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Shadow and Bone: e se a escuridão fosse um lugar?

Peculiar e singular. Talvez estas duas palavras definam bem a mais recente série de fantasia da Netflix. Para alguns, “deixou muito a desejar”; para outros, já é uma série candidata ao mundo de Game of Thrones. A trama é inspirada em livros da trilogia Grisha, de Leigh Bardugo, e nas suas continuações, Six Of Crowns e King of Scars. E quem não leu estas obras literárias, à semelhança de mim, vai sentir que foi atirado para dentro de um caldeirão cheio de nomes esquisitos, lugares complexos e histórias confusas. Grishas? Dois mundos separados por uma faixa de escuridão? Quem são os corvos, mesmo, e em que lado do mundo estão? 

A premissa baseia-se numa personagem feminina órfã, Alina Starkov (Jessie Mei): uma humilde cartógrafa que conta apenas com o seu melhor amigo, Mal Orestev (Archie Renaux), pelo qual é secretamente apaixonada. Ambos vivem no reino de Ravka inspirado na Rússia Imperiale fazem parte do primeiro exército. Aquando de uma viagem para a “faixa de escuridão” ou “dobra” – um local onde monstros desconhecidos habitam e que divide Ravka em dois –, algo terrível acontece a Mal e, no desespero de salvar o melhor amigo, Alina descobre que é muito mais do que apenas uma simples órfã de Keramzin. 

Numa nação dividida e dilacerada, Alina pode ser a única esperança e a “luz ao fundo do túnel”. 

Neste universo, a jovem cartógrafa integra várias peripécias e junta-se a personagens cativantes. Um dos exemplos são os Grisha: pessoas que nasceram com os dons de controlar a pequena ciência e de manipular certos elementos (como a água e o fogo, por exemplo). Todos os Grisha vivem no reino de Ravka Ocidental e fazem parte do segundo exército, comandado pelo sedutor, mas perigoso, General Kirigan (ou Darkling, como é conhecido nos livros de Leigh Bardugo). 

Kirigan e Alina

Kirigan, que tem o poder das sombras negras, e Alina, num dos momentos épicos da série.
Fonte: Netflix

Já no Primeiro Exército conhecemos pessoas normais e comuns, com uma clara “rivalidade” com os Grisha, que lutam e trabalham em conjunto para conseguir entrar na faixa de escuridão e vencer os monstros que nela habitam. 


No outro lado do mundo, encontramos um trio maravilhoso de criminosos profissionais: os “Corvos” um grupo composto por Kaz (Freddy Carter), Jesper (Kit Young) e Inej (Amita Suman), três personagens que, apesar de extremamente diferentes, encaixam bem e dinamizam perspicazmente esta trama com várias aventuras e desventuras, bem como com um certo humor.


E com apenas oito episódios, Eric Heisserer, criador deste universo, consegue proporcionar outras histórias aos espectadores – como a de Matthias Helvar, de Fjerda, e Nina Zenik, por exemplo. Pessoalmente, deixou-me expectante e “com a pulga atrás da orelha”, por trazer uma impossível história de amor e por a ter desenvolvido de uma forma muito superficial.

O trio Corvos. Da esquerda para a direita: Jesper, Inej e Kaz.

O trio Corvos. Da esquerda para a direita: Jesper, Inej e Kaz.
Fonte: CinePop

Como amante de longa data de fantasia, não poderia deixar de assistir a este novo mundo, por mais confuso que fosse. Para além disso, este universo veio com a promessa de ter o mesmo sucesso de Game of Thrones, uma vez que ambas as histórias prometem fantasia conjugada com a realidade e, acima de tudo, ambas têm vários enredos dentro de uma só trama. E o ingrediente chave: a magia. 


Mas é exatamente pela sua identidade que Shadow and Bone peca. Ainda que o criador consiga cruzar e fazer uma mistura interessante com todas as tramas que vai construindo, acaba por deixar algumas pontas soltas e muitos detalhes essenciais por explorar. Em breves deslizes de Eric, acaba por haver uma sensação de apressamento em algumas cenas e não um desenrolar leve, com tudo a acontecer na sua devida altura e a levar o tempo necessário.


Ainda assim, curiosamente, o criador sabe como controlar e tirar o melhor do arco de cada protagonista e coadjuvante. No final, muito provavelmente, já vais ter uma personagem com a qual te identificas mais. 

Mal e Alina

Mal e Alina, com uma química inegável no primeiro episódio da primeira temporada.

Fonte: CinePop

Sombra e Ossos é uma excelente adição ao catálogo da Netflix. É composta por personagens encantadoras e tramas que, acima de tudo, colam qualquer um ao ecrã. Agora que os exames ainda estão longe, aproveita para procrastinar um pouco e entra neste mundo onde a escuridão se pode tornar invencível.

Fonte da capa: Netflix

Artigo revisto por Andreia Custódio

AUTORIA

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Com 19 anos de vida, Ana alia a sua paixão por animais, fotografia e música ao mundo da comunicação. Sempre gostou de contar histórias, de escrever, de ler e ainda arranjava espaço para falar pelos cotovelos. Criativa, determinada e sempre disposta a ajudar o outro, a Ana vê no jornalismo o privilégio de poder conectar o mundo e as pessoas.