Os videojogos invadiram Lisboa
Jogos, jogos, e mais jogos: Esta foi uma semana de sonho para qualquer gamer português. Entre 6 e 12 de Novembro, Lisboa foi palco de dois extraordinários eventos: a Lisboa Games Week e a Lisbon Game Conference.
Lisboa Games Week
O primeiro evento decorreu na FIL entre os dias 6 e 9 deste mês: uma convenção de videojogos, tecnologia e entretenimento, que contou com variadas exposições jogáveis, desde as consolas mais velhinhas, como a Spectrum e Commodore Amiga, até à Playstation4, Xbox One e Wii U, passando por simuladores cujos modos de jogar envolviam muito mais do que um simples comando.
Na Lisboa Games Week encontravam-se as grandes apostas da Sony e da Microsoft, jogos que na sua maioria ainda não se encontra(va)m à venda, tais como PES2015, The Order: 1886, Bloodborne, Until Dawn e Destiny, cujas análises seriam demasiado extensas e infundamentadas para as apresentarmos aqui, e Mortal Kombat X,que, a seis meses do seu lançamento, já deixou os visitantes desta feira de videojogos com água na boca, tal foi a aposta na qualidade dos gráficos e a viciante variedade de personagens a explorar.
Torneios, youtubers e conferências
Tiveram também lugar torneios diários de Mario Kart 8 e Super Smash Bros para a Nintendo Wii U, mas também Drive Club para a PS4, Forza 5 para a Xbox One e Fifa15 para ambas. Mais a sério, bem mais a sério, foram os torneios de League of Legends e Counter-Strike Global Offensive, realizados pela ASUS Republic of Gamers (ROG), para os quais haviam prémios de arregalar os olhos.
Encontravam-se também à nossa disposição os populares jogos de cartas Pokémon e Magic: The Gathering, e jogos de miniaturas e tabuleiros, nos quais era possível defrontar outros participantes, ou, em alguns casos, assistir a demonstrações. Os concursos de cosplay decorreram nos últimos dois dias.
Outra das atracções destes dias de vício eletrónico foi a presença de oito youtubers do mundo do gaming, que se encontraram disponíveis para dar autógrafos e tirar fotografias com os seus fãs.
Houve, ao longo dos quatro dias, além de toda esta diversão, apresentações de inúmeras empresas portuguesas do ramo, bem como duas conferências com os temas “As feiras internacionais de videojogos” e “Portugal a fazer história nos videojogos”.
Se estas conferências te cativaram, não pares de ler – o Lisbon Game Conference é o evento que procuras.
Lisbon Game Conference
Foi nos dias 11 e 12 que decorreu a Lisbon Game Conference, no Grande Auditório do ISCTE-IUL. A quem se destinava? A todos os apreciadores de videojogos, mas essencialmente àqueles que os fazem, ou tencionam vir a fazê-los.
O primeiro dia
No primeiro dia decorreram as apresentações das empresas portuguesasMiniclip, Bica Studios e RaindanceLx, bem como uma apresentação sobre Game Jams – não sabes o que são? Resumidamente, Game Jams são encontros de game developers com o objectivo de trabalharem em conjunto para realizarem um jogo num curto espaço de tempo, como 24 ou 48 horas. Mais tarde, foi possível presenciar um debate sobre os prós e contras dos videojogos e sobre as mulheres e os mesmos, dois workshops, um de Modelação 3D, ministrado pelo Miguel Dias, e outro de Animação, apresentado pela Marta Lebre, a animadora da nova série Nutriventures. No debate já mencionado, foram, a título de exemplo, referidas ideias como a de que a questão do género é meramente uma questão de hábito que enraizámos desde pequenos. A personagem Lara Croft ajudou a romper barreiras neste campo, na medida em que, por ser inspirada numa personagem atraente, cativou o público masculino, e, ao mesmo tempo, surtiu o mesmo efeito no público feminino, por ser uma mulher a protagonista do jogo Tomb Raider, conferindo às gamers uma maior identificação com o que estavam a fazer. A propósito, Rita Espanha afirma, com base em dados de 2008, que a mudança nos estilos de jogos ajudou bastante a aumentar o número de mulheres nos videojogos.
