Podcast com Morangos: um regresso à doce memória dos Morangos com Açúcar
Os Morangos com Açúcar deixaram, e ainda deixam, milhares de crianças e adolescentes agarrados à televisão, marcando o crescimento de várias gerações. A série infantojuvenil exibiu o último episódio em 2012, mas mantém-se viva até hoje através dos seus fiéis seguidores e novos fãs. Tânia Oliveira e Tiago Sardo, seguidores da série durante a adolescência, vêm reavivar a memória de todos aqueles que viveram os Morangos com Açúcar, conversando com quem nos proporcionou essa vivência. O Podcast com Morangos faz com que todas as luzes dos holofotes voltem a apontar para a série, e toda a atenção volte a estar nela.
Numa entrevista à ESCS Magazine, o casal conta todos os pormenores do seu novo projeto em comum e volta a abrir este capítulo inesquecível dos anos 00’s em Portugal.
Como surgiu a ideia do Podcast com Morangos e de quem foi?
Tiago
Eu e a Tânia estivemos à frente da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Humanas e percebemos logo que gostávamos de trabalhar juntos. Quando acabou o mandato, sentimos falta de um projeto nosso, mas não sabíamos sobre o quê. Eu sou mais de rádio, a Tânia é mais de televisão e, então, pensámos em criar um podcast com imagem no Youtube. A meio do ano passado, decidimos parar de adiar este projeto e começámos a pensar num tema. Na altura, pensámos que seria interessante falar com pessoas que neste momento já utilizem as suas redes sociais como forma de viver porque gostamos muito da parte da comunicação digital. Começámos a fazer uma lista de potenciais convidados, entre eles os D’ZRT, que tinham acabado de anunciar o seu regresso pelo digital. Depois, pensei também que era giro virem falar sobre os Morangos com Açúcar e, por fim, percebi que devíamos criar um podcast sobre os Morangos com Açúcar, onde fizéssemos entrevistas aos atores e atrizes da série. Liguei à Tânia e contei-lhe a ideia e, na altura, pensámos: “Como é que ninguém se lembrou disto antes?”.
Qual tem sido o vosso feedback em relação a este projeto?
Tiago
O feedback tem sido super bom. Está a ter este sucesso porque existem canais que continuam a transmitir os Morangos com Açúcar, e existem as novas gerações que continuam a vê-los, mantendo a série viva.
Tânia
É muito bom porque o feedback tem vindo de várias faixas etárias, incluindo pessoas de gerações mais novas. Nós nunca tínhamos tido esta exposição. O feedback dos atores também tem sido espetacular e é muito bom saber que eles próprios também querem recordar esses tempos e ajudam-nos a melhorar ainda mais, portanto nós só temos mesmo a agradecer.
Onde estavam quando os Morangos com Açúcar estrearam?
Tiago
Os Morangos começaram a dar quando estávamos no primeiro ano, portanto acompanharam-nos desde aí. Tínhamos aquele ritual de sair das aulas, ir para casa ver o episódio do dia anterior e o do próprio dia.
Tânia
Sim, até partilhei com as pessoas no episódio zero, quando anunciámos o podcast, a memória que é chegar a casa da minha avó, ir para a cozinha, para aquela cadeira ao lado da parede, sentar-me a comer as minhas bolachas e a ver os Morangos. É mesmo uma imagem que fica para a vida.
Quando vocês viam a série alguma vez imaginaram que iam chegar a conversar com os atores e com a equipa?
Tiago
Não, porque os atores dos Morangos eram alguns dos meus ídolos e nunca na vida sonhei andar a trocar mensagens ou dar boleia a alguns deles, e é tão gratificante ter este tipo de experiências. É atingirmos algo que nunca na vida pensamos atingir e que se calhar o Tiago e a Tânia mais novos iriam ficar completamente orgulhosos, entusiasmados e ansiosos.
De todos os participantes que já entrevistaram, têm algum favorito?
