Cinema e Televisão, Editorias

Cinco filmes que estrearam nas férias

O verão é por norma época para fazer as grandes maratonas de cinema que todos adoramos – seja para rever sagas das quais somos fãs, seja para nos encantarmos com novos universos. O verão de 2016 deu poder a histórias esquecidas (“Caça-Fantasmas”, “À procura de Dory”) e revelou outras que talvez não nos seja possível esquecer tão cedo (“Esquadrão Suicida”).

Caça-Fantasmas
Trinta anos depois do original Caça-Fantasmas, o realizador Paul Feig deu vida ao tão famoso franchise sobrenatural. O mais recente Caça-Fantasmas consegue ser hilariante à sua maneira, ainda que se mantenha fiel ao universo original. No elenco contamos com alguns dos atores que mais têm feito rir o público em Hollywood na última década – Melissa McCarthy, Leslie Jones, Kristen Wiig, Kate McKinnon e Chris Hemsworth. Os fãs mais acesos da saga poderão “torcer o nariz” ao novo elenco, que é composto maioritariamente por mulheres, mas a verdade é que os anos 80 já lá vão e o cinema hoje em dia tem lugar para a diversidade – neste caso, Caça-Fantasmas demonstra que quatro mulheres são bem capazes de salvar o mundo.

Mestres da Ilusão 2
Depois de em 2013 nos ter sido apresentado o caricato grupo de ilusionistas com um vincado sentido de justiça, Mestres da Ilusão volta com um enredo muito mais ambicioso. Se o primeiro filme tinha conseguido de forma eficaz transmitir o mistério do ilusionismo, a sua sequela revelou ser muito pobre nessa mesma execução, tornando-se apenas numa grande confusão. De volta com o seu “espírito de Robin Hood”, o grupo compromete-se a apanhar um verdadeiro “mauzão” da tecnologia, mas o interesse na narrativa vai-se perdendo ao longo do filme. Mestres da Ilusão 2 é um bom exemplo de que nem sempre um sucesso razoável justifica uma sequela.

Estado Livre de Jones
O drama de caráter biográfico protagonizado por Matthew McConaughey pretende de novo “colocar o dedo na ferida” no que toca à questão da escravatura nos Estados Unidos da América. Durante a Guerra Civil, o camponês Newt Knight decide juntar forças com outros camponeses e escravos locais, de forma a fazer frente à Confederação. A produção e edição do filme são excelentes, bem como a fotografia e a banda sonora, que foi produzida de raiz para o filme. Ainda assim, a narrativa de Estado Livre de Jones apresenta lacunas e não consegue desprender-se do típico “herói branco americano”, roubando atenção ao verdadeiro problema da escravatura.

A Lenda de Tarzan
A história pretende retratar o que acontece a Tarzan (Alexander Skarsgård) depois de se adaptar à vida na cidade com a sua mulher, Jane (Margot Robbie). De volta à selva com uma missão diplomática, Tarzan vê-se envolto em jogos de poder e ganância típicos da raça humana. A Lenda de Tarzan perdeu a vertente cómica dos seus predecessores e mostra-se mais como uma aventura épica com uma narrativa dramática que, embora possa não ficar para a história, entretém o suficiente.

The Neon Demon – O Demónio de Néon
Do realizador que nos trouxe o envolvente Drive – Risco Duplo e o absolutamente estranho Só Deus Perdoa, chega-nos O Demónio de Néon. O filme pretende ser uma representação do mundo ingrato da Moda, com críticas à forma como as mulheres são vistas e aos padrões de beleza, mas acaba por ser apenas uma reflexão pessoal (e extravagante) do realizador que, nos créditos finais, dedica o filme à mulher. O Demónio de Néon é um filme que nos deixa a pensar: “O que raio foi isto?”, mas não no bom sentido. O final é incrivelmente bizarro e, ainda assim, consegue ser a parte mais bem conseguida do filme. Visualmente não há nada que se possa apontar – mas são sensivelmente duas horas de filme onde ainda que exista alguma substância, não há absolutamente nenhum conteúdo.

Sem grandes surpresas, o verão de 2016 no cinema cumpriu com as expectativas – sólidos filmes de animação, comédias originais, ficção científica de classe e ainda o típico filme que “não foi bom nem foi mau, viu-se”. No entanto, sente-se a falta de um grande sucesso de bilheteira, de um filme de que todos falem até ao Natal. Bem, talvez para o ano…

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