As mulheres do mundo do rock e do metal
É normal um festival de música pesada ter mais fãs masculinos do que femininos, e tal também se reflete nos membros das bandas que tocam nesses concertos. Felizmente, há várias mulheres que mostram que também podem contribuir de formas únicas para este género musical, já de si bastante diversificado. Também elas enchem arenas pelo mundo inteiro e constroem carreiras assinaláveis, que até podem, quem sabe, inspirar outras jovens a seguirem o mesmo caminho. Os exemplos mais populares de mulheres na música pesada vêm de vocalistas, mas também há instrumentalistas igualmente talentosas que merecem ser reconhecidas.
O symphonic metal é uma excelente maneira de introduzir mulheres vocalistas na música pesada. A sua voz é naturalmente mais aguda e menos gutural (algo demasiado comum em grupos de metal). E há duas bandas que representam isto perfeitamente.
Os Epica são uma banda neerlandesa, com uma forte influência da música clássica. Fundada em 2002, têm Simone Simons como vocalista desde 2003. Uma grande mais-valia do grupo é a forma como combina a voz angelical de Simons com um estilo vocal à death metal, propositadamente assustador, do também guitarrista Mark Jansen. Esse casamento está espelhado em todo o repertório da banda e sempre a distinguiu de outros grupos.Com músicas habitualmente longas e temas originais, é fantástico experienciar um wall of death comandado por uma vocalista. Por isso é que os Epica são especiais na sua originalidade em vários aspetos e, com dois guitarristas excelentes (Isaac Delahaye, para além de Mark Jansen), um tocador de keyboard elétrico (Coen Janssen), um baterista (Arien van Weesenbeek) e baixista (Rob van deer Loo) brutais, não dão sinais de abrandar e estão constantemente em tour pelo mundo, tendo recentemente passado por Portugal no VOA – Heavy Rock Festival de 2022 e no Coliseu dos Recreios, em 2023, juntamente com os Apocalyptica.
Seguem-se os Nightwish, grupo finlandês criado em 1996 por Toumas Holpainen. Originalmente era um projeto a solo de música “atmosférica” do teclista, como o próprio descreveu, com guitarras, flautas, piano e uma vocalista – a primeira eleita foi a mítica Tarja Turunen. A banda rapidamente evoluiu e passou a ter guitarra elétrica e bateria. Nasceu então o som distinto que caracteriza os Nightwish até hoje e que claramente marcou o estilo de symphonic metal, com temas longos e extremamente complexos a nível musical, melódico e vocal.
A criatividade da banda não tem limites: estende-se às capas deslumbrantes dos seus nove álbuns de estúdio e também a um filme produzido pela mesma – Imaginarium, baseado no álbum homónimo – em 2012. Desde 2013 que a cantora da banda é Floor Jansen, que rapidamente conquistou o seu lugar no coração dos fãs. Já habituados a tours mundiais, os Nightwish estrearam-se em Portugal no festival de Vilar de Mouros em 2005; seguiu-se uma data dupla no nosso país em 2008, com concertos no Porto e em Lisboa; e a última vez em que a banda esteve em solo nacional foi no já longínquo ano de 2016, no Coliseu dos Recreios.
Passando para, talvez, a banda com a vocalista mais famosa do mundo, os Evanescence foram formados por Amy Lee em 1994 e a vocalista é, há mais de duas décadas, uma das principais caras femininas no rock, muito graças ao clássico de 2003, Fallen, que vendeu mais de 18 milhões de cópias em todo o mundo e inclui temas intemporais como Bring me to Life, My Immortal ou My Last Breath, e que valeram à banda a conquista de dois Grammys.
Para além da voz incontornável de Lee, a banda também já deu palco a outras mulheres, nomeadamente à guitarrista Jen Majura, integrante entre 2017 e 2022 (quando foi despedida) e à baixista Emma Anzai. Com uma última passagem por Portugal em 2022, os Evanescence regressarão ao país no Rock in Rio deste ano.
Abordando as instrumentalistas, Nita Strauss é descendente do compositor de música clássica Johann Strauss e, como tal, a música corre pelas veias da virtuosa guitarrista, que abandonou a escola secundária para seguir o seu sonho musical. Começou a dar nas vistas como membro de uma banda feminina de tributo aos Iron Maiden – The Iron Maidens – e, em 2014, tornou-se na guitarrista das tours do icónico Alice Cooper, posição que ainda ocupa após uma breve pausa em 2022.
A guitarrista já colaborou com dezenas de artistas (mais recentemente com Demi Lovato) e lançou o seu álbum a solo em 2018. Controlled Chaos nasceu após uma campanha de angariação de fundos online, que a mesma criou, ter reunido oito vezes o valor inicialmente pedido. Strauss tocou todas as guitarras e baixos do álbum, assim como tratou da sua produção e montagem. O resultado foram 11 músicas de elevada proficiência técnica. Com apenas 37 anos de idade, espera-se que Strauss continue a ser um exemplo para cada jovem rapariga que sonhe em ter uma carreira como guitarrista no mundo da música pesada.
Outro exemplo popular e mais recente é o da baixista dos Måneskin, Victoria De Angelis. Com apenas 23 anos, Victoria e a banda ganharam reputação internacional desde que foram os vencedores do Festival Eurovisão da Canção de 2021, tendo já tocado em quatro continentes. Atualmente, somam quase 21 milhões de ouvintes mensais no Spotify e, quem sabe, poderão marcar o caminho que a música rock traçará nas próximas décadas.
Por fim, os Skillett são uma banda de rock cristão com duas membros: a baterista e vocalista secundária Jen Ledger e Korey Cooper, guitarrista e mulher do baixista e vocalista principal da banda, John Cooper. Não sendo uma das bandas mais populares fora dos Estados Unidos, já produziram temas icónicos como Awake and Alive, Monster e Hero, estão em tour de forma quase ininterrupta desde a sua formação em 1997 e vêm de um ano de 2023 particularmente atarefado, no qual realizaram uns impressionantes 106 concertos. Resta aguardar pela sua estreia em Portugal.
Fonte da capa: Evanescence Official Store
Artigo revisto por Inês Moutinho
AUTORIA
A Música sempre fez parte da sua vida. Após uma iniciação na música clássica, passou para o rock clássico de Rolling Stones e depressa se focou em bandas de hard-rock e metal (sendo Scorpions e Iron Maiden, respetivamente, as principais referências nesses campos). Hoje, gosta de ouvir um pouco de tudo, desde Mozart a John Coltrane, e desde Guns N’ Roses a System of a Down.
Faltou a “recente” aquisição dos Guns N Roses: a Melissa Reese! E sobre bandas lideradas por mulheres: The Pretty Reckless, também teria sido interessante referir. De resto, excelente artigo!
Obrigado Catarina. Pensei em incluir a Melissa dos Guns N’ Roses, não fosse uma das minhas bandas favoritas, mas acabei por abordar mulheres que têm um papel de destaque nas bandas e, na minha opinião, a Melissa não se sobrepõe a todo o espetáculo dos outros membros dos GN’R. De resto, claro que havia outras hipóteses, como também Babymetal, Arch Enemy ou Girlschool. O importante é que música seja de todos para todos e foi isso que quis mostrar.