quando decidi oferecer à minha mãe o bilhete para vermos o espetáculo do Luís de Matos. 

Este mágico sempre foi a base para nós cá em casa. Víamo-lo na televisão, víamos os anúncios de que ia dar um espetáculo, mas nunca realizámos efetivamente o sonho de o ir ver. 

A 4 de janeiro fomos então concretizar este sonho de ver o espetáculo Luís de Matos – Impossível ao vivo, no Tivoli BBVA. 

Na linha F, lá estavam os meus olhos à espera de serem surpreendidos. E assim foi, logo no primeiro instante. Aliás, no segundo instante, depois de alguns dançarinos – o grupo Momentum Crew – se exibirem em palco para iniciar o espetáculo. Quando finalmente Luís de Matos e os seus convidados entram em palco, estes fazem aparecer um carro no palco, como por magia. Sim, já sei, a magia não existe, mas, se virmos o espetáculo com a ideia de que tudo é uma ilusão, acaba por perder o fascínio.  

A verdade é que me deixou estupefacta pensar em como é que um carro não está no palco e no momento a seguir aparece. No entanto, ambos concordamos que foi uma manobra de publicidade. Este espetáculo, como se percebeu pelo folheto informativo dado no início, é patrocinado pela Seat e pela Rádio Comercial. A equipa teve, então, de criar partes do espetáculo que fossem diretamente ligadas aos patrocínios. Se está incorreto não sei. Não acho que tenha ficado mal, apesar de ser explícito. 

Entre carros a aparecerem e pessoas a voar no ar, existe de tudo um pouco. No entanto, o fascinante não se dá apenas com a magia. A manipulação das cartas e a perícia com que os mágicos o fazem é extremamente brilhante. 

Por falar em mágicos, Luís de Matos não veio sozinho. De toda a parte do mundo, os mágicos convidados são James More, de Inglaterra, Topas, da Alemanha, Raymond Crowe, da Austrália, e An Halim, da Coreia do Sul. Todos eles tiveram o seu momento de brilhar.

Um espetáculo, para ter sucesso, deve incluir o público nele. E Luís de Matos pensou bem nisso. A dado momento, pega numa cadeira em palco, senta-se e fica só ele e nós, numa conversa. “Peguem nas folhas com os carros Seat em cima do vosso assento. Baralhem-nas. Escolham o vosso carro de sonho”. Volta para aqui, volta para ali, baralha, exclui uma carta, troca uma carta com a pessoa do lado. No fim, apenas restou uma carta – o meu carro de sonho. Foi um momento “faz tu mesmo” que permitiu ao público sentir que fez magia. 

Um espetáculo como este não é apenas feito de mágicos. A equipa de produção fez um trabalho incrível para envolver o público na dinâmica do espetáculo. A luz estava sempre de acordo com a música e o som, criando uma junção interessante. O som acertava em cada movimento dos mágicos. E os mágicos criavam movimentos e momentos de suspense que não deixavam ninguém tirar os olhos do palco. 

Ao lado de Luís de Matos está sempre Joana Almeida. Farmacêutica de formação, mas é ao lado do mágico que atua há mais de 15 anos. Quando é preciso fazer uma pessoa desaparecer é Joana quem lá está. Quando coloca uma pessoa a levitar é Joana quem está lá. Luís e Joana são os grandes cúmplices da noite – sem um deles o espetáculo não seria o mesmo. No entanto, a presença de Joana acaba por ser um pouco simples. Será que a sua presença apenas pretende demonstrar que Luís tem uma mulher ao lado? Talvez não. 

É um espetáculo que se adapta a todas as idades – dos 7 aos 70 anos. Uma tarde bem passada, com risos, ansiedade e suspense à mistura. Algumas pessoas podem ter achado o espetáculo demasiado infantil, outras até podem ter gostado. Mas a verdade é que, para ter sucesso, necessita de agradar a gregos e a troianos. Foi exatamente isso que Luís de Matos conseguiu fazer.

Luís de Matos. Provavelmente, quando pensam em magia, o primeiro nome que vos vem à cabeça é este mesmo. Luís é um dos mais premiados mágicos portugueses, tendo sido já distinguido três vezes pela Academia de Artes Mágicas de Hollywood e o mais jovem mágico a receber o Devant Award, do The Magic Circle.

Artigo revisto por Mariana Coelho

AUTORIA

+ artigos