Literatura

E viveram todos infelizes para sempre

E viveram todos infelizes para sempre” Ora aqui está uma frase que raramente lemos e que muito menos surge atrelada à capa de um livro. 

O processo que envolve a escolha de um livro, independentemente da sinopse, contém uma grande dose de expetativa e, por muito sombrio que seja o género, uma esperança de que o protagonista chegue às últimas páginas feliz. 

No entanto, finais tristes têm um poder de sedução capaz de nos manter acordados até tarde; por isso, no final do mês do amor, aqui vão 5 livros cujos finais não foram muito felizes.


Na Praia de Chesil, de Ian McEwan

Fotografia de Sara Cardoso

Numa Inglaterra cheia de costumes e princípios, a década de 60 parece cruel aos inexperientes e recém-casados Florence e Edward. A narrativa é um crescendo até à noite de núpcias do casal.

Enquanto Edward mal consegue esconder o desejo que sente pela esposa, Florence retrai-se de qualquer tentativa do marido de serem íntimos. 

Durante toda a leitura, e numa concordância incrível com o tom das personagens, encontramos na falta de paixão de Florence uma linha desconfortável de pensamento, desde a relação conturbada com o pai até à possível conclusão de que esta porventura seja assexual. A tensão finda no momento em que Florence sugere ao marido que arranje uma amante, naquela que deveria ser a primeira noite de casados deles. 

Não é preciso dizer que o casal não fica junto e que este é de facto um desfecho um tanto agridoce: se por um lado é um alívio ver Florence livre do seu embaraço, por outro é triste observar como Edward abandona a relação, de coração partido.

Mulherzinhas, de Louisa May Alcott

Fotografia de Sara Cardoso

Um clássico que ilustra a vida das mulheres durante a guerra civil americana. Se ao mesmo tempo somos sugados pelo amor e criatividade das irmãs March, por outro também temos sempre em atenção o tom obscuro da situação em que vivem.

E no final não é preciso dizer muito: Beth morre, o que parte qualquer coração, e Jo e Laurie não ficam juntos.

Uma personagem querida morrer e o casal da história ter um final tão triste? Clássico dos finais infelizes.

1984, de George Orwell

Fotografia de Sara Cardoso

Um marco na Literatura e um momento de passagem para qualquer um que o leia. “1984” retrata-nos uma realidade distópica, onde uma entidade absoluta, também conhecida como “Grande Irmão”, tem pleno controlo de tudo e de todos até, e sobretudo, do passado, do presente e do futuro da história.

Como heróis, temos Winston e Júlia. O seu amor tem como base o ódio ao “Grande Irmão”. É, por isso, cruel e irónico que seja isso que os leva ao precipício e faça com que se traiam e sejam forçados a voltar ao início – a um modo de viver em série, controlado e hostil. 

Neste mundo, mais impossível que o romance só a esperança.

Divergente, de Veronica Roth

Fotografia de Sara Cardoso

Dividido em três livros, muitos foram os fãs dos filmes que nunca souberam como terminou a história de Tris e Four.

Apesar de uma jornada bem sucedida que os libertou das amarras e moldes das fações que pré definiam as suas personalidades, o preço foi alto: Tris morre e Four vive triste e amargurado, num pequeno apartamento. Como consolo fica a frase: “I suppose a fire that burns that bright isn’t supposed to last”. 

Me Before You, de JoJo Moyes

Fotografia de Sara Cardoso

É preciso poucas palavras para descrever este livro que rapidamente se tornou num clássico dos filmes de domingo à tarde.

JoJo Moyes criou um romance ao estilo do século XXI e numa temática que nos lembra uma outra série de livros, de partir o coração.

Louise é contratada para cuidar de Will, um rapaz outrora ativo e que agora, por culpa de um acidente, está refém dos cuidados permanentes de alguém. 

Louise e Will mudam a vida um do outro; no entanto, Will escolhe partir, deixando Lou sozinha com uma vida que ”vale a pena ser vivida”. 

Hunger Games, de Suzanne Collins

Fotografia de Sara Cardoso

May the odds be never in our favour”. 

Não é um livro que todos tenham lido, mas todos nos recordamos da cena em que Katniss, uma rapariga de 16 anos, se voluntaria para trocar de lugar com a irmã nos cruéis Jogos da Fome.

Atirada para uma arena com 24 participantes, onde só um sobrevive, Katniss desafia as regras da sociedade doente onde vive.

Ao longo dos três livros, luta em simultâneo contra o Capitólio, que controla o que outrora foram os Estados Unidos, e contra os seus concorrentes, dentro das múltiplas arenas para onde é enviada. 

No entanto, e por muito que Katniss lute, quem se comprometeu a salvar primeiro, a irmã, acaba por morrer no último livro.

Fotografia de Sara Cardoso

Artigo revisto por Miguel Bravo Morais

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