Para terminar em grande o dia, visualizou-se o filme Indie Game: The Movie, um documentário que nos mostra as peripécias dos indie game developers, o processo de criação dos jogos e os problemas que enfrentam para os conseguirem lançar.
Um dos destaques do evento foi o passatempo lançado a todos os presentes. Os alunos do ISCTE responsáveis pela organização desenvolveram uma aplicação no site do evento que nos permitia registar e, no processo, escolher um tipo de personagem – Wizard, Warrior ou Rogue – e, consoante o escolhido, a forma como se ganharia pontos mudaria. Ganhar pontos? Sim, os participantes jogavam uns contra os outros, em equipas, e os pontos eram obtidos de cada vez que registavam códigos e resolviam Quests, códigos esses obtidos no final das apresentações, painéis e workshops. Original, certo?
O segundo dia
Na quarta-feira, continuaram as apresentações, com a presença de oradores em representação da MEO, Samsung e Microsoft, bem como das empresas de videojogos portuguesas Biodroid e Immersive Douro. Houve neste dia dois painéis, um com a temática “Principais motivações e dificuldades em criar startups de videojogos” e outro onde foram debatidas as temáticas “Indie VS Comercial” e “Futuro dos videojogos”. Podemos destacar algumas ideias que foram expostas, como a de que “em Portugal existe talento, mas é importante o apoio das grandes multinacionais para entrar no grande mercado”, opinião do orador Rogério Ribeiro da Gamestudio78. Já Nuno Barreto, game developer da Titan Forged Games, considerou que Portugal é péssimo a exportar entretenimento, embora destaque efusivamente que, só no passado ano, abriram mais empresas de videojogos que nos últimos trinta. Trabalhar em jogos enquanto se estuda? Rogério Ribeiro foi perentório: “Comecem já, esqueçam as burocracias. Criem a equipa, descubram as pessoas com quem resulta trabalharem e sejam profissionais sem pensarem já em fundar uma empresa”. Nuno Barreto complementa este tópico com humor, afirmando que se tivessem fundado a empresa (Titan Forged Games) quando começaram a fazer o Slinki, já teriam por esta altura falido três vezes.
Houve ainda tempo por parte dos presentes para aprenderem um pouco mais com osworkshops “Game Design”, do orador Filipe Pina, e “Desenvolvimento de Jogos”, apresentado por Tiago Freitas e Tiago Franco. Foram também abordados os projetos Fluxo e Gestual Life, desenvolvidos por alunos do ISCTE, um jogo pedagógico sobre o Sistema Circulatório e um jogo educativo de Língua Gestual Portuguesa, respectivamente.
As empresas representadas na LGC tinham ainda stands montados no exterior do auditório, onde poderíamos experimentar os seus últimos projectos.
No final, foram entregues os prémios aos sortudos, ou melhor dizendo, aos mais empenhados, que conseguiram a pontuação mais alta na aplicação do evento, que é como quem diz uma bela de uma Playstation4!
Conclusão
Em poucos anos, presenciei a exposição GameOn Lisboa e a popularização das Lan Parties, em particular a Meo XLParty. Agora, estes dois eventos. Só posso concluir que se prevê um futuro risonho para os fãs desta tão completa arte, sejam jogadores, sejam produtores. Os videojogos deixaram de ser uma coisa para crianças e são cada vez mais um universo não só aceite, como também admirado. Nós agradecemos.
AUTORIA
Com 18 anos de idade é aluno da ESCS e frequenta o 1º ano do Curso de AM. Fez o secundário na ES Miguel Torga, após uma passagem de nove anos pelo CSJ - Ramalhão.
Considera-se um diletante, maneira simpática de dizer criativo com apetência para a preguiça, e ambiciona envergar pelo desenvolvimento de videojogos.
Nos tempos livres põe em prática o gosto pela produção musical e pela escrita. É péssimo a gerir o seu tempo mas não resiste a juntar-se a 1001 projectos, dos quais não podia faltar a aliciante ESCS magazine!
É praticante federado de esgrima (sabre) e adepto fervoroso do Sporting CP!
Celebra o seu aniversário no dia 12 de Junho e está a aceitar prendas. Canetas em riste, en garde!