Editorias, Música

Deep House

A rúbrica de música eletrónica está de volta.

Uma vez que na primeira edição abordei o género Progressive House, é de House que vos vou continuar a falar. Deep House, é o nome do sub-género que vos quero dar a conhecer agora.

Na verdade, o Deep House surgiu um pouco antes do Progressive, em finais dos anos 80. Contudo, desde essa data até aos dias de hoje que sofreu várias alterações.

Inicialmente, tinha claras influências do Jazz e do Funk, tornando-se, com o passar dos anos, muito semelhante à música Disco, que atingira o seu auge nos anos 70 e 80. O Deep House que é mais conhecido hoje em dia é, no entanto, muito distinto dos seus antecessores. A partir do século XXI, começam a ser mais utilizados os vocals nas faixas, a beneficiar muito dos novos sistemas de produção de música com base na maior e melhor quantidade de software disponível, e a empregar melodias mais complexas que anteriormente.

Mas, afinal, o que é que caracteriza o Deep House? A característica que o torna mais fácil de reconhecer é a de que, possívelmente, é o único género de música House que não atinge um Clímax (detalhe muito importante, por exemplo, no Progressive). Na verdade, o objetivo deste estilo é ter um ritmo mais ou menos estável, com poucas variações, que permita aos ouvintes relaxar e disfrutar da batida – é, por isso, muito utilizado em cafés, esplanadas, e lojas de centros comerciais, onde o objetivo é influenciar o consumidor a sentir-se relaxado, sem pressas e confiante. É, na verdade, um estilo de música que gosto muito de ouvir durante o Verão, época em que o corpo nos pede para relaxar, época em que as próprias ondas do mar soam a música, ao contrastarem com o sufoco do calor. É, também, útil para quem precisa de se concentrar numa tarefa que não exija grande ritmo, como fazer resumos de uma determinada matéria – é eficaz, precisamente pelo padrão repetitivo e relaxante que o caracteriza e que ao funcionar quase como um loop, não nos distrai, passando no entanto uma forte energia positiva.

Em termos mais técnicos, o define este estilo acaba por ser um ritmo mais suave, rondando frequentemente os 120 bpm, o uso de vocais relaxantes e elegantes (também daí, associados ao termo “deep”, por estarem ao fundo na composição da música), a sonoridade de música ambiente que possui, e o uso de tons menores na escala e melodias um tanto complexas.

Os exemplos que vos trago deste género são bem recentes. Se estiverem interessados em conhecer mais da origem do mesmo, sintam-se à vontade para pesquisar, por exemplo, por Larry Heard, “Can You Feel It?”.

Atualmente, Disclosure, é um dos duos de música eletrónica mais populares. Os irmãos Guy e Howard Lawrence deram início ao projeto em 2010, em Inglaterra, tendo desde então editado dois álbuns: Settle (2013) e Caracal (2015), e alcançado enorme sucesso por todo o mundo.

Outro duo, não tão conhecido, composto pelos australianos Hugo Gruzman e James Lyell, segue pelo nome de Flight Facilities, sendo também conhecido por Hugo & Jimmy (qual vos agra mais, leitores?). Só lançaram um álbum, Down to Earth, em 2014, mas ainda assim, o exemplo que vos trago da sua autoria é dos melhores para ilustrar o Deep House.

Espero que tenha gostado da descoberta, e que a mesma tenha um contributo positivo na forma como vocês encaram a difícil tarefa de resumir páginas e mais páginas de matéria.

Fiquem atentos, em breve irão estar a par de um outro tipo de música eletrónica!

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