Agarrado ao mundo, lançado a 14 de outubro, é o segundo álbum de Lobo Mau.  Estivemos à conversa com David Jacinto, um dos vocalistas da banda, que deu a conhecer o novo projeto. 

“É um disco de quem está perfeitamente ciente do tempo e do local em que vive, daquilo que o rodeia e daquilo que sente”, começa assim por descrever o álbum. 

A banda portuguesa de Lília Esteves, David Jacinto e Gonçalo Ferreira deu-se a conhecer em 2020 com a estreia de Na Casa Dele e, passados dois anos, lançam Agarrado ao Mundo. Para trazer o projeto a público tiveram a colaboração de João Pinheiro na bateria, David Santos no baixo, Jorge Machado na percussão e eletrónica João Gil nas teclas e Moisés Fernandes no trompete.

Agarrado ao mundo conta com nove músicas novas que transportam o ouvinte para o universo do folk e rock português que, simultaneamente, possibilita a união com novas texturas sonoras.  A introdução da eletrónica, de instrumentos que ainda não tinham trabalhado – como trompetes e kazoos – ou de algumas percussões que ainda não tinham inserido – ritmo das peles, das teclas e das cordas – ajudam a mostrar esta nova faceta. No entanto, sem nunca fugir à essência de Lobo Mau – “Uma continuação lógica do trabalho que temos vindo a desenvolver.”

“Algumas canções são um bocadinho mais fáceis de ouvir do ponto de vista do ouvinte: mais mexidas, com mais ritmo, progressões mais fáceis de entender do que se calhar do disco anterior. Mas, na verdade, continua na mesma linguagem do Lobo Mau não há aqui subterfúgios e vontade de mostrar uma coisa que na realidade não somos.”

Para David, Agarrado ao Mundo “são canções muito sinceras, muito próprias e que são entregues com toda a alma e, portanto, são um espelho, um reflexo daquilo que nós fazemos”. Do mesmo modo, considera que todas as músicas, independentemente do artista, têm algo diferente e prendem o ouvinte de maneiras diferentes, seja pela letra ou pela música. Sendo este um projeto multigeracional, acredita que “Se  houver alguém que descubra os Lobo Mau e goste da nossa música daqui a 20 anos, considero que o meu trabalho está feito.”

A capa do álbum é também um reflexo da banda. Um conceito gráfico muito minimalista. “Fomos à procura disso  através deste jogo que é o tangram: um puzzle que também remete um bocadinho para a forma como nós entendemos aquilo que possa ser a nossa música.”

Árvore é o segundo single de Agarrado ao Mundo e o primeiro videoclipe totalmente realizado e produzido pela banda: “É uma sequência de imagens que se manifestam, interagem e se desconstroem numa narrativa que nos pode transportar até ao âmago da circunstância de uma árvore, ou a qualquer outra semente do nosso pensamento e imaginação, à espera de romper a casca e crescer.”

“Uma entrega total” é o que podemos esperar deste álbum e da banda. Para Lobo Mau, o mais importante são sempre as canções “O que cada ouvinte pode esperar de um concerto nosso é uma entrega sincera daquilo que são as nossas canções.” David Jacinto afirma ainda que para eles, escrever canções é algo: “Intrínseco, que faz parte de nós, temos mesmo necessidade de escrever canções. Se eu passar muito tempo sem trabalhar neste mundo perco-me e, portanto, eu preciso disto.”

Para quem ficou curioso para ouvir “uma guitarra e duas vozes”, forma como David gosta de descrever este projeto, pode fazê-lo no dia 24 de novembro no BOTA, em Lisboa. 

Fonte da capa: Filipe Feio

Artigo revisto por Marta Nobre