Literatura

O fenómeno John Green

Tenho a certeza de que já todos ouviram falar de John Green. Podem não ter lido nenhum dos seus livros, podem nunca ter visitado o seu canal de Youtube, mas ouviram falar de “A Culpa é das Estrelas” ou de “Cidades de Papel”. Estes dois filmes foram adaptados de livros do autor norte-americano e, com a adaptação do primeiro filme, “A Culpa é das Estrelas”, os livros de Green invadiram as livrarias portuguesas.

Depois de ter lido o “Cidades de Papel” em Abril, decidi dedicar parte do Verão a ler outros livros do autor. Li o “A Culpa é das Estrelas”, o “À Procura de Alaska”, “O Teorema de Katherine” e o “Quando a Neve Cai”. Em todos eles consegui encontrar pontos de contacto. Talvez importe dizer que o “Quando a Neve Cai” é diferente pois é um livro de contos escrito com outros dois autores, mas vou inclui-lo nesta espécie de análise.

De todos os livros dele que li, só não gostei do “Teorema de Katherine”. Achei-o aborrecido e, por isso, embora tenha mais um ou dois livros dele à espera, decidi fazer uma pausa nesta maratona de John Green. Ainda assim, com estes cinco livros lidos, posso dizer que acho que tive o meu momento “Eureka!”*

Li dois dos livros em inglês e posso garantir que a linguagem é tão acessível na versão original quanto na versão traduzida. Mas o segredo está nas histórias. Ok, isto não é um estudo científico, mas o segredo para o sucesso está na faixa etária das personagens: todas as histórias — pelo menos as que li — têm como personagens principais jovens. E é aí que tudo se explica.

Se repararem, muitas músicas ou filmes que fizeram sucesso, fizeram sucesso na faixa etária mais jovem porque os jovens se reviam naquelas letras ou naquelas cenas. O mesmo acontece com os livros de John Green. Muitos poderão nunca ter passado por situações semelhantes mas todos deram por si a ponderar essa possibilidade. E se, em vez do Augustus e da Hazel, fossem eles que tivessem cancro? E se fossem eles a encontrar alguém incrível no colégio interno?

A proximidade que os leitores sentem com as personagens dos livros que lêem é motivo mais do que suficiente para que um livro venda. John Green sabe disso. Também deve saber aquilo de que os jovens gostam e aproveita-se muito bem disso nos seus livros. A qualidade é discutível, a euforia à volta de histórias que nem sempre terminam como era suposto e que abraçam a fatalidade da vida também pode ser discutida. Mas é certo que John Green continua a vender livros e a vender os direitos dos livros para serem adaptados no cinema. E eu continuo a pensar que preciso de arranjar mais motivos que expliquem este sucesso.

*leiam o “Teorema de Katherine” e percebam.

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