Opinião

Dia Mundial do Veganismo: Uma opção a ter em conta

Novembro tem tudo o que é preciso para ser um mês peculiar. Começamos pelo Halloween, o mês ainda mal nasceu e já tem guloseimas pegajosas que graúdos lhe prenderam ao cabelo. O trabalhão que lhe dará quando descobrir que há teias por retirar dos prédios…

Tem sorte que no dia seguinte é feriado. Dia 1 de Novembro celebra-se – não sei se a escolha do verbo é a mais acertada – o dia de Todos os Santos. Para os mais esquecidos, resumidamente, trata-se do dia em que se homenageia e visita os que cá não estão mais presentes. 

No Reino Unido, foi estabelecido pelo presidente da The Vegan Society, em 1994, como sendo o Dia Mundial do Veganismo. Coincidência serem ambos celebrados no mesmo dia, dado que ainda se acredita que os intitulados ‘vegans’ se tratam de indivíduos que usam como meio a desnutrição para alcançar o além.

Para desmistificar e tomarmos conclusões, é preciso perceber três pontos cruciais: o conceito deste estilo de vida, a individualidade do corpo humano e a flexibilidade de escolhas de cada interveniente.

Contrariamente ao que é pensado, o Veganismo não é somente uma dieta, mas um estilo de vida que percorre óticas alimentares, sociais e ambientais. É, então assim, excluído o consumo de produtos de origem animal – incluindo derivados como ovo, queijo e leite – como também de itens testados em animais ou que provenham destes, na vertente da higiene básica e de vestuário.

Fonte: espalhafactos.com

É relevante lembrar que, há três anos, Portugal aprovou a lei que obriga cantinas e refeitórios públicos a fornecer uma opção vegetariana, o que pode vir a ser um começo para a regulamentação do mercado e uma futura disponibilidade maior de opções também veganas. De momento, o público contenta-se com omeletes e alface. Porque “é isso que eles comem, né?”. 

Um dos pontos mais debatidos será a falta de cálcio, vitamina B12 e proteína a que uma pessoa vegana pode estar sujeita. O essencial é perceber que dependendo de indivíduo para indivíduo e respetivos passados clínicos é que se pode vir a observar (ou não) essas carências. Se formos a pensar, o facto de sermos omnívoros não faz com que tenhamos uma alimentação obrigatoriamente mais completa ou saudável que a de um vegano.

Para uma nutrição vegana beneficente, é preciso ter um equilíbrio que nos possibilite a substituição total dos produtos de origem animal pelos de origem vegetal. Algumas ajudas estão no tofu ou na soja, por exemplo, que conseguem complementar um prato recheado de leguminosas como o grão, feijão e massa, arroz ou quinoa. Na seguinte imagem, podemos ter uma ideia da roda alimentar vegan e respetivas porções a reter para um maior sucesso nutritivo.

Fonte: receitaparatudo.com

A prática de não comer carne é cada vez menos visto como um bicho de sete cabeças, principalmente pelos mais novos. Num simples acompanhamento de nutrição e análises regularmente feitas, é possível, sim, manter uma alimentação isenta de produtos de origem animal. Tal como é cada vez mais fácil encontrar opções vegan que vão além do que pomos no prato. No entanto, em casos em que não haja possibilidade para tal, é sempre importante manter uma flexibilidade consoante os contextos em que nos inserimos e não nos sujeitarmos a um sentimento de culpabilidade.

Em Portugal, o número de veganos duplicou em relação a 2007, contando-se já com mais de 60 mil pessoas. Visto este estilo de vida abordar a órbita da moda e da higiene, naturalmente, alguns costumes de consumo foram mudando com o aumento da adesão. No que toca à roupa, são preferidos artigos que não sejam feitos de material de origem animal, como é de exemplo a pele, o couro e a camurça. Em vez disso, é optado por opções sintéticas. Para além do vestuário, também o calçado é influenciado por estas preferências. Na seguinte imagem, ajudamos a decifrar os símbolos que identificam se um artigo é feito a partir de pele de animal ou não.

Fonte: oyuncak-ayilar.de

O caso da cosmética não fica atrás, sendo que são cada vez mais procurados produtos veganos, tanto aqueles que não contêm elementos como o leite ou mel, como também aqueles que provam que não fazem testes em animais. Algumas das marcas a apostar para tais efeitos são a Mind The Trash e a Unii Organic Skin Food.

Neste dia celebra-se a consciencialização, a preocupação ambiental e, portanto, o Veganismo. No entanto, não é necessariamente preciso termos um estilo de vida vegan para fazermos a diferença. Nem todos nós temos capacidades financeiras para optarmos por produtos mais sustentáveis ou moramos em sítios desenvolvidos o suficiente para nos localizarmos facilmente em busca desses, talvez, privilégios. O que conta é fazermos o que está ao nosso alcance. E o nosso alcance pode ser uma refeição à base de legumes por semana ou mantermos uma rotina vegan há mais de cinco anos, por exemplo. Neste 1 de Novembro celebra o Veganismo da forma que puderes e quiseres.

Artigo escrito por Margarida Ramos

Artigo revisto por Ana Rita Sebastião.

AUTORIA

Estuda audiovisuais, no entanto sempre teve necessidade de se comunicar através da escrita. Foi no secundário que começou por incentivo dos professores a desenvolver críticas e a escrever poesia. Agora, tem como principal interesse o Cinema, onde tenciona dedicar-se, futuramente. Outro fator importante para si é também a análise e crítica de assuntos sociais que lhe parecem exigir maior atenção.