Música

É a pronúncia do norte

Assumem-se como Grupo Novo Rock, mas o pop tem estado cada vez mais presente nas suas músicas. No ano em que comemoram 34 anos, os GNR apresentam — finalmente — um novo álbum de originais. Caixa Negra chegou às lojas no dia 23 de Março e traz de volta Rui Reininho e companhia, numa nova fase do grupo do Norte.

Formaram-se em 1981, no ano em que “Portugal na CEE” foi editado. A voz era de Alexandre Soares, mas, em Setembro do mesmo ano, Soares passou a ser apenas o guitarrista de serviço e deu lugar a Rui Reininho. Experimentavam vários estilos, mas era no rock que queriam estar. Em 1982 lançaram o primeiro álbum, Independança, que re-editaram em 2007, mas só em 1985, com Os Homens Não Se Querem Bonitos — de onde saiu o clássico das aulas de guitarra, “Dunas”, — conseguiram finalmente consagrar-se no panorama musical português.

Foram a primeira banda portuguesa a esgotar o antigo Estádio José Alvalade, em 1992, actuaram diversas vezes no Coliseu de Lisboa e até se juntaram à banda filarmónica da GNR para um concerto no Pavilhão Atlântico, em 2008. Deram música ao filme português Amo-te, Teresa, em 2000, e, em 2002, tiveram dois temas na banda sonora da novela Nunca Digas Adeus, da TVI, e até Lua Vermelha, série que a SIC emitiu em 2010, teve direito a músicas dos GNR.

34 anos depois parecem ter renascido. Rui Reininho, Jorge Romão e Toli César Machado decidiram que estava na hora de começar quase de novo. Deixaram a editora EMI, após várias divergências, e aventuraram-se numa editora própria: a Indie Fada. Caixa Negra é o novo álbum da banda, com nove temas originais e uma versão de um tema antigo.

Embora tivessem editado Voos Domésticos em 2011, um álbum com versões de temas antigos que não agradou a todos, e Concentrado em 2012, uma espécie de best of, era aguardado um novo álbum de originais. O último, Retropolitana, data de 2010.

 

Caixa Negra é a prova de que os GNR são como o vinho do Porto e de que Rui Reininho continua um mestre das letras. O primeiro single, “Cadeira Eléctrica”, passa nas rádios desde Novembro e foi, sem dúvida, um bom presságio do que estava para vir. Este novo álbum mantém-se fiel ao estilo pop-rock a que a banda de Rui Reininho já nos habituou.

Além de “Cadeira Eléctrica”, destacam-se como pontes fortes “Caixa Negra”, tema de abertura que dá nome ao álbum, “MacAbro”, que é, talvez, um dos melhores temas da banda, e, ainda, “Desnorteado em 2015”, uma versão do tema “Desnorteado”, originalmente editado em 1984, no álbum Defeitos Especiais.

Mas as novidades da banda portuense não se ficam pela nova editora e pelo novo álbum: os Coliseus do Porto e de Lisboa recebem-nos a 23 e 31 de Outubro, respectivamente, para assinalar 34 anos de música e, claro, para se ouvir Caixa Negra.

 

AUTORIA

+ artigos

Sofia Costa Lima nasceu em Trancoso, em 1994. Estuda Jornalismo e é
apaixonada por escrita. Tem um blog pessoal desde 2009 e publicou dois livros — em 2013 e 2014. Colabora com a Associação Juvenil de Trancoso desde 2013, fazendo parte da equipa responsável pelo Jornal Escrever Trancoso.