Aceitar as desigualdades e respeitar as diferenças
Certas expressões exercem um apelo mais intenso à nossa reflexão: “exclusão social” é uma delas. A palavra “excluir” carrega consigo uma conotação negativa, uma vez que a associamos a injustiças, desigualdades, discriminações, a palavras que sensibilizam a nossa mente. E, a meu ver, devem continuar a impactar e a inquietar os seres humanos, pois estas palavras não são só meros conjuntos de letras, mas também problemáticas sociais que se fazem sentir por todo o mundo.
A exclusão social impulsiona um círculo vicioso de ruturas, de quebra de relações sociais, de privações, de sofrimentos. A pessoa excluída socialmente, embora formalmente seja cidadã, não tem as possibilidades de aceder aos seus direitos nem de ser reconhecida com as suas diferenças. Neste sentido, será a exclusão social uma forma de violência? É esta a questão a que vou tentar dar resposta ao longo do artigo. Contudo, há uma certeza: estas minorias carregam consigo o sentimento de superstição e são, constantemente, alvo de comentários injuriosos.
Para compreendermos melhor esta problemática, é necessário entender que a exclusão social é um fenómeno que coloca de parte os indivíduos e os grupos que não têm acesso aos direitos, às oportunidades, aos recursos e às responsabilidades da cidadania. Grande parte da população relaciona este fenómeno com aqueles que não conseguem satisfazer as suas necessidades básicas; ou seja, com aqueles que não têm o mínimo de condições de subsistência. Mas, apesar de a pobreza ser a maior causa da exclusão social, não é a única.
Estes seres humanos ou grupos sociais são também colocados de parte devido à sua etnia, cultura, condição física e/ou orientação sexual. Esta é uma problemática que não é completamente nova e que, infelizmente, continua muito presente na sociedade atual. Se viajarmos até ao século XX, podemos verificar um exemplo de exclusão social que, efetivamente, atingiu o seu extremo. Os nazis acreditavam que o povo alemão descendia de uma raça superior – a raça ariana – a quem incumbia a obrigação de dominar o mundo pela exclusão das outras raças consideradas inferiores. Esta exclusão afetava idosos, deficientes, homossexuais, ciganos e, sobretudo, judeus. Este é um exemplo de exclusão social extremíssima, mas que representa, no fundo, uma forma de diferenciação e de violência psicológica (e também física) para com pessoas inocentes.
A verdade é que a exclusão social não faz parte só da história mundial ou do passado. Um exemplo disso é o enorme preconceito que existe, atualmente, na Europa para com os ciganos e emigrantes, levando, muitas vezes, a que estes grupos sejam excluídos.
A palavra “cigano” está frequentemente associada, nas representações sociais, a características como “ladrão”, “violento” ou “subsídio-dependente”, para os quais se adota um tom, indubitavelmente, negativo. As opiniões que a maioria dos europeus adquiriu relativamente a essa etnia conduz, muitas vezes, à manifestação de um comportamento que se caracteriza pelo tratamento baseado no desprezo e na humilhação dos indivíduos. Esta forma de tratamento pode, mais uma vez, ser associada à violência psicológica, tendo um impacto sobre os desenvolvimentos físico, social e emocional destas pessoas. A exclusão social dos ciganos é visível, por exemplo, quando estes procuram emprego ou uma casa para arrendar, mas acontece também noutras situações, sendo uma realidade quotidiana em diversos países europeus.
Nas sociedades atuais coexistem diferentes culturas associadas, em grande parte, aos fluxos migratórios que se dirigem para as regiões mais prósperas. Neste sentido, as minorias étnicas são, muitas vezes, alvo de preconceitos. As diferenças étnicas são associadas a diferentes níveis de rendimento e a desigualdades relativamente ao exercício do poder. Algumas consequências da discriminação de minorias são o abandono escolar precoce, o desemprego, o isolamento social do grupo e a desigualdade de oportunidades na distribuição de recursos.
Viver em sociedade é saber viver com as diferenças de cor, de género, de religião, de etnia ou de rendimento que caracterizam cada um de nós. No entanto, a exclusão social envolve um tratamento desfavorável, hostil e ofensivo, o que afeta, consequentemente, os estados emocional e psicológico do indivíduo excluído. Estes indivíduos são marginalizados, sendo-lhes negada a igualdade de acesso a oportunidades, a bens e a serviços, o que os impede de atingir metas ou de obter educação, emprego ou amor. Isto é violência.
É por tudo isto e muito mais que se torna fundamental que todos os cidadãos se unam na luta contra qualquer tipo de discriminação. É necessário construir uma sociedade mais inclusiva e sem preconceitos onde cada um tenha o direito às suas diferenças. Todos somos responsáveis pela promoção de uma sociedade não opressora.
Como é que alguém consegue sobreviver à exclusão, à angústia, à miséria e à diferenciação? Como é que se consegue lidar com o desespero e com o desrespeito pela dignidade humana? Como é que é possível haver tanta maldade para com um ser humano inofensivo? Este é um tema pesado e triste. Mas não é nada mais do que a realidade.
Caro leitor: e se fosse consigo?
Artigo revisto por Andreia Custódio
AUTORIA
Madalena Abrantes, 18 anos e aspirante a jornalista. É comunicadora de vocação, bailarina de coração e feliz de corpo inteiro. Entre a dança, os seus interesses de culinária, a moda e a solidariedade parece que caminha num projeto de equilibrismo. Mas, a sua grande paixão? Viajar. A sua maior conquista é viver a fazer aquilo de que gosta!