Cinema e Televisão

American Sniper

Os dados estavam lançados antes de chegar às grandes salas de cinema e a reacção da mesa ganhou outras proporções com a sua estreia. American Sniper, de Clint Eastwood, é uma longa-metragem polémica, sim, mas executada na perfeição e um sério candidato aos Óscares… Se a Academia a isso estiver disposta.
‘Então mas… E o bebé falso?’ dirão muitos logo depois deste primeiro parágrafo. O dito ‘bebé falso’, que aparece depois de um pequeno rebento que mexe os dedos como qualquer um de nós, é um simples detalhe que passa ao lado de todo o filme – menos de quem nele vê, apenas, cenas passíveis de serem criticadas.

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American Sniper, um drama biográfico que não tem Eastwood num papel principal – é Bradley Cooper quem assume a interpretação de uma personagem apelidada de ‘Lenda Viva’ – coloca-me(nos), sim, com um grande entrave à partida para a sua análise: a ética; o poder, o querer, o dever ou não fazer.
Escolhido o caminho de análise que mais se adeque (neste caso, o do conteúdo em si), coloco de parte quaisquer questões consequentes de tudo aquilo que é exterior ao trabalho de Eastwood e à sua escolha pelo guião.
Mais que um retrato de um cenário de guerra, American Sniper é o retrato do cidadão norte-americano idealizado por muitos – aquele que abandona a sua casa, a sua vida, a sua família (em crescimento) para defender a sua bandeira; o ‘greater good’, que passa assim a ser a sua razão de ser, aquilo que justifica cada segundo de inalação de ar puro.
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Em American Sniper não existe ‘o outro lado’. Há sim um esquadrão, os seus superiores e o seu objectivo: abater o inimigo. Subjacente a esse está a mensagem passada por Eastwood ao escolher o argumento, está a caracterização e partilha de história de alguém responsável por dezenas de mortes. Deveria ter sido feito? Talvez não, não, porque não? As respostas são muitas mas, no que toca à qualidade do retrato, poucas ou nenhumas são as dúvidas: Cooper está ao nível exigido pela interpretação do primeiro ao último minuto, com ou sem AK47 na mão, dentro ou fora de cenário de guerra.
De regresso ao conteúdo em si, resume-se em poucas palavras a uma exploração máxima do cenário de guerra em território hostil. Aqueles que ficam por morrer nos primeiros vinte e oito minutos de película cedem nos seguintes; não há, aliás, quem à morte escape. Os nascimentos são postos em total contraste com o desaparecimento final, o de Chris Kyle.

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