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Abril, choros mil: como controlar as emoções

Diria eu, do alto da minha experiência universitária, que o mês de abril é o começo do ápice de stress académico no segundo semestre. Não falemos do mês de maio em que choramos a ouvir Meu querido mês de Agosto, de Dino Meira, (chorar a ouvir música popular portuguesa é o meu guilty pleasure, desculpem), enquanto nos imaginamos de férias, felizes e descansados, quando estamos, na verdade, atolados de coisas para fazer. Em abril, já se sente o acumular de avaliações, mas chora-se enquanto se compra o bilhete para outra festa, enquanto se confirma outro jantar e enquanto se procrastina num café ou num bar qualquer – na versão escsiana, o bar é o Don Giovanni.

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Este artigo não se aplica apenas ao stress universitário e às emoções menos boas que este nos traz, até porque há várias razões para, por vezes, andarmos a bater com a cabeça nas paredes. Por isso, trago dicas para controlar as emoções negativas, seja qual for a causa das mesmas. E começamos por aí: pela causa. 

De que vale fazer mil e uma atividades para controlar as emoções negativas se nem percebemos de onde vêm? Há que identificar o que nos deixou assim e tentar compreender as nossas emoções. Muitas vezes a razão para andarmos tristes, chateados ou stressados está debaixo do nosso nariz e, outras vezes, não há uma razão e estamos só num dia menos bom. É uma questão de autoconhecimento, que, a longo prazo, nos ajuda a lidar melhor com determinadas situações complicadas. 

Algo que ninguém gosta de ouvir é que temos tendência para aumentar os nossos problemas e a dramatizar ligeiramente (ou fortemente) – não estou a julgar, atenção (logo eu, que choro de frustração cada vez que perco o autocarro de manhã). Para ultrapassar os problemas temos de os relativizar e aceitar. Chumbar a uma cadeira é, realmente, muito chato, e é normal verter uma lágrima (até porque o recurso é pago), mas não é o fim do mundo e vamos todos conseguir. Uma rejeição amorosa ou um fim de relação são, realmente, muito tristes e é normal verter uma lágrima (ou 214), mas não é o fim do mundo e vamos sempre ultrapassar. O uso do “vamos” é propositado porque, no fundo, estamos todos no mesmo barco e já todos passámos ou vamos passar por situações destas. Esta estrutura frásica é um dos meus lemas de vida, portanto, aconselho-vos a usar: “Isto [problema que vos atormenta] é, realmente, muito chato/triste/stressante, mas não é o fim do mundo.” – repitam as vezes que forem necessárias.

As pessoas que nos rodeiam são também um fator importante – envolvente. Esta longa palestra sobre não nos deixarmos vencer pelas emoções negativas é toda muito bonita, mas todos nós caímos em choro compulsivo, por vezes, e andar com pessoas que nos julgam e depreciam é dar um tiro no pé. Quem nos rodeia deve ser respeitador, compreensivo, bom ouvinte e realmente preocupado – bom amigo, portanto.

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Existem, ainda, métodos para descomprimir, como a meditação e o journaling, por exemplo. O exercício físico é também um forte aliado, mesmo que consista em virar penáltis no Don – juro que este artigo não tem patrocínio nenhum. No fundo, devemos procurar espairecer e fazer algo de que gostemos. É importante ter sempre em conta que o nosso bem-estar psicológico afeta tudo o resto e que, por vezes, mais vale priorizar a paz d’alma, mesmo que isso implique dar um passo atrás nos outros campos da vida para não entrar num efeito bola de neve. O controlo das emoções é, acima de tudo, algo que aprendemos gradualmente e com calma. Neste mês de abril (e no resto da vida) há que ter paciência redobrada para connosco mesmos e evitar os tais “choros mil”, porque a expressão “Abril, águas mil” refere-se à chuva e não ao choro.

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Artigo revisto por Lara Alves

AUTORIA

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A escrita sempre foi um dos seus guilty pleasures. Desde pequena escrevia textos sobre tudo e sobre nada que entregava a alguém que nada conseguia fazer com eles. O seu intuito, com a entrada na revista, é deixar nas mãos de alguém os seus textos e opiniões de qualidade por vezes duvidosa – mas esforçada – e que esse alguém lhes veja utilidade. Nem que estes sejam, apenas, um entretenimento irrelevante porque a irrelevância também nos acrescenta algo.