Desporto

Isto é o Fair-Play Português

Quando pensamos em fair-play, é difícil associá-lo a Portugal, quer seja pela falta de mediatismo que as ações de fair-play têm, quer pelo elevado número de polémicas desportivas que existem em Portugal. Se nos focarmos, por exemplo, no caso do futebol, então a tarefa ainda se complica mais, pois deverá ser a modalidade em Portugal que mais está envolvida em polémicas e problemas.

No entanto, nem tudo é mau, e ainda existe em Portugal quem se preocupe em estabelecer boas relações entre os companheiros de profissão. Também as diferentes federações portuguesas têm tido um importante papel na difusão dos ideais de fair-play no mundo desportivo português.

Fair-play em Portugal:

No nosso país muitas vezes dá-se mais atenção (o que parece satisfazer as massas) quando se transmitem polémicas desportivas, principalmente no futebol e entre os três grandes – SL Benfica, Sporting CP e FC Porto -, atingindo mesmo o ponto em que se valoriza mais uma polémica do que uma demonstração de fair-play. Parece que, para os fãs, o desporto sem polémicas não tem metade da graça, o que demonstra que há algo de errado na forma como se promove e difunde o fair-play. No entanto, acima de tudo, parece que existe uma falha em punir aqueles que não cumprem as regras do fair-play.

Ainda assim, apesar de a maioria se interessar mais pelas polémicas do que pelo fair-play, há quem reme contra esta corrente, e a Federação Portuguesa de Ténis, que instituiu o “cartão branco” ou “cartão de fair-play” nas camadas mais jovens, é um exemplo disso. Este cartão funciona da seguinte forma: se durante um jogo for detetada pelos coordenadores uma atitude demonstrada por parte dos jogadores que invoque os valores do fair-play, então o cartão branco deverá ser mostrado ao jogador. De forma a incentivar as boas práticas no desporto, a Federação decidiu que existem prémios para aqueles que, no fim da época, tiverem mais cartões brancos. Assim, existe um prémio para o clube, treinador e jogador com mais cartões brancos.                                                       

Esta iniciativa do cartão branco foi criada pelo Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), e à mesma já aderiram 77 instituições, não só de ténis mas também de grande número de outros desportos.

Outra demonstração de que o fair-play existe em Portugal vem diretamente da nossa Seleção Nacional de Futebol Sub-17, que, no âmbito do Europeu de Sub-17, recebeu o prémio de fair-play do torneio, demonstrando, assim, que o futebol em Portugal é também reconhecido pelo seu fair-play e pela exibição do mesmo, dentro e fora das quatro linhas.

Pequenos exemplos de fair-play

Para além das diferentes iniciativas e projetos que existem com o intuito de promover o fair-play, há também exemplos deste que ocorrem entre equipas ou entre jogadores fora do contexto dos eventos de promoção do mesmo. Um destes casos aconteceu em 2019, quando o autocarro do Clube União 1919 avariou perto de Mortágua durante a deslocação da equipa a Castro Daire. Posto isto, o União decidiu pedir auxílio aos clubes locais, o Mortágua Futebol Clube e o Sporting Clube de Vale dos Açores. Imediatamente após serem contactados, ambos os clubes emprestaram carrinhas para que o União pudesse comparecer no jogo. Esta entreajuda dos clubes é mais um dos exemplos de fair-play em Portugal.

Outra amostra de bom desportivismo relacionada com a iniciativa do cartão branco aconteceu em setembro de 2022, num jogo entre o Machico e o Castro Daire. O avançado Marcel, do Castro Daire, caiu na grande área, mas, antes que fosse assinalado o castigo máximo para a equipa do Machico, este prontamente levantou-se e explicou ao árbitro que não houve qualquer tipo de irregularidade no lance. Este comportamento de Marcel valeu-lhe o cartão branco, ficando este momento de fair-play registado para a posterioridade com uma fotografia dos dois envolvidos.

Fonte: A Bola

Também num jogo da Liga 3, entre o  Vitória FC e o Caldas SC, houve uma demonstração de boas práticas desportivas. O que se desenrolou neste caso não teve relacionado com jogadores, mas sim com as equipas médicas, isto é, quando um adepto nas bancadas se sentiu mal, ambas as equipas médicas prontamente se disponibilizaram para prestar ajuda aos bombeiros, de forma a que o adepto fosse o mais rapidamente assistido. Mais uma vez, esta ação fez com que o cartão branco fosse mostrado a ambas as equipas médicas

Com este artigo tentei mostrar que existe um mundo do desporto em Portugal fora das polémicas e confusões entre clubes e profissionais, em que as boas práticas desportivas são promovidas, sendo aquela a que dei mais foco o fair-play. O meu objetivo passa por mostrar aos leitores que existem instituições e inúmeras iniciativas que promovem o fair-play, mas que há também pessoas ou organizações que se regem pelo mesmo e que o demonstram ou demonstraram através de determinadas atitudes.

Fonte da capa: Impulsiona

Artigo revisto por Francisca Teodósio

AUTORIA

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Desde a infância sempre se mostrou apaixonado pelo desporto, com especial enfoque no futebol. Ingressou aos 10 anos na “Escolinha de Futebol do Agrupamento de Escolas D. Filipa de Lencastre” e rapidamente percebeu que a sua vocação residia em “estar entre os postes”; mas porque a vida nos prega partidas teve várias lesões que o impediram de passar a jogador federado após os 16 anos.
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O gosto pela comunicação, pelas pessoas e pelo mundo empresarial, fizeram com que a ESCS fosse desde a primeira hora a sua escolha de eleição.