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The Death and Life of Marsha P. Johnson – Recordar a “mãe” da comunidade queer

Em 2017, chegou à Netflix o documentário Death and Life of Marsha P. Johnson, uma obra realizada por David France. A história acompanha Victoria Cruz, que investiga a morte misteriosa da ativista transexual Marsha P. Johnson. 

A narrativa ganha forma através de momentos históricos da comunidade LGBTQIA+ e de entrevistas arquivadas de ativistas queer. No presente, a investigadora conversa com a família e os amigos de Marsha P. Johnson, procurando esclarecer o mistério que envolve a sua morte.

“Foi uma travesti que morreu recentemente”, “era uma grande ativista” e “ainda não sabemos ao certo como morreu” são as frases que dão início ao documentário, e que se referem à veterana das manifestações de Stonewall, Marsha P. Johnson. A personalidade de referência na luta pela igualdade de direitos para a comunidade LGBTQIA+ foi encontrada morta no dia 6 de julho de 1992, no rio Hudson.

A tragédia abalou a comunidade queer de Nova Iorque, que nessa época já sofria de uma série de ataques discriminatórios, nomeadamente entre pessoas transexuais. Atualmente, Victoria Cruz trabalha para ajudar pessoas queer que necessitam de qualquer tipo de auxílio, quer seja a nível financeiro, económico, jurídico, psicológico, familiar ou habitacional.

Fonte: IMDb

Há que destacar a presença de Sylvia Rivera ao longo do documentário. Os depoimentos da também veterana de Stonewall trazem à memória o momento da revolta da comunidade queer, sem esquecer as injustas agressões policiais sofridas por aqueles que se “vestiam de mulher”, algo considerado ilegal antes de 1969.

“Star House” foi uma família criada por Johnson e Rivera em 1970 e que durou até 1973. As duas “irmãs” uniram esforços para resgatar pessoas queer das ruas, oferecendo-lhes teto, comida, conforto, compreensão e, acima de tudo, amor. Tendo em conta que esta era uma comunidade rejeitada pelo resto da sociedade, a criação de ambientes como estes era fundamental para a união e força LGBTQIA+ da época.

Num ambiente completamente oposto a este, o documentário apresenta ainda uma época em que a própria Sylvia Rivera sobrevivia sem abrigo, nos subúrbios de Manhattan. Este momento demonstra as dificuldades sentidas pelos membros da comunidade queer na altura, que, muitas vezes, eram impedidos de trabalhar ou ter acesso a uma habitação social, por exemplo.

A cena mais emotiva do documentário é, sem dúvida, quando Sylvia recorda o episódio em que Marsha a salvou de uma tentativa de suicídio. “Levei 60 pontos no braço”, relembra a ativista, agradecendo à sua companheira que afirma estar “sempre presente em espírito” em todas as marchas queer. Não fosse, afinal, Johnson considerada a “mãe” da comunidade LGBTQIA+.

Fonte: IMDb

Por sua vez, o caso de Victoria Cruz enfrenta relatos contraditórios e memórias “apagadas”. Depois de tentar contactar os polícias responsáveis por investigar a morte de Marsha P. Johnson, a Cruz percebeu que nenhum dos envolvidos estava disposto a colaborar. 

No entanto, as entrevistas com familiares, amigos e conhecidos da ativista acabaram por conduzir a investigação para teorias que envolviam a máfia presente em Nova Iorque. Cruz acabou por ter acesso aos documentos da autópsia realizada ao corpo de Johnson em 1992. As informações partilhadas confirmavam que não existiam quaisquer indícios ou provas de homicídio, mas isso não significava que a morte da ativista não estivesse envolvida num cenário de crime. A verdade é que a investigação não seguiu em frente e os factos verídicos sobre a tragédia nunca foram apurados.

Fonte: IMDb

Death and Life of Marsha P. Johnson recorda a vida marcada por luta e sacrifício daquela que é considerada a “mãe” do movimento pela igualdade de direitos das pessoas LGBTQIA+. A obra faz jus ao nome e, por isso, mergulha no mistério que envolve a morte da ativista. O contexto histórico da comunidade queer, no entanto, nunca é esquecido. Serve de bandeira para relembrar todas as dificuldades sentidas pelos seus membros até hoje, sendo que continuam a lutar por um futuro mais inclusivo.

Fonte da capa: IMDb

Artigo revisto por Carolina Rodrigues

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Perdidamente apaixonado pelo mundo do audiovisual. Adora procrastinar: ficar em casa, enrolado em mantas com uma caneca quentinha de chá enquanto vê um filme ou uma série é o seu passatempo preferido. Apesar de ser tímido, é através das palavras que consegue exprimir os seus pensamentos.