Scream VI – O passado não é esquecido, mas o futuro de Ghostface está garantido
Ghostface está de regresso. Agora em New York, Sam (Melissa Berrera), Tara (Jenna Ortega), Mindy (Jasmin Savoy Brown) e Chad (Mason Gooding), os quatro sobreviventes dos assassinatos em Woodsboro, são confrontados com um novo assassino que ameaça as suas vidas de forma destemida. Os ataques são cada vez mais sangrentos e o passado está de volta para assombrar os jovens universitários.
Depois do sucesso de Scream (2022), Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett voltam a assumir o papel de realizadores e dão continuidade à franquia criada por Wes Craven. O guião fica nas mãos de James Vanderbilt e Guy Busick, responsáveis por apresentar a instalação mais sangrenta e aterrorizadora de toda a saga de Scream. A cinematografia de Brett Jutkiewicz é responsável por aproveitar o melhor que New York tem para oferecer.
A implacável jornalista Gale Weathers (Courteney Cox) é a única personagem dos primeiros ataques de Scream (1996) a marcar presença, nesta que se consagra como a sequela da requel. Kirby (Hayden Panettiere), uma das vítimas sobreviventes de Scream 4 (2011) também está de volta, agora como agente do FBI. Ethan (Jack Champion), Quinn (Liana Liberato), Anika (Devyn Nekoda), Danny (Josh Segarra) e Bailey (Dermot Mulroney) compõem o elenco de personagens recém-chegado: todas elas são possíveis vítimas de Ghostface, isto é, se não forem o próprio assassino.
Scream VI demarca-se das restantes instalações da saga de slasher por introduzir mudança e inovação numa fórmula que se tem vindo a repetir ao longo das últimas décadas do cinema. A cena inicial, protagonizada por Laura (Samara Weaving), surpreende com uma reviravolta que deixa claro, desde o início, a peculiaridade desta nova onda de assassinatos.
As perseguições de Ghostface são várias e intensas, marcando-se como um dos pontos mais fortes e impactantes de Scream VI. É impossível não suster a respiração quando o assassino da máscara fantasmagórica se prepara para atacar com uma espingarda em riste. A ansiedade é colocada à prova quando o grupo de sobreviventes se vê obrigado a atravessar uma escada suspensa no ar para escapar à faca afiada do stalker mortal. Nem mesmo no metro de New York, a abarrotar de populares, as personagens se encontram em segurança: as luzes das carruagens apagam e voltam a acender à medida que a máscara de Ghostface se aproxima da sua próxima vítima.
Apesar de ninguém parecer estar realmente a salvo das mãos do assassino, Scream VI parece temer despedir-se das suas personagens. Mesmo depois de serem vítimas dos ataques aparentemente mortais de Ghostface, algumas delas sobrevivem ao final do filme. Este parece ser o ponto mais fraco desta nova instalação da franquia, que fica aquém dos filmes anteriores.
O passado da saga de slasher continua a ser homenageado. Em Scream VI, Ghostface, depois dos seus ataques mortais, deixa máscaras para trás. Ao longo da investigação, descobre-se que as mesmas pertencem aos assassinos dos filmes anteriores. Numa franquia que continua sem esquecer o seu passado, o futuro parece difícil de antever. Porém, o culminar do filme mais recente ocorre numa espécie de museu ou santuário, onde os disfarces e as armas utilizadas ao longo dos últimos 27 anos estão armazenados: o assassino de Scream VI quer dar continuidade ao legado dos anteriores psicopatas. O futuro de Ghostface parece estar garantido.
A evolução da franquia também se faz sentir na passagem de testemunho da figura protagonista: este é o primeiro filme em que Sidney (Neve Campbell), a final girl original de Ghostface, não dá as caras. Porém, Sam (Melissa Barrera) parece estar à altura do desafio e tem vindo a conquistar os corações dos fãs. Enquanto filha de Billy Loomis (Skeet Ulrich), a jovem sobrevivente tem de lidar com o seu lado mais obscuro: será ela só mais uma vítima ou a verdadeira agressora? A dualidade da sua personagem confere uma complexidade que, até ao momento, não existia na figura de final girl – um conceito refrescante para o género slasher.
“Quem é o assassino?” continua a ser o grande mistério da franquia de Scream que, ano após ano, tem vindo a provar que é capaz de se adaptar e reinventar, respondendo às exigências das novas audiências. Contrariando os críticos cinéfilos do Letterboxd – alvo de críticas nesta nova instalação da saga – Scream VI já arrecadou mais de 115 milhões de dólares em bilheteira mundial. Afinal, Ghostface não tinha assim tanta razão: as pessoas ainda gostam de ir ao cinema.
“Who gives a fuck about movies?”
– Ghostface, em Scream VI
Fonte da capa: IMDb
Artigo revisto por Andreia Batista
AUTORIA
Perdidamente apaixonado pelo mundo do audiovisual. Adora procrastinar: ficar em casa, enrolado em mantas com uma caneca quentinha de chá enquanto vê um filme ou uma série é o seu passatempo preferido. Apesar de ser tímido, é através das palavras que consegue exprimir os seus pensamentos.