Música

A indústria musical brevemente numa for you page perto de si

Ainda está na memória de todos nós os meses que tivemos de passar em casa: 24 sob 24 horas debaixo do mesmo teto. A pandemia fez com que surgisse um vazio na vida de todos e muitos decidiram combatê-lo com a, até à altura, pequena aplicação chamada TikTok. 

Passados três anos, o TikTok transformou-se na sétima maior aplicação mundial; em 2021, alcançou a marca de um bilhão de usuários ativos por mês, o que corresponde a cerca de 14% da população mundial. Além disso, 66% dos usuários têm menos de 30 anos e a grande maioria das pessoas têm entre os 16 e  os 24. 

A plataforma constitui, assim, um importante espaço de marketing onde várias marcas tentam a sua sorte ao publicitar produtos e serviços. Do mesmo modo, a indústria musical não ficou de fora: teve de se adaptar e aderir a todas as estratégias de divulgação. E a verdade é que foram muitos aqueles que aproveitaram e alcançaram o estrelato na aplicação e, automaticamente, fora dela. 

Os artistas norte-americanos Olivia Rodrigo e Lil Nas X são o perfeito exemplo da repercussão do TikTok na vida real. O rapper viralizou com a música Old Town Road e, posteriormente, com o single MONTERO. Conta agora com quase 30 milhões de seguidores e mais de um bilhão de gostos. Recebeu ainda dois Grammys.  Já a compositora tem mais de três  milhões de gostos no seu primeiro vídeo na aplicação, onde cantou um original. Desde aí, Olivia lançou um álbum e ganhou três  Grammys, incluindo o de “Artista Revelação”. 

@livbedumb

hi! my first tik tok! my name is olivia and I write songs a lot! hope u like dis one!

♬ original sound – Olivia Rodrigo

A razão para tanto sucesso num curto espaço de tempo deve-se também aos direitos de autor. Enquanto o Instagram e o Facebook excluíam publicações com músicas (ou diminuíam o seu alcance), o TikTok permite a publicação de vídeos ao som de grandes artistas como Taylor Swift ou Bad Bunny. Além disso, não se pode negar que durante anos “as nossas vidas reais passaram a depender e a coexistir com as vidas virtuais” [Renata Monte]. Se para uns artistas o TikTok reforça a posição nos charts mundiais, para aqueles que só agora estão a dar os primeiros passos na indústria pode ser uma mais-valia na divulgação do seu trabalho. O grupo português Ganso, viu o seu trabalho nas trends portuguesas depois do single Sorte a Minha ter viralizado. 

Apesar disso, são também várias as músicas antigas que voltam a ser relançadas e acarinhadas pelo público: Dreams, dos Fleetwood Mac; I’m Just a Kid, do Simple Plan, More Than a Woman, do Bee Gees ou Just the two of us, do Grover Washigton e Bill Withers. 

No entanto, são vários os críticos que vêm as consequências desta massificação da música nesta aplicação, num longo prazo de tempo: “muitas vezes, artistas com talentos indiscutíveis não têm o mesmo alcance que músicas que seguem o mecanismo dos jingles. Isso não é novidade, mas a tendência é que se produza em escalas cada vez maiores músicas do mesmo género, do mesmo formato, melodias e letras parecidas, padronizando os produtos e levando artistas de outros estilos a seguirem a ‘fórmula viral’ ”, defende o compositor brasileiro Guilherme Arantes. Vai mais adiante e afirma também que nunca se vai habituar a músicas de apenas um minuto e 30 segundos.

Assim, a aplicação chinesa tornou-se no “ponto de encontro entre o artista e o público.” As empresas perceberam rapidamente que se fizerem o desafio que está na moda ou se utilizarem a música que passa na for you page dos utilizadores, estão no caminho certo para serem vistos por milhares.  

Fonte da capa: Observador

Artigo revisto por Inês Gonçalves

AUTORIA

LINKEDIN | + artigos

A Mariana, estudante de jornalismo, nunca pensou que a sua vida iria tomar este rumo. Mas, recentemente, descobriu a sua paixão pela escrita e pela comunicação. Aventurou-se na escs magazine para sair da sua zona de conforto e atingir todos os seus objetivos. Curiosa e observadora acredita que este é o lugar certo para ela!