Cinema e Televisão

Rocky: Uma série de murros bem dados?

É um daqueles filmes que foi quase esmagado pelo sucesso. Deu uma carreira a Stallone, mas fica longe de ser um grande filme.

Conta-se que Sylvester Stallone escreveu o guião de Rocky em três dias e meio, depois de ter assistido ao combate entre Ali e Wepner. Mas o que fez Balboa? Tirou Stallone da pobreza, revolucionou o filme de ação ou deu à sociedade americana uma “febre” pelo boxe? É muito jargão. Talvez exagerado. As histórias da cultura pop tendem sempre a resvalar para a mitificação: é o poder das massas.

Balboa é um pugilista de Filadélfia bondoso, mas falhado, que vive com poucas oportunidades de vingar no mundo do boxe. Tudo muda quando lhe é proposta uma improvável luta pelo título mundial. Uma bela estória americana de superação. Quem não gosta de ver um falhado finalmente vencer? Essa não é a única premissa do filme, mas não deixa de ser o seu grande fio condutor.

Rocky é um pouco mais do que as suas célebres sequências de murros bem dados. Há ali uma exploração do contexto familiar, sem esquecer o tema da pobreza na América – tema esse que é muitas vezes maquilhado em Hollywood. Isto é explorado, mas acaba por não ser desenvolvido a fundo, o que se reflete na personagem de Stallone, acabando por deixá-la incompleta e com falhas que impedem o filme de “ir para outros voos”.

Um jovem Stallone em Rocky. Fonte: Amazon

Há momentos muito bem conseguidos: a corrida nos degraus da entrada do museu de arte de Filadélfia é parte do imaginário de várias gerações. Ou o treino de Balboa, ao frio, entre pedaços de carne de um matadouro. Aí não falta o “piscar de olhos” à associação de embaladores de carne da Pensilvânia, de forma a autenticar, ainda mais, o “doloroso” treino de um pugilista vindo do zero.

As cenas dentro do ringue são também bem conseguidas. Transpiram esforço e dedicação; não têm o “impacto monumental” de Touro Enraivecido, de Scorsese, mas não deixam de ser uma demonstração ardilosa de “boa porrada”, transmitida da forma certa.

Ganhou três óscares, incluindo o de melhor filme e o de melhor realizador para John G. Avildsen. Foi o filme de 1976 mais visto, com um orçamento ligeiramente superior a um milhão de dólares, gerando mais de 220 milhões de dólares em bilheteira. Deu fama e carreira a Sylvester Stallone. Vimo-lo em duas franquias de um absurdo rendimento financeiro: Rocky e Rambo. Apesar do sucesso, acaba por não ser um grande filme, mas é apelativo o suficiente para merecer duas horas do nosso tempo.

Artigo redigido por Luís Carvalho

Artigo revisto por Beatriz Campos

Fonte da imagem de destaque: Amazon

AUTORIA

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Olá, sou o Luís, tenho 27 anos e nasci em Cascais. Vivo desde, quase sempre, em Sintra e sinto-me um Sintrense de gema.  Adoro cinema - bem, adorar não é a palavra adequada, venerar parece-me um adjetivo mais justo -  e sou também obcecado por política e relações internacionais. Gosto também muito de desporto.