Edouard Mendy: de quarto guarda-redes a campeão mundial
Esta é uma história de persistência e superação inexplicáveis. Edouard Osoque Mendy, nascido no dia 1 de março de 1992, internacional senegalês, é um dos maiores fenómenos entre os postes da atualidade. Apesar de tudo, fora todo o sucesso que o guardião do Chelsea detém hoje, nem sempre a vida lhe sorriu.
Foi aos sete anos de idade que Mendy descobriu a sua paixão pelo futebol. Criado no norte de França, filho de pais emigrantes, (mãe senegalesa e pai guineense) estes foram fundamentais para que Edouard pudesse trilhar o seu caminho. Para isso, os pais do craque viriam a inscrevê-lo no Le Havre Caucriauville. No entanto, a vida não facilitou, pois Mendy ocupava o modesto posto de segundo guarda-redes da equipa, o que, mais tarde, lhe viria a custar uma quebra de rendimento, chegando a abandonar o Le Havre Athletic Club, a fim de se juntar ao CS Municipaux.
Com o passar dos anos, Mendy atingiu a tão aguardada profissionalização. Este marco é alcançado no AS Cherbourg, porém nunca obteve o tempo de jogo que desejava. Em 2014, com 22 anos, o seu contrato expirou. O jovem guarda-redes possuía várias propostas de clubes franceses, mas o seu objetivo passava por jogar no estrangeiro, o que lhe parecia iminente, segundo o seu empresário da altura. Infelizmente, nenhum acordo foi fechado, levando o aspirante a jogador de elite a inscrever-se no Pole Emploi, o serviço francês dos desempregados.
Desistir nunca foi uma opção. Apesar de todos os contratempos, Edouard sempre foi incentivado a continuar no futebol. Como tal, após esta paragem abrupta e inesperada na sua carreira, o guarda-redes retornou ao seu primeiro clube apenas para manter a forma física, treinando por um ano sem remuneração ou compromisso. Após esse período, Mendy veio a saber que o Marselha estava a realizar testes de captação para quarto guarda-redes, oportunidade que não lhe escapou. Ao passar nos testes e sendo integrado na nova equipa, a chama de Mendy reacendeu. A chance de treinar com vários jogadores de alto nível trouxe-lhe a motivação que faltava.
À procura de um clube onde pudesse ocupar o lugar de guarda-redes titular, Edouard transferiu-se para o Stade de Reims da segunda divisão francesa, na época 2017/2018. O objetivo pessoal de alcançar uma titularidade pareceu ofuscado pelo objetivo coletivo da ascensão à primeira divisão. A partir daí nunca mais parou. Com a promoção do Reims, os olhares recaíram sobre o guarda-redes responsável por esta conquista, sendo então contratado pelo Rennes, onde finalmente ganhou o devido reconhecimento geral. Na nova equipa, Mendy pôde afirmar-se como peça chave do sucesso, ajudando a atingir o terceiro lugar da liga e a qualificação para a Champions League.
Em 2020, Edouard Mendy realizou o seu sonho de jogar no estrangeiro. Após acordo, o Rennes transferiu o seu guarda-redes para um dos colossos do futebol inglês, o Chelsea, por uma verba a rondar os 24 milhões de euros. Porém, apesar do investimento, não se imaginava que o recém-chegado a Stamford Bridge roubasse a titularidade indiscutível a Kepa Arrizabalaga, guardião que custou 80 milhões aos cofres dos blues.
Na Premier League 2020/2021, o guardião senegalês realizou 31 jogos, 16 dos quais sem sofrer golos.
Enquanto que, durante a campanha do Chelsea na Liga dos Campeões onde viria a sagrar-se vencedor, Mendy realizou 12 jogos, com uns impressionantes 9 jogos sem ter a sua baliza assaltada.
Recentemente, Edouard Mendy foi também considerado o melhor guarda-redes do mundo, pela FIFA, e o melhor guarda-redes da Taça das Nações Africanas (CAN), levando a sua seleção ao triunfo.
Fonte da capa: UEFA.com
Artigo revisto por João P. Mendes
AUTORIA
Um misto de curiosidade, de muito trabalho e determinação é o de que é feito Tomás Delfim. Gosta de desporto, ciência e, principalmente, de se comunicar e fazer ouvir. A falta da sua visão nunca foi um obstáculo no seu caminho, o que apenas o tornou mais determinado.