Tiago
É muito ingrato escolhermos um, mas há quatro atores que vamos estar sempre extremamente gratos, porque foram aqueles que confiaram em nós sem termos algo palpável para mostrar: o João Bonneville, o Miguel Santiago, a Carolina Castelinho e o Guilherme Filipe. Nós consideramos o João Pedro Bernardes como, se calhar, o principal fã do nosso podcast, porque além de o ouvir, ajuda-nos a fazê-lo crescer. Por outro lado, nunca na vida esperávamos entrevistar o João Pedreiro, que foi o diretor de atores dos Morangos, foi das entrevistas mais espetaculares que nós fizemos.
Tânia
Só queria dar relevância e agradecer a todos os que têm vindo ao nosso podcast, principalmente aos primeiros, mas também aos que continuam a dizer que sim. Todos eles conseguem dar-nos um bocadinho mais e ajudar-nos. O João Pedro Bernardes, como o Tiago estava a dizer, é um desses exemplos porque como tem um canal no Youtube ajudou-nos muito. Portanto, queremos agradecer-lhes e também ao João Pedreiro.
Em relação aos episódios, há algum que tenha sido marcante para vocês e que vos tenha tocado?
Tânia
Eu chego ao final de praticamente todas as entrevistas e digo: “isto foi incrível“. São todas marcantes de uma forma ou de outra. Obviamente que há, por exemplo, a do Luís Lourenço, porque abordámos o falecimento do Dino. Esse tipo de coisas também tornam o episódio mais intenso. Por outro lado, o João Pedreiro, que está por detrás das câmaras e, portanto, torna-se um bocadinho um pai para todos eles.
Tiago
Queria ainda acrescentar a do Miguel Santiago, porque ele ao falar da relação com os colegas, tornou a entrevista muito engraçada.
Qual foi a vossa maior surpresa em relação aos entrevistados ou a algo que vos contaram?
Tânia
Houve pelo menos dois ou três convidados que nos disseram que tiveram uma crush, ou uma atração maior, pela pessoa com quem contracenaram e é muito giro vê-los a revelar essas coisas, porque uma parte de nós se calhar sempre se perguntou se eles gostavam ou sentiam alguma coisa um pelo outro.
Tiago
Voltando à entrevista com o Miguel Santiago, a facilidade de abertura com que ele falou sobre ter lidado mal com a fama, eu também não estava à espera de que ele se abrisse tanto nesse aspeto. Em termos de surpresa, o facto de o Professor Sapinho não ter gostado de fazer o filme, ou de se ter arrependido de o fazer, também não estávamos à espera disso.
Se houvesse essa nova temporada dos Morangos com Açúcar, havia algum ator ou atriz que vocês fizessem questão de que participasse?
Tiago
A Magui Corceiro está com um crescimento enorme, por exemplo. Quem viu as primeiras novelas e quem vê agora nota um crescimento absurdo, no bom sentido. A Madalena Almeida, a Catarina Rebelo e a Alba Batista.
Tânia
Eu ia dizer a Bárbara Branco e o José Condessa, também se encaixa também.
Em relação aos episódios do podcast, como é que é o processo? Algum de vocês tem uma função específica?
Tânia
Não houve uma reunião para definirmos. Há coisas que fazemos os dois, acabamos sempre por fazer um brainstorming os dois e perceber o que é que queremos realmente com aquilo, mas o Tiago edita, porque é o rei das edições.
Tiago
Nós temos as coisas muito bem definidas e foi uma coisa muito natural. A Tânia tem-se debruçado mais sobre os guiões e tem sido bastante elogiada até pelos convidados. A entrevista é tanto mais interessante quanto mais específicas forem as perguntas, portanto a construção do guião é muito importante.Eu estou mais ligado ao pós, à parte das edições. Depois temos a minha irmã, que é a nossa fã nº1. Temos de a mencionar, porque ela tem-nos ajudado muito a decidir o que sai nas redes sociais, é importante ter uma opinião de fora. E ainda nos ajuda a gravar pequenos vídeos e a tirar fotografias enquanto nós estamos a entrevistar as pessoas. Depois a parte de falar com os atores é um bocadinho dos dois.
