Editorias, Opinião

Resoluções de Ano Novo

2015 já lá vai. Comeste supersticiosamente as famosas doze passas no rigor da vigésima quarta hora e as resoluções estavam já escritas numa folhinha de papel. Respira fundo, já está, feito – já arderam as 365 páginas do livro. Não acredito em milagres de Ano Novo, não acredito em vidas novas alcançadas durante brindes de champanhe. Ainda assim, é inegável que a mudança de ano civil seja um instrumento de motivação útil e muito usado. Pena é que os anos sejam tão longos, talvez, se celebrássemos a mudança de 15 em 15 dias, as coisas corressem um pouco melhor.

Leitor, és daqueles que planeia mudar radicalmente a sua vida no primeiro de Janeiro e que, contudo, se resigna com a derrota, quando ainda nem às férias de verão chegámos? Então, talvez este artigo te dê o empurrão de que precisas para que 2016 seja o TEU ano.

O começo da mudança
Por onde começar? Fácil. Enumera os teus objetivos para este ano. Começa por listar os objetivos mais importantes e/ou mais vagos. Ter bons resultados académicos? Estar em forma? Aprender a tocar um instrumento? Entre múltiplas opções que possam constar na vossa lista, deverão ser formulados assim os vossos primeiros desejos. Agora, especifica aquilo que queres. Um 13? 14? 15? 16? 17? 18? Qual é para ti a definição de bom resultado? Regista-o, como meta a alcançar. O que é para ti estar em forma? Perder 5 kg? 10kg? Ganhar força de braços? Abdominais? Define objetivos concretos, mas não te limites – se o teu objetivo é tirar 15, e andas mais numa de 12/13, começa por colocar 14. Deixa também o 15, e ainda o 16 na lista. Assim, quando superares o primeiro degrau, vais sentir que estás mais perto de lá chegar e não necessariamente que estás a falhar. Quando atingires o teu objetivo, convém teres algo pelo qual lutar a seguir, por isso relembra-te de deixar em aberto a possibilidade de superares aqueles que são os teus alvos iniciais. Isto aplica-se a tudo. Ser realista é ótimo, mas a ambição só te vai ajudar.

Cuidado, contudo, com a lista de objetivos: se para alguns ter muitos objetivos dá-lhes margem de manobra para, no caso de falharem algum, terem sempre outros que lhes façam sentir que o ano correu bem, há quem se sinta sufocado e baralhado com muitas ideias ao mesmo tempo, desistindo mais facilmente por nem saber por onde começar. Organiza-te consoante o que funcionar melhor contigo.


Estabelecer horários e/ou rotinas

Falar não basta. Querer todos queremos, e, se queres realmente que as coisas funcionem, vais ter de trabalhar. As doses do que fazes e as rotinas que estabeleces variam consoante os teus objetivos e disponibilidades, mas, ainda assim, elas têm sempre de existir. Normalmente, o pior é começar. Dou mais uma vez os estudos e o desporto como exemplo, porque são os pecados habituais a combater (a falta de, entenda-se). Estudar aquela matéria de que não percebes nada é frustrante. Começar a correr quando passado uma volta ao parque estás de rastos e a jurar para nunca mais, ou ir ao ginásio só para te relembrares do quão franganote és, são sentimentos comuns a muita gente. Mas hey, todos começaram mais ou menos por aí, certo? Assumires as tuas dificuldades é o primeiro passo. O segundo é saberes do que precisas para progredires. O terceiro é estabelecer rotinas. Dias específicos (não funciono bem com horários, pessoalmente) aos quais irás sempre treinar x coisa, sejam estudos, seja desporto, seja teres tempo para uma arte que queiras desenvolver. Organiza-te de forma que as coisas tenham resultados visíveis (e não apenas para a tua consciência se sentir bem) e de forma a que não se torne aborrecido e desagradável – importante: não confundir com preguiça. Além disso, podes e deves ir anotando o teu progresso ou ir definindo pequenas metas que, não sendo o teu objetivo final, te ajudam a estar motivado e concentrado.

Nem todo o objetivo é um sacrifício (!!!)
A tua lista de objetivos para 2016 pode e deve incluir diversão. Se nunca visitaste o Porto e era algo que querias bastante, mas que acabas sempre por deixar passar por desleixo, porque não anotares isso? Sugere um mês inclusive, talvez assim sintas que é mais real e prepares tudo com mais antecedência. Ir a festivais de música, fazer um interrail, ir ao estádio de futebol do teu clube favorito ou qualquer outra coisa semelhante que todos os anos gostavas de fazer mas nunca fazes, é para colocar na lista! Pode não ser o mais importante, mas não só te serve de motivação como ainda te ajuda a estares a par dos eventos que não vais poder perder e, assim, organizares melhor o tempo. Faz que 2016 seja um ano inesquecível!

Além disso, há objetivos que estão ligados aos teus valores morais ou modo de agir. Para esses não podes estabelecer rotinas, mas podes pensar formas de como corrigir o que achas que está mal. Aprende com os teus erros de 2015 e certifica-te de que não os voltas a cometer. Querer ser melhor amigo/a, namorado/a, familiar, pessoa, não passam só por querer – embora comece por aí.

Põe mãos à obra!
Por fim, não te esqueças de que, apesar de nem tudo estar sob o teu controlo, a maior parte do teu destino está nas tuas mãos. Não comprometas aquilo que tanto desejas. Se, por exemplo, a tua intenção é deixar de fumar, não deixes que uma pequena tentação ou convite te leve à decisão precipitada de quebrar a série de dias ou semanas que já tinhas aguentado. Se falhares com um objetivo, ou com o cumprimento de rotinas, não desesperes. Falhar é parte do processo. Percebe o que fizeste mal e continua a tentar.

Sai da tua zona de conforto. És daqueles que gostava de praticar uma modalidade desportiva, fazer teatro, tocar um instrumento ou algo assim, para ocupares o teu tempo, mas achas que vai ser difícil e, como tens preguiça de passar pelo ritual de adaptação, inventas mil e uma desculpas para não o fazeres? Deixa-te disso. Procura clubes/escolas/grupos e encontra a melhor solução para ti. Ficares parado é deixares a vida passar por ti. Lembra-te de que tu és aquilo que ouves, és aquilo que vês, és aquilo que sentes, és toda uma imensidão de aprendizagens e sensações. Procura por isso descobrir e experimentar novas coisas, aceita desafios, corre riscos e torna-te uma pessoa melhor.

Não menos importante: acredita em ti. Ninguém gostará de ti se tu não souberes gostar de ti próprio. Ninguém vai lutar por ti e pelos teus sonhos. Eleva a fasquia. Trabalha para seres sempre o melhor do mundo, ou o melhor de ti mesmo. Provavelmente não vais chegar a esse nível, mas também não vais ficar desiludido – vai chegar perfeitamente para alcançares os teus objetivos iniciais.

O Frederico Mendonça escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.

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