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CASUAR: O Jogo Ainda Agora Começou

8 de abril. Sexta-feira à noite. O Clube Lusitano, em Alfama, enche-se de pessoas. Na sala, as pessoas sentam-se no chão, preparadas para assistir à apresentação de “Game Over”, o primeiro álbum de CASUAR:, o projecto a solo de Rui Rodrigues. Sim, as pessoas estão sentadas no chão como se faz quando estás em casa com os amigos. Porque foi assim que a sala se compôs: cheia de amigos, para celebrar. Ele diz que o jogo acabou, mas, para nós, é só o início.

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Porque só um instrumento não chega
Quando conheci o Rui só sabia que ele era guitarrista de uma banda pop. Não sabia mais nada sobre ele. Dias depois descobri que apelidar o Rui de guitarrista era algo extremamente redutor. O Rui não é só guitarrista — e espero que ele me perdoe por, um dia, ter achado que ele era só isso! No projecto CASUAR:, Rui é multi-instrumentista e usa o conceito de live looping — grava vários instrumentos em tempo real, camada a camada — para criar a sua música.

No currículo, Rui Rodrigues tem bandas como Dazkarieh, Donna Maria e, mais recentemente, D.A.M.A. Além disso, como CASUAR:, venceu o CambraFest, participou no EDP Live Bands, no NOS Live Act e no Sziget e chegou a actuar no NOS Alive. Se isto vos parece pouco, digo-vos já que o tema “Monotonia” fez parte da compilação Novos Talentos Fnac, em 2015.

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No formato one man band, CASUAR: canta, toca e grava todos os seus instrumentos. Mas, para apresentar o primeiro álbum, decidiu que não fazia sentido fazê-lo sozinho. Para isso, decidiu convidar amigos igualmente talentosos para lhe fazer companhia: Nuno Henriques e Pedro Sacchetti (For Pete Sake), Vasco Casais e Joana Negrão (Dazkarieh), Joana Margaça (Uxukalhus), Daniela Varela (Flor-de-Lis), Fred Gracias, Guilherme Silva, João Martins de Almeida, Francesco Meoli, André Dias e Miguel Cristovinho (D.A.M.A).

Posso garantir-vos já que o CASUAR não precisava de ninguém a acompanhá-lo: o talento e a qualidade são mais do que suficientes para um espectáculo bem conseguido e memorável. Mas, como diria o Barney Stinson, personagem da série How I Met Your Mother, “nada é lendário se os teus amigos não estiverem lá para ver”. E acho que posso garantir que a noite foi memorável.

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Miguel Cristovinho, dos D.A.M.A, foi um dos convidados da noite

Para Rui, a presença dos amigos foi um dos factores que determinou o sucesso da noite. Apesar de haver alguma pressão no facto de haver pessoas conhecidas a avaliar o seu trabalho, Rui admite que, mesmo estando “mais exposto”, ter ali aquelas caras conhecidas lhe deu “um certo calor”, tal como nos confessou.

A boa receção do público estende-se também aos amigos. Miguel Cristovinho, amigo e colega de outras andanças, realça o facto de a música de CASUAR: ser “uma música muito procurada, especialmente em festivais como o [NOS] Alive”. João Martins de Almeida, também amigo e colega dos D.A.M.A, destaca o facto de o CASUAR: ser “um músico de mão cheia”.

Esse é, provavelmente, o maior motivo de sucesso desta one man band. As músicas impecavelmente construídas, as letras em português, a singularidade de um projecto que tem tudo para dar cartas…

O Miguel Cristovinho dizia-me que “quanto mais ele [CASUAR:] se dedicar, mais as pessoas vão apreciar o valor dele porque ele tem muito”. Eu não podia estar mais de acordo. Desde o dia em que ouvi pela primeira o tema “Monotonia” que soube que só podia felicitar o Rui pelo projecto que está a desenvolver.

Muitas vezes, as pessoas não reparam na música de qualidade que se vai fazendo por cá. Game Over, que poderão encontrar à venda em breve, é a prova de que um homem e uns quantos instrumentos conseguem ser mais do que suficientes para fazer música incrível. Quanto a vocês não sei mas, para mim, a seguir a um “game over” vem sempre um “play again”.

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