Literatura

Uma livraria cheia de magia

Na Rua Garrett, no coração da Baixa de Lisboa, está plantada uma das mais antigas livrarias de Lisboa. Talvez vista de fora pareça apenas mais uma das muitas lojas da cadeia Bertrand; mas, assim que passamos o arco da entrada, abre-se à nossa frente um mundo imenso de livros para explorar.

Livraria 1

A Bertrand do Chiado foi fundada por Pedro Faure em 1732. Muito pode ter mudado nos últimos trezentos anos, mas certamente não o encanto que continua a ter em quem a visita para procurar novas histórias. À entrada encontramos o “Cantinho do Aquilino”, em homenagem ao escritor Aquilino Ribeiro, falecido em 1963, que era cliente assíduo da livraria. Depois, abrindo-se em várias galerias consecutivas, oferece-nos prateleiras e mais prateleiras de livros, uns mais populares, outros mais intelectuais, alguns autênticos tesouros desconhecidos. Temos também revistas, numa zona que se assemelha mais a uma papelaria, e por fim a zona das crianças, onde os mais pequenos se podem “perder”. Aí, um espelho quase do tamanho da parede dá-nos ao entrar a impressão de que a loja não acaba.

“O facto de não ser num centro comercial, a parte histórica, ser muito grande, tudo isso a torna muito apelativa”, explica Carolina Barbosa, estudante de 19 anos que frequenta regularmente a livraria. “O que mais me fascina é parecer uma biblioteca. Sentimo-nos rodeados de livros”.

E de facto, a sua história contribui em muito para o encanto que lhe é conhecido; quando pisamos o seu chão sabemos que o mesmo foi pisado por escritores como Fernando Namora, Vergílio Ferreira, Alexandre Herculano, Eça de Queirós, Antero de Quental e Ramalho Ortigão, entre muitos outros. Em 1876, suicidou-se na livraria o político José Fontana, defensor das classes trabalhadoras, e que aí tinha sido empregado. Temos também a história da viúva, sempre vestida de seda preta, que no séc. XVIII geriu a livraria após a morte do marido.

Livraria 2

A Bertrand do Chiado está aberta há 283 anos, sem nunca deixar de apelar ao coração dos leitores. Isto tem-lhe valido estatutos como o de “livraria preferida” de Lisboa, como apurou a APEL em 2013, ou o de “mais antiga livraria em actividade”, que lhe valeu a entrada para o Guinness Book of World Records em 2011. É definitivamente um marco de Lisboa, e aqueles que tenham oportunidade de a visitar não a devem perder. São uns prometidos minutos (advertência: transformam-se facilmente em horas) de prazer.

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