Uma viagem escrita por Gracie Abrams
Good Riddance é o primeiro álbum de estúdio da cantora e compositora americana Gracie Abrams. Foi lançado a 24 de fevereiro de 2023, através da Interscope Records. O álbum foi escrito por Abrams e Aaron Dessner.
O álbum chama-se Good Riddance, uma expressão em inglês que expressa alívio por estar livre de uma pessoa ou coisa indesejada. Good riddance pode também significar “boa viagem”. Este projeto é, de facto, uma boa viagem – triste, mas boa. Com melodias e letras melancólicas, este é um trabalho para ouvir numa tarde de chuva, embrulhado numa manta. O álbum conta uma história de desgosto e as 12 canções representam diferentes capítulos. As músicas espelham as várias fases do luto de uma relação ou de um ciclo que acabou.
A primeira música Best é sobre arrependimento, culpa e responsabilidade. Gracie admite que agiu mal com alguém que a amava. Nesta música vemos a maturidade da sua escrita, uma maturidade que não se espera de uma jovem de 23 anos.
A música I know it won’t work retrata um amor impossível e o querer estar com alguém mas saber que não se pode. A melodia não é memorável e temos de ouvir várias vezes para passarmos a gostar. A verdade é que as canções deste álbum não são “canções de rádio” e duvido que se tornem grandes hits. Gracie Abrams procura ser verdadeira, e não seguir a fórmula que funciona. Não se importa com o que vai agradar um público maior, mas o que vai agradar o seu pequeno público.
Em Full machine, Where do we go now?, I should hate you e This is what the drugs are for, Gracie canta sobre dependência emocional e não conseguir deixar alguém ir. A compositora expressa de diversas maneiras a tristeza que a saudade lhe traz.
Na 6.° canção Gracie apercebe-se de que aquele a quem se dirige não a ama colocando a pergunta Will you cry if I let go?. A melodia é muito bonita e a repetição funciona muito bem, neste caso.
A canção Amelie causou discussão entre os fãs da cantora nas redes sociais, pois surgiram diferentes interpretações da letra. A música parece ser dedicada a uma menina que Gracie conheceu e que causou um impacto duradouro na sua vida, apesar da interação ter sido curta. A canção fez alguns fãs lembrarem-se de amigos de infância que desapareceram das suas vidas e questionarem-se acerca do seu paradeiro. Já outros levantaram a hipótese de que a Amelie não existe e é apenas uma ilusão subconsciente ou representa um sentimento. Este debate é consequência de um excelente songwriting. A canção deixou de ser da compositora, libertando-se do significado que esta lhe deu, para passar a pertencer ao público.
Difficult fala sobre dores de crescimento e inseguranças que vêm com a vida adulta. Esta canção tem a melhor melodia do álbum. O refrão, com notas tensas e conclusivas, faz o ouvinte querer cantar em alto e bom som.
Em Fault line a cantora não muda o registo vocal, cantando da mesma maneira do início ao fim da música, isto torna-a chata e repetitiva. A verdade é que Gracie Abrams não explora a sua extensão vocal em nenhuma das 12 canções. Apesar de poder ter sido uma decisão consciente, é uma pena que a cantora não explore melhor o seu instrumento vocal.
The blue é a única canção feliz do Good riddance, divergindo um pouco do tema do álbum. A letra descreve o estágio inicial da paixão com versos como “Despite the space between us//I’ve never felt this close to someone”. Já a melodia é muito triste e a sua junção com a letra não funciona.
A última canção é Rigth now. Gracie termina o álbum com a frase “Think I’m more alive somehow I feel like myself right now“, tranquilizando o ouvinte, informando-o de que a viagem terminou bem.
Fonte da capa: Spotify
Artigo revisto por Andreia Batista
AUTORIA
A Catarina tem uma paixão enorme pela escrita e pela criação, estando a licenciar-se em jornalismo na ESCS. Gosta de juntar palavras para contar histórias e estima ver as suas ideias em tinta e papel. Juntou-se à ESCS Magazine para fazer o que mais ama.