Último ano, e agora?
Como lidar com o fim do curso, a entrada no mercado de trabalho e o “ficar grande”.
Caros leitores, vamos, desde já, definir um target para este artigo (o meu curso tornou-me uma chata). Há quem não se sinta ansioso com o final do curso, e este artigo é para aqueles que tremem só de pensar. Há quem já trabalhe na área, este artigo é para aqueles que vão cair lá de paraquedas dentro de meses. Há quem tenha entrado na faculdade já grande e vacinado, este artigo é para aqueles que estão a crescer à velocidade da luz, mas ainda se sentem pequenos gatinhos num mundo de leões. Este artigo é, então, para pessoas como eu, que anseiam o fim do curso (queremos todos o mesmo, na verdade) mas que sentem medo do futuro. Portanto, e agora?
Uma das opções é começar logo a procurar emprego na área. Bom, neste aspeto acho que qualquer um de nós tem de ir com uma expectativa realista, no sentido de sabermos que podemos demorar uns meses a encontrar emprego e levar alguns “nãos” até finalmente sermos aceites numa empresa. Além disso, sei que quando começamos algo novo nos sentimos ligeiramente inferiores aos outros, mas apenas temos menos experiência. É uma fase que requer muita aprendizagem e, principalmente, paciência. Além disso, começar a trabalhar e não gostar da empresa onde estamos, dos colegas ou de qualquer outro fator é motivo suficiente para procurar algo melhor. Não deve ser uma decisão tomada de forma impulsiva, mas também não deve ser um peso para nós. Confesso que sinto sempre algum peso quando tomo estas decisões, mas, no fundo, é algo normal e que pertence ao processo de crescer.
Porém, apesar da dificuldade que é tirar um curso, há quem pense em continuar a estudar. Acredito que, neste caso, exista algum receio em relação ao nosso desempenho numa possível pós-graduação ou num mestrado (eu sinto-o, pelo menos). Talvez este pensamento seja injustificado, mas dou por mim a questionar-me se conseguiria continuar a estudar e ser bem-sucedida nisso, tendo em conta que tirar uma licenciatura tem sido bastante desafiante. Acredito, genuinamente, que vamos estando preparados para as coisas à medida que as vamos vivendo – antes de entrar para este curso não estava preparada para ele e continuo aqui. Há de acontecer o mesmo com qualquer outro acontecimento da vida. Se querem realmente continuar a estudar e se têm essa oportunidade, hão de estar preparados para isso.
Podem, ainda, não se sentir capazes de escolher nenhuma das duas opções acima. Nesse caso, talvez um gap year seja uma boa hipótese. Às vezes, é preciso parar para pensar e experienciar vivências novas de forma a ganharmos, também, mais consciência de nós próprios. Podemos fazê-lo num emprego noutra área, num estágio, numa viagem ou no envolvimento em atividades que habitualmente não faríamos, como o voluntariado, por exemplo. Sair diretamente do ensino básico para uma área no secundário e depois para um curso universitário pode deixar-nos confusos. São várias decisões tomadas num curto espaço de tempo e numa idade tenra. É normal haver enganos e é normal precisar de uma pausa. O nosso percurso de vida não tem de ser assim tão retilíneo, se sentem que precisam de descansar e de explorar outras facetas vossas, acredito que seja a decisão certa – mesmo que vos digam o contrário.
Crescer é-nos inato, mas saber lidar com isso é um processo. É difícil tomar certas decisões sem sabermos se são as corretas e aceitar as consequências que estas nos trazem. É difícil fazer pausas no trajeto que toda a gente espera que façamos e voltar atrás com as nossas escolhas. Andamos todos um bocadinho perdidos e é compreensível que nem tudo corra bem. No entanto, se conseguimos até agora, o futuro há de se tornar fácil com o passar do tempo. Portanto, agora, é só preciso continuar, seja qual for o caminho que decidirmos tomar.
Fonte da capa: Jornal I
Artigo revisto por Beatriz Merêncio
AUTORIA
A escrita sempre foi um dos seus guilty pleasures. Desde pequena escrevia textos sobre tudo e sobre nada que entregava a alguém que nada conseguia fazer com eles. O seu intuito, com a entrada na revista, é deixar nas mãos de alguém os seus textos e opiniões de qualidade por vezes duvidosa – mas esforçada – e que esse alguém lhes veja utilidade. Nem que estes sejam, apenas, um entretenimento irrelevante porque a irrelevância também nos acrescenta algo.