A vez de Dillaz no Coliseu
Se não fosse para ser inesquecível, nem valia a pena acontecer. Dillaz atuou a 1 de março no Coliseu dos Recreios e superou todas as expectativas.
Dillaz é o nome que tem ecoado nas ruas e nos ouvidos de uma geração sedenta por autenticidade. Depois do lançamento do novo álbum, O Próprio, o artista português, com a sua habilidade lírica, transcendeu mais uma vez o papel de mero músico e tornou-se num ícone e numa fonte de inspiração para muitos.
Ao longo dos anos, André tem vindo a demonstrar a sua versatilidade artística e, por isso, o concerto no Coliseu em nome próprio foi uma consagração dos últimos 13 anos de carreira e uma celebração daquilo que tem vindo a conquistar.
A setlist não podia ter sido melhor. Fomos recebidos por Gangsta e por efeitos visuais espantosos, mas rapidamente recuámos até 2012 com Pessoas Sentidas e Cartas. Passou por Clima, 1100 cegonhas, Wake n Bake com Regula e chegou às músicas mais recentes dos últimos álbuns com Maçã e Colãs.
Uniram-se a este universo os fantásticos convidados que trouxe ao palco. Do álbum mais recente, todos tiveram a sua oportunidade – Julinho Ksd e Tiwi. No entanto, foi na vez de Plutónio com o estrondoso Alô que o público mostrou com entusiasmo o impacto que este trabalho em conjunto teve. Ainda houve tempo para ouvir um dos feats mais improváveis de 2023, Carro de Bárbara Bandeira.
Em plenos pulmões a plateia cantou os hinos Não sejas agressiva e Mo boy, levando, realmente, o Coliseu abaixo. Por outro lado, quando foi a vez de Hennessy, fez-se silêncio para se conseguir ouvir esta obra-prima. Ao longo do concerto, fez-se acompanhar pela banda, composta por GOIAS, Monksmith, Xicão e Jörg Demel – que teve um papel essencial na mestria dos instrumentos que deram vida aos beats nas músicas Protagonista e Pula ou Levas Bléu.
Dillaz tem sido um artista que tem conseguido acompanhar os tempos de mudança, mas sem nunca perder a sua essência e claramente deixar sempre a sua marca no hip-hop português. É através do novo álbum que mostra uma faceta diferente daquilo que tem vindo a habituar o público que o segue: uma veia um pouco mais pop com um toque de auto-tune.
Foi um concerto memorável que não teve nem um minuto de silêncio. Desde os primeiros acordes aos últimos, o público foi sempre caloroso e estava realmente entusiasmado com o que poderia acontecer a seguir. Num mundo onde a cultura e a música muitas vezes são comercializadas e diluídas para consumo massivo, Dillaz permanece como um farol de autenticidade, mas sem nunca negar a sua evolução. O que se segue? Mais um concerto em nome próprio, desta vez em 2025 no Campo Pequeno.
Fonte da capa: SaraHawkkk para SeventyFive
Artigo revisto por Irina Figueiredo
AUTORIA
A Mariana, estudante de jornalismo, nunca pensou que a sua vida iria tomar este rumo. Mas, recentemente, descobriu a sua paixão pela escrita e pela comunicação. Aventurou-se na escs magazine para sair da sua zona de conforto e atingir todos os seus objetivos. Curiosa e observadora acredita que este é o lugar certo para ela!