Grupo de extremistas islâmicos ataca a cidade de Palma, em Moçambique
No dia 24 de março, a cidade de Palma, no nordeste de Moçambique, foi atacada por Al-Shabaab, um grupo jihadista islâmico. Até agora, a crise humanitária originou quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Há cerca de uma semana, no dia 24 de março, Palma foi cercada por um grupo de extremistas islâmicos. O objetivo passava por assumir o controlo da cidade que se encontra a apenas dez quilómetros do centro nevrálgico do megaprojeto de gás natural que representa um dos maiores investimentos de África, liderado, atualmente, pelo grupo francês de energia Total.
Com a invasão, vários moradores e cerca de 200 trabalhadores da planta de exploração de gás viram-se obrigados a fugir e procuraram refúgio no hotel Amarula, de onde, mais tarde, tentaram sair, para se dirigirem às instalações do projeto de exploração de gás. No entanto, uma das caravanas de resgate foi atacada no final da tarde de sexta-feira, dia 26, o que provocou, pelo menos, sete mortos e um português ferido.
Martin Ewi, investigador sénior do Instituto de Estudos de Segurança, revelou à agência francesa AFP que as autoridades sabiam do ataque, pois houve informações de que este iria ocorrer “pelo menos três dias antes”, mas que nada fizeram.
- Quais as origens do grupo Al-Shabaab?
O conflito começou há três anos, quando, em outubro de 2017, cerca de 30 homens armados levaram a cabo uma operação contra três delegacias de polícia em Mocímboa da Praia – uma cidade portuária na província de Cabo Delgado