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Xutos & Pontapés: 37 anos de puro rock

Não é um aniversário com “data redonda”, como se costuma dizer, mas merece ser comemorado. Porquê? Porque são 37 anos de carreira! Foram 37 anos a marcar gerações; foram 37 anos a trazer rock às nossas almas; foram 37 anos de Xutos & Pontapés.

Ora, se comemoram neste mês 37 anos de carreira, facilmente chegamos à conclusão de que a sua estreia como banda foi em 1978. Uma banda tipicamente portuguesa de puro rock and roll. Os constituintes originais foram Zé Pedro, Kalú, Tim e Zé Leonel. Poucos anos depois, Zé Leonel é substituído pelo guitarrista Francis, que acaba também por abandonar a banda, dando lugar a João Cabeleira, que até hoje toca nos Xutos & Pontapés. Tim é desde o início o vocalista e toca baixo, Zé Pedro e João Cabeleira tocam guitarra, Kalú está na bateria, e Gui, que deu entrada na banda em 1984, com uma saída temporária, voltou ao grupo em 2002 e, até hoje, é o saxofonista.

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O primeiro concerto oficial dos Xutos foi a 13 de Janeiro de 1979 na Sociedade Filarmónica Alunos de Apolo, de forma a comemorar os 25 anos do Rock & Roll. Acredito que foi uma boa forma de se estrearem. A carreira teve um início calmo e não foi daquelas bandas “explosivas” com a sua estreia, muito devido ao facto da época dos anos 80 ter sido a geração do rock. No início desta década lançaram alguns singles e o primeiro álbum “78/82”, mas a saturação deste estilo musical não lhes trouxe o reconhecimento desejado. Foi com muito empenho e dedicação que, ao continuarem a dar concertos após concertos, começaram a fidelizar ouvintes e a ganhar mais fãs.

O primeiro concerto de aniversário da banda foi em 1984, no antigo Clube Rock Rendez-Vous, muito conhecido na época. Atuaram no mesmo palco que as bandas URB e os GNR, dando mais prestígio aos Xutos & Pontapés na altura. No ano seguinte apresentaram o álbum “Cerco”, que continha músicas conhecidas como “Barcos Gregos” e “Homem do Leme”, porém não trouxe muito reconhecimento aos Xutos.

Foi em 1987 que a banda deu “o salto” na carreira e, finalmente, ganhou outra visibilidade perante o público. O álbum “Circo de Feras”, que estreava as músicas “Contentores”, “Não Sou O Único”, “Para Ti Maria” e “Enquanto A Noite Cai” foi um enorme sucesso. Xutos foi das maiores turnés já realizadas pelo grupo, esta ainda no mesmo ano (com duração de seis meses). O álbum, no final do ano, foi premiado com Disco de Ouro, com 20 mil cópias vendidas, e ainda no mesmo ano, o single “A Minha Casinha” transformou-se no hino dos concertos.

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Até aos anos 90 a banda seguia a um ritmo agradável, com novo álbum em 1988, denominado “88”, lançamentos de músicas como “À Minha Maneira” e “Se Me Amas”, e foi em 1990 que surgiu a sua desvalorização, após o lançamento do tema “Gritos Mudos”. Os membros afastaram-se um pouco, e começaram a surgir projetos a solo. Apesar destes acontecimentos, a banda não desiste e, em 1993, o álbum lançado no ano anterior – “Dizer Não De Vez” – recebe o prémio de Disco de Prata. Também em 1996 decidem lançar um disco com versões das suas músicas mais conhecidas sem a parte elétrica das mesmas, especialmente para a rádio Antena 3. O álbum “Ao Vivo na Antena 3” acaba por ser dos mais vendidos e considerado Disco Platina.

Em 1999 comemoraram os seus vinte anos como banda e compilaram um álbum “XX Anos XX Bandas”, com artistas que decidiram prestar-lhes esta homenagem e interpretar alguns dos seus temas. No mesmo ano realizaram a turné “XX Anos”, com mais de 80 concertos, terminando no Festival do Sudoeste com a participação de alguns dos artistas que lhes prestaram homenagem no álbum.

Um dos maiores acontecimentos para os Xutos & Pontapés foi em 2004 quando Jorge Sampaio, Presidente da República na altura, os condecorou com a ordem de Infante D. Henrique. Mais tarde, em 2006 lançam um DVD triplo com toda a sua história desde da formação da banda.

Os Xutos também tiveram algumas participações e homenagens que talvez os seus fãs não se recordem. Em 1998 compuseram um tema para o filme “Tentação” e lançaram um álbum com esse mesmo nome. Em 2006 interpretaram o genérico do conhecido programa “Diz que é uma espécie de magazine” do grupo Gato Fedorento. Ainda no mesmo ano, António Feio encenou uma peça de teatro inspirada na banda e na sua história, que incluía apenas temas do grupo. Em 2008 juntaram-se à causa solidária do Movimento UPA (Unidos Para Ajudar), onde interpretaram o tema “Pertencer”. Por fim, mas não menos importante, em 2010 foram os vencedores da categoria “Best Portuguese Act”, nas premiações do Europe Music Awards.

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Como acontecimentos mais recentes, a banda realizou mais um aniversário para comemorar os seus 35 anos, em 2014. Nesse ano lançaram também o álbum “Puro”. Agora, em 2015, continuaram a dar concertos em festivais de verão, e para o ano, de certeza, que trarão mais surpresas. Quem quiser ainda vai a tempo de os ver e ouvir este ano no concerto que se realizará no Campo Pequeno, dia 18 deste mês. O concerto “Se me amas” será o regresso da banda ao formato acústico após as experiências que tiveram na rádio Antena 3.

Por fim, e para recordar, outros temas muito conhecidos dos Xutos: “Aqui Ao Luar”, “Quero-te Tanto”, “Chuva Dissolvente”, “O Mundo Ao Contrário”, “Menina Estás À Janela”, “Dia De São Receber”, entre muitos outros. Esta é a parte mais impressionante da banda para mim, pois por muitas músicas que tenham, grande parte delas são conhecidas e sabidas de cor pelos ouvintes, e não apenas uma ou duas. Conquistaram-nos mesmo com os seus temas únicos.

Os Xutos & Pontapés são um modelo a seguir, e espero que continuem a fazer tudo à maneira deles!

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