Euphoria: retrato cru e honesto da adolescência
“Euphoria é para o público maduro. É um retrato cru e honesto do vício, da ansiedade e das dificuldades de navegar na vida atualmente. Há cenas que são gráficas, difíceis de assistir e podem ser desencadeantes”: foi deste modo que a atriz e realizadora Zendaya descreveu a série antes da mesma estrear.
Euphoria é altamente criticada por retratar experiências adultas em adolescentes – o enredo foca-se num grupo de jovens que frequenta o ensino secundário e que adota comportamentos perigosos. Nesse contexto, poderia ser mais realista se a história fosse sobre um grupo de universitários. A série retrata o abuso de drogas, violência e nudez – características que não são habituais, ou são apenas abordadas superficialmente, na maioria das séries com adolescentes.
Apenas com duas temporadas, o impacto da estética de Euphoria já é notório em diversos aspectos, como nas redes sociais, festas temáticas, maquilhagem e moda. Esta combinação de história com marketing resultou, uma vez que o público-alvo é altamente suscetível à manipulação visual, algo que diferencia Euphoria das outras séries.
Ao ver a série é fácil esquecer os assuntos sensíveis que são abordados, como o abuso de substâncias e doenças mentais, pois estes são ofuscados pela uma imensidão de luzes coloridas e música alta da banda Labrinth
A série da HBO fez furor independentemente das opiniões. Opiniões, que se multiplicaram milhões de vezes, com um clique na internet, e que estão em espectros completamente opostos, desde elogios a largas críticas.
Um dos maiores contributos desta série é a representação e a sua diversidade. Uma das personagens é transgénero, porém esse não é o foco principal da sua história. Assim como uma a história da personagem Kat: uma rapariga que considera estar acima do peso desejado, mas cuja história se centra em volta do seu empoderamento. Neste universo não há separações sociais, nem a separação entre os “populares” e os “totós” – todas as personagens interagem e convivem umas com as outras.
Mas Euphoria tem grandes falhas.
A única personagem que enfrenta as consequências dos seus comportamentos é Rue. As outras personagens também adotam comportamentos de risco, algo que sai sem consequências ou intervenção parental. Além disso, há uma romantização da autodestruição dessas personagens. Por detrás de brilhos e hipersexualização escondem-se jovens com grandes problemas. Problemas estes que podem fazer com que alguns jovens ganhem empatia com as personagens, mas também que se sintam inclinados a adotar as mesmas decisões irresponsáveis e impulsivas.
Euphoria, ainda nos tem muito para contar.
E, com o final da segunda temporada,
traz a oportunidade de em episódios futuros
mostrar uma evolução positiva nas suas personagens.
Fonte da capa: Tracklist
Artigo revisto por Ana Sofia Cunha
AUTORIA
A Matilde sempre sonhou em ser jornalista. Isto depois de ter desistido das suas aspirações de astronauta do jardim de infância, por estar sempre na lua. É apaixonada por histórias independente do formato onde estas estejam. Procurou a ESCS Magazine para contar algumas das suas. É licenciada em Ciências da Comunicação, e atualmente frequenta o mestrado de Jornalismo da ESCS.
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Adorei a forma como é retratada a história. O assunto está muito bem espelhado e faz-nos apetecer ir a correr ver a série. Obg