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Sexta-feira negra ou… Sexta-feira polémica ou… Carteira mais leve?

Estamos em novembro e, com o frio e a chuva, chega também uma das épocas mais aguardadas do ano. Não, não me refiro ao Natal. Essa é no mês seguinte, não queiram já meter o carro à frente dos bois. Falo da… (tambores, rufos, pandeiretas e todo o tipo de barulho de suspense) …Black Friday!

É verdade, aquilo que agora já adotamos como uma tradição tem muito mais para contar do que imaginamos. Polémicas e controvérsias acompanham a história de uma das maiores temporadas de promoções.

Por mais incrível que pareça, há quem considere que este dia foi promovido pelo tempo da escravatura nos Estados Unidos da América. Esta história falsa, que a seguir será descrita, circula desde o ano de 2013 e foi ganhando dimensão nas redes sociais e divulgada por celebridades como J.R. Smith, jogador da NBA, e Toni Braxton, cantora de R&B. Com recurso à análise e com apoio de um artigo “Fact Check” do Observador, foi possível retirar algumas conclusões e desmistificar esta temática. Ora, a mais grave associação ligada à efemeridade da Black Friday está relacionada com a data em que supostamente foram vendidos escravos negros na América com descontos alucinantes, de forma a estimular a economia americana. Neste caso, o termo “Black” faria referência aos escravos negros e “Friday” à última sexta feira do mês de novembro. Esta narrativa contou com o suporte da rede social Facebook, que, por sua vez, foi a principal rede de proliferação destas fake news e onde as publicações alusivas a este tema se faziam acompanhar de fotografias respeitantes à escravatura. Consequentemente, a Black Friday era considerada ofensiva para todos aqueles que acreditavam nesta versão da história. Contudo, esta não foi a única polémica associada a esta sexta-feira tão emblemática.

O dia da Ação de Graças foi também uma alavanca controversa. Consta-se que números avultados de trabalhadores norte-americanos ficaram “alegadamente doentes para terem quatro dias seguidos de folga”. Desta vez, “Black” era utilizado no sentido figurado do caótico e considerável trânsito de veículos e de circulação de pessoas com o objetivo de fazer compras.

Como não há duas sem três, ainda que desta vez seja uma associação positiva, a Black Friday era assim também denominada pelo facto de ter conseguido dar alento a muitos vendedores e comerciantes, devido ao volume de vendas que conseguiam obter e, deste modo, “tirar as contas do vermelho”.

Fonte: forbes.com

Só a partir dos anos 2000 é que o termo começou a ser associado ao dia “com maior volume de compras do ano”, uma vez que, anteriormente, era apenas o sábado a seguir ao dia da Ação de Graças o detentor dos registos dos maiores fluxos de compras do ano. Agora, disseminou-se a consciência de que este título pertence à última sexta-feira de novembro.             

Em Portugal, este fenómeno apenas se agigantou a partir de 2010. Por falar nisso, o dia 27 de novembro do corrente ano nunca mais vai deixar de passar despercebido. Este ano, a Black Friday foi antecipada por grandes cadeias de lojas e, por conseguinte, terá uma duração maior do que o habitual. Por um lado, tanto permite às pessoas fazer compras mais proveitosas durante mais tempo e em maior quantidade, como permite também às lojas faturarem mais com a adesão dos consumidores durante mais dias. Por outro, poderá ter sido considerado o facto de as lojas terem sido obrigadas a permitir no seu interior apenas um número limitado de pessoas de cada vez. Caso contrário, poderia haver filas intermináveis de pessoas e, pior, pessoas descontentes e apressadas. Assim sendo, há que aproveitar a ocasião e evitar grandes aglomerados sociais e, ao mesmo tempo, fazer as compras de Natal com a maior brevidade possível, preferencialmente.

Fonte: veja.com

Há também que saber aproveitar a oportunidade de adquirir verdadeiras pechinchas – «que las hay, las hay». Uma vez que este ano só nos trouxe desgostos e constrangimentos, esta altura permite-nos descontrair um pouco o espírito e a alma e começar a entrar no espírito natalício. Tão boa que é a sensação visual das luzes na rua, das lojas abertas, do barulho ensurdecedor das multidões. O anual desfile de sacos e saquinhos, uns de papel, outros de cartão que, embora ainda exista o plástico nesta complicada equação, transportam no seu interior a alegria de quem os vai receber – ou talvez não, no caso de ser uma ugly Christmas sweater ou umas daquelas meias natalícias que fingimos adorar receber para não ferir os sentimentos da nossa tia-avó. O tilintar das máquinas registadoras, os carros carregados de presentes até acima, a corrida às prateleiras dos brinquedos. Dou até algumas dicas do que é mais favorável comprar. Não sou uma dona de casa exemplar, mas há rumores – não sei, verifiquem com os vossos próprios olhos – de que o que mais compensa comprar são eletrodomésticos, televisões e outros gadgets que vieram alegrar o mundo complicado do ser humano. Mas calma, não se entusiasmem muito, é necessário ter cuidado com as aldrabices. Sim, aquelas que já todos vimos: as que dizem “Promoção! Menos 20%!” e depois puxamos o papelinho de baixo e o preço é o mesmo. Enfim, rir para não chorar, não é verdade?

Fonte: cnbc.com

Bem, resta-me dizer que, quando terminar a Black Friday deste ano, haverá quem fique logo a pensar na do próximo ano. Típico. Amealhar uns troquitos no Natal para a causa “Black Friday 2021”. Quem nunca?

Mas este ano… este ano é diferente. Veremos.

Artigo revisto por Beatriz Campos

Fonte da foto de capa: monde.com.br

Fonte da história mencionada em cima: https://observador.pt/factchecks/fact-check-a-black-friday-teve-origem-na-escravatura/

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