“… Eles são só maridos. A Evelyn Hugo sou eu.”
Este verão tive o prazer de me cruzar com o livro Os sete maridos da Evelyn Hugo, que não podia ter vindo em melhor hora. Fiquei a conhecer esta obra graças a Bel Rodrigues, uma booktuber brasileira que, felizmente, tem gostos literários muito similares aos meus. Então, numa tarde normal, deparo-me com o vídeo dela sobre um livro de Taylor Jenkins Reid, descrito pela mesma como “um livro que é um ACONTECIMENTO”.
Ao ouvir esta descrição, tive de investigar mais. Primeiro, achei estranho como é que uma pessoa com gostos tão similares aos meus estar a aconselhar um livro sobre a vida de uma socialite e ex-estrela de Hollywood. Nunca pensei que seria um tema que me interessasse, mas, como é lógico, não se julga um livro pela capa, ou melhor, pelo tópico sem contexto. Continuei a minha pesquisa e todas as reviews que encontrei eram extraordinárias.
Como não sou difícil de convencer, fui logo pesquisar a versão original do livro, já que uma das críticas mais vincadas com que me deparei foi quanto à escrita soberba da autora. Infelizmente, não me caiu nas mãos a escrita original da mesma e acabei a ler a tradução em português, que foi umas das grandes surpresas desta aventura.
A narrativa inicial leva-nos a conhecer a história de Monique, uma jovem jornalista que aparenta estar estagnada na sua carreira – a escrever colunas de mexericos – e a passar por uma separação. De início, esta personagem não demonstra ter uma grande ligação à estrela sobre a qual todos estamos à espera de ouvir. Só me passava uma questão pela cabeça: Como é que esta simples mulher vai conseguir chegar à gigante Evelyn Hugo?
De uma forma muito simples, simples demais à primeira vista: Monique é contratada pela estrela para escrever a sua biografia. Todas as questões que passam na cabeça do leitor são descritas pela jornalista: Porquê ela? Como é que uma jornalista em início de carreira, cujo nome não é conhecido por ninguém, vai ser capaz de escrever este livro, ou melhor, o único legado de Evelyn Hugo? Ainda que difícil de convencer, Monique aceita esta aventura, e assim se inicia a descrição da vida da atriz de Hollywood.
A partir daqui a obra segue uma cadência muito dinâmica. Os capítulos das interações entre a jornalista e a estrela intercalam-se com a história de vida de Evelyn Hugo e com artigos de revistas e jornais que descrevem momentos singulares da vida da atriz. Este tipo de escrita, muito particular de Taylor Jenkins Reid, é, na minha opinião, o que faz com que o livro seja facilmente devorado pelo leitor. Pousar o livro, especialmente em alguns momentos-chave, torna-se uma tarefa difícil, pois esta obra é cativante do início ao fim.
Destaco ainda a descrição das personagens, que se tornam pessoas reais no virar de cada página. Reid consegue criar um tal enredo em torno de cada uma, que, mesmo com os erros que qualquer uma delas possa cometer, nós conseguimos perdoá-las ou, pelo menos, entender, pois vemos um lado humano naquilo que é uma personagem bidimensional. Todos os leitores deste livro vão se afeiçoar a algum dos personagens, pois a autora faz para que isso aconteça. Deixo registado o meu apreço para com o quinto marido da estrela, Harry Cameron, uma personagem realmente humana que, mesmo com todas as suas falhas, demonstra sempre uma pureza incrível e, acima de tudo, um apreço especial por Evelyn. A Harry Cameron, por me ter deixado sempre com o coração nas mãos.
“Os sete maridos de Evelyn Hugo” é um livro que aconselho, tanto aos novos leitores, como aos mais experientes. É uma obra cheia de reviravoltas que, assim que se começar a ler, vai ser impossível de largar. E para aqueles com receio de que algo se perca na tradução e de que não consigam ler a essência da história, não temam. A edição da Topseller, traduzida por P. Vieira e revista por Paula Caetano, foi das melhores traduções que li ultimamente. Senti mesmo que estava a ler palavras originais da autora, com o mesmo sentimento e caráter.
Termino assim esta review com uma dos melhores quotes da história:
“Por vezes, a realidade abate-se em cima da nossa cabeça. Outras vezes, a realidade simplesmente aguarda, com muita paciência, que fiquemos sem a energia necessária para a negar.”
Taylor Jenkins Reid em Os sete maridos da Evelyn Hugo
Fonte da capa: Mariana Colaço
Artigo revisto por Beatriz Cardoso
AUTORIA
Por ter muitas paixões, Mariana é conhecida por estar envolvida em “mil coisas ao mesmo tempo”. Atualmente no curso de Publicidade e Marketing, mas com um (outro) grande amor pela escrita, escreve artigos onde consigam transmitir a emoção que sente sobre certos temas, não esquecendo de abordar também conteúdos importantes. Tem ainda o sonho de visitar o Japão e de um dia poder saber o que esteve por detrás do processo criativo da música Sunflower Vol.6.