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17 anos depois: o regresso dos American Football

Imagino que se estejam a questionar sobre se esta banda realmente lançou o último álbum há 17 anos. Sim. E foi o primeiro álbum deles. Passados todos estes anos, o grupo decidiu juntar-se e recordar a experiência de gravar um álbum, mas agora com uma maturidade que os fez escrever os temas numa perspetiva diferente.

Inicialmente, eram três os elementos que faziam parte dos American Football: o guitarrista, baixista e vocalista Mike Kinsella, o baterista Steve Lemos, e o guitarrista Steve Holmes; porém, com o regresso deles, acolheram ainda o baixista Nate, primo do vocalista.

Quando a banda foi criada, o propósito não era ficarem mundialmente famosos, nem toda a gente gostar das suas canções. E a verdade é que tal não aconteceu. Os temas da banda são extremamente melodramáticos, com influências de emo, punk e rock, e apenas os apreciadores destes estilos lhes dão mérito. Na verdade, o grupo pretendia ser diferente, e defende até que os temas que escrevem são sobre sentimentos sinceros, e não algo que sirva apenas para agradar à maioria dos ouvintes.

Um ano depois do lançamento do primeiro homónimo, em 2000, decidiram separar-se. Este destino parecia certo, contando com o facto de que eram uma banda que se formou na universidade. Com o término das aulas, os diferentes membros seguiram cada um para o seu lado.

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Em 2014, reencontraram-se e, inicialmente num tom de brincadeira, pensaram “e se gravássemos outro álbum?”. Felizmente, solidificaram esta ideia, e no passado dia 21 de outubro lançaram o seu segundo homónimo. Quais são as diferenças? À primeira vista, parece tudo muito semelhante – título, estilo, lírico, banda – mas os apreciadores notarão uma evolução e maturidade em cada um dos elementos originais da banda.

Em entrevista, o vocalista afirmou que as letras deste álbum são mais sinceras, no sentido em que são retratados problemas mais reais e relacionados com pessoas mais adultas, contrariamente às questões retratas no primeiro álbum, escritas por três jovens universitários com imensas dúvidas sobre a vida.

O grupo ficou um pouco reticente com o lançamento do álbum e com a receção que teria, mas não se deixou abalar por estas dúvidas; afirmam que fizeram aquilo de que gostam. Tal como é normal, o público ficou dividido, porém os verdadeiros fãs apoiaram a banda e ficaram realmente felizes com este novo álbum. Muitos, apesar de gostarem do segundo álbum, continuam a preferir o primeiro, pois veem muita repetição no segundo homónimo do grupo.

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O álbum é constituído por nove temas, e confesso que é me difícil escolher algum que sobressaia. Não por achar que sejam medianos, mas sim por criarem todos uma ligação entre si que nos faz começar a ouvir o álbum e entrar no mundo deles até à última canção. Esta melancolia, com uma mistura de serenidade e dramatismo, tem um efeito de nos deixar presos até ao final.
Especialmente para os fãs, a banda já referiu em entrevistas recentes que estava a ponderar escrever um terceiro álbum, e agora com menos tempo de espera. Afirmam que não querem depositar essa pressão neles próprios, mas que é uma ideia que agrada a todos. Pessoalmente, espero que venha um terceiro álbum a caminho, com um novo título, mas não quero pressionar.

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