O dinheiro faz o mundo girar. Anna sabia disso. Ela não era simpática, nem rica, nem popular, nem vivia num sítio cheio de oportunidades. E Anna sabia disso. Mas tinha um sonho: um sonho em que as rodas só iam girar, com o dinheiro como combustível.

A série da Netflix Inventing Anna abre-nos as portas para o mundo de Anna Delvey. E todas as portas abriam-se em Nova Iorque, nos luxuosos hotéis, restaurantes mais exclusivos e boutiques mais prestigiadas. Caminhava com confiança e de queixo empinado, o cabelo loiro foi escurecendo para um castanho, as roupas juvenis transformaram-se num uniforme de escritório, fala inglês com um sotaque que não se sabe bem de onde é – uma mistura de russo e alemão, talvez?

De onde é que esta rapariga apareceu? Parece que, em 2017, era o segredo mais bem escondido da cidade que nunca dorme. Mas é sempre vista com notas na mão. Muitas notas. Estes papéis verdes passam por mais mãos do que os panfletos na rua lá fora. Mas Anna está dentro, está por dentro, como quiserem chamar. Este combustível que distribui é a sua moeda de troca para os locais mais em voga da cidade. Estas informações saltam da boca de Neff, mas não são palavras pagas: são palavras amigas e talvez as únicas que tem.

Juntamente com Neff, rapidamente constrói um pequeno grupo de amigas. A personal trainer Kacy, a quem paga aulas exclusivas; e a Rachel, uma jornalista da Vanity Fair, a quem paga tudo, desde roupas a jantares. No meio de vários jantares conta-lhes sobre o seu sonho. Vai comprar um enorme edifício, mais precisamente no número 281 do Park Avenue South. Vai ser uma exposição de artes, um clube exclusivo e uma fundação com o seu nome. E as amigas comem todas as palavras. Como não poderiam?

Afinal é Anna Delvey, a filha de um multimilionário alemão que ganhou fortuna no negócio do petróleo. Mas como pode correr mal? Pode não ter herança naquele momento, mas, com certeza, irá conseguir. Afinal, reúne-se diariamente com os maiores investidores de Nova Iorque.

Quando Anna convida o seu grupo de amigas para uma viagem luxuosa a Marrocos, torna-se impossível recusar. Até à altura de vir a conta… a partir daí é que começa tudo a correr mal.

Inventing Anna foi uma das séries mais faladas e por uma boa razão. Anna aparenta ser uma miúda mimada e antipática, mas que no final nos faz torcer por ela. Esta história é-nos contada através do olhar da jornalista Vivian, que pretende escrever uma história sobre ela, e assim o fez.

Podes ler os diferentes pontos de vista das duas jornalistas envolvidas nesta história, Vivian (na vida real Jessica) e Rachel. E a reportagem de Cheddar, onde inicialmente descobri este caso.

Todos temos um sonho.

Mas até que ponto os fins justificam os meios para o alcançar?

Fonte da capa: Visão

Artigo revisto por João P. Mendes

AUTORIA

Matilde Barroso

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A Matilde sempre sonhou em ser jornalista. Isto depois de ter desistido das suas aspirações de astronauta do jardim de infância, por estar sempre na lua. É apaixonada por histórias independente do formato onde estas estejam. Procurou a ESCS Magazine para contar algumas das suas. É licenciada em Ciências da Comunicação, e atualmente frequenta o mestrado de Jornalismo da ESCS.

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