Já alguém rejeitou? Como é que lidam com as possíveis rejeições?
Tiago
Muitas vezes. Alguns não querem recordar este período da sua vida por vários motivos e estão no seu direito, nós só temos de respeitar. Mas é triste principalmente quando são grandes personagens. Eles precisaram dos Morangos para crescer como rampa de lançamento, mas muitos não querem recordar essa fase, o que não significa que não estejam gratos por terem participado. Nós não queremos tocar em temas que incomodam os convidados, só vão falar daquilo que querem.
Tânia
Nós vamos estar cá para dizer que sim, sem rancor nenhum, se no futuro eventualmente quiserem. Gostaríamos de entrevistar todos.
Qual é a parte favorita de ter um podcast, e este podcast em específico, e também qual é a parte mais difícil?
Tânia
A parte mais desafiante é conciliar o podcast com a nossa vida profissional. Portanto, tem de haver aqui uma gestão: abdicamos muitas vezes de grande parte do nosso fim de semana ou de fins de dias de trabalho para fazer entrevistas. Outra parte é, sem dúvida, conciliar com os horários deles: muitos deles podem estar em gravações e só estão disponíveis durante a manhã, nós não porque estamos a trabalhar. A melhor parte acho que é sem dúvida conversar com eles. A mais difícil pode passar também pelos temas em que tocamos.
Tiago
Concordo plenamente com a Tânia e, além disso, é também o feedback que temos recebido das pessoas, através das mensagens.
Tânia
O que se torna super motivador e que nos faz pensar “ok, é por isto que aqui estamos”.
Relativamente ao futuro, qual é o vosso maior sonho em relação ao podcast?
Tiago
Temos muitas ideias, tudo depende de como as coisas se desenrolarem, das oportunidades que forem surgindo e de como as coisas estiverem.
Tânia
Sendo o mais transparente possível convosco, no início quando o Tiago deu essa ideia, nesse mesmo telefonema eu comecei logo “ó meu Deus, e depois podíamos ir à televisão e apresentar o podcast”, é um objetivo. Depois, já pensámos em fazer tipo o podcast em versão live, andar por aí tipo em digressão a fazer o podcast e depois fazer uma mesa-redonda com alguns atores, por exemplo. Gostávamos muito de fazer espetáculos ao vivo e ir à televisão também.
Tiago
E se tudo correr bem iremos lá chegar. Até porque nós achamos que é giro poder aproximar os fãs novamente dos atores. Poderem estar presentes pessoalmente e não estar só a ver, poderem também interagir e fazer as suas próprias perguntas.
Foto da capa cedida por Podcast com Morangos
Artigo revisto por Beatriz Santos
AUTORIA
A escrita sempre foi um dos seus guilty pleasures. Desde pequena escrevia textos sobre tudo e sobre nada que entregava a alguém que nada conseguia fazer com eles. O seu intuito, com a entrada na revista, é deixar nas mãos de alguém os seus textos e opiniões de qualidade por vezes duvidosa – mas esforçada – e que esse alguém lhes veja utilidade. Nem que estes sejam, apenas, um entretenimento irrelevante porque a irrelevância também nos acrescenta algo.
Está no segundo ano do curso de Jornalismo e, durante os seus 19 anos de vida, sempre achou que se vestia super bem. Mas claro que agora olha para trás e ri-se imenso de certos outfits que usou. Quer sempre melhorar, gosta imenso de quando a vida a surpreende e acha que é das pessoas que mais sonhos tem, sendo um deles sem dúvida trabalhar na Vogue. Decidiu entrar na ESCS Magazine, por esta lhe dar um gostinho do que é escrever na área da moda, e por acreditar que “tudo acontece por uma razão” o que a leva a aceitar sempre novos desafios e experiências.