O mundo da espiritualidade
Caros leitores, já me chamaram algumas vezes “menina dos signos” ou “menina dos cristais”. Não considero que o seja, mas hoje vou assumir esse estatuto e aproveitar para falar sobre espiritualidade. Bom, convenhamos que signos e cristais não são a mesma coisa que espiritualidade, mas são muitas vezes associados. Este tema surge porque no último ano me tenho sentido mais ligada à espiritualidade e, se querem que seja sincera, sinto-me muito melhor agora.
Afinal, o que é a espiritualidade?
A espiritualidade é a procura por um significado e propósito para a vida. A palavra “espiritualidade” provém do latim spiritus, que também significa sopro. Nas Sagradas Escrituras afirma-se que o Homem foi criado a partir do barro da terra e que Deus lhe inspirou nas narinas o “sopro de vida”, tornando-o um ser vivente. Quem me conhece sabe que não sou religiosa, mas incluir este contexto é essencial para percebermos que o espírito é considerado o tal “sopro de vida” ou “sopro divino”. É, então, a essência da nossa alma. A espiritualidade é considerada a conexão entre o ser humano e o divino. É importante salientar que não é preciso ser-se religioso para se ser espiritual, até porque religião e espiritualidade são conceitos distintos. Uma pessoa pode crer em espíritos e na conceção de alma, mas não acreditar num criador supremo.
A importância da espiritualidade
A espiritualidade, como o caminho para o conhecimento do nosso propósito, auxilia-nos no campo do autoconhecimento, levando-nos à identificação dos nossos valores e à compreensão dos valores dos outros. Além disso, a espiritualidade acredita numa conexão entre seres humanos que está acima de tudo e que assenta no amor e na compaixão e, por isso, as pessoas espirituais têm tendência para ser mais empáticas e capazes de perdoar. Quero acrescentar aqui um disclaimer: o perdão e a compaixão em nada se relacionam com permitir que alguém nos trate mal ou nos magoe de alguma forma. Espiritualidade não deve nunca ser uma cegueira. Podemos tirar alguém da nossa vida por completo e, mesmo assim, perdoar e estar em paz com o assunto, até porque o perdão é um processo interno e que não diz respeito a mais ninguém sem ser a nós mesmos. A espiritualidade traz, sim, uma noção de perspetiva em relação à vida, às nossas ações e às ações dos outros, transmitindo um sentimento de tranquilidade e paz interior.
Despertar espiritualidade
O despertar espiritual é o ato de ganhar consciência da existência da alma, é acreditar que existe mais do que aquilo que podemos ver. É perceber que o universo não se limita somente ao plano físico e que todo o ser humano é feito também de energia. O despertar espiritual traz-nos uma nova perceção e compreensão da realidade, ajudando-nos a desenvolver a consciência de unidade com os outros e com o universo.
Maneiras de praticar a espiritualidade
1. Desenvolver o autoconhecimento
É importante que saibamos quem somos, o nosso papel no mundo, as nossas crenças, os nossos valores e o nosso propósito. Como auxílio nesta tarefa, que nem sempre é fácil, temos, por exemplo, a prática de meditação, a escrita, a leitura e o exercício físico. O conceito é algo abstrato. No fundo, temos de encontrar formas de nos sentirmos conectados com nós próprios..
2. Praticar a gratidão e o perdão
A prática da gratidão é, por vezes, um desafio. Nem tudo corre como desejamos, mas está nas nossas mãos olhar para as reviravoltas da vida como algo normal e necessário e agradecer pelo que estamos a aprender. Sei que isto não se aplica a tudo, mas, na sua generalidade, é a melhor forma de encarar o mundo. De nada nos vale lutar contra o que já aconteceu. Relativamente ao perdão, acredito, como disse anteriormente, que é um processo interno. É importante tentar estar em paz com aquilo que nos acontece. Na minha opinião, nem sempre temos de perdoar pessoas e as situações a que nos submetem, mas devemos sempre perdoar-nos a nós mesmos.
3. Viver o momento presente
Com o ritmo da vida, damos por nós a viver muitas vezes em piloto automático. Para sermos mais espirituais é preciso desligar esse modo automático de viver e procurarmos estar presentes no agora.
As crenças são muito relativas e pessoais. Nem toda a gente irá acreditar no mesmo e há quem não as tenha sequer. Ser crente (seja no que for) ou não é legítimo, até porque nem toda a gente experiencia os mesmos acontecimentos. É, genuinamente, um processo de descoberta que nos pode enriquecer bastante, ajudando-nos a restaurar uma certa esperança na vida, a lidar com todo o stress com que lidamos e a encontrar um sentido de comunidade.
Fonte da capa: Pexels
Artigo revisto por Beatriz Merêncio
AUTORIA
A escrita sempre foi um dos seus guilty pleasures. Desde pequena escrevia textos sobre tudo e sobre nada que entregava a alguém que nada conseguia fazer com eles. O seu intuito, com a entrada na revista, é deixar nas mãos de alguém os seus textos e opiniões de qualidade por vezes duvidosa – mas esforçada – e que esse alguém lhes veja utilidade. Nem que estes sejam, apenas, um entretenimento irrelevante porque a irrelevância também nos acrescenta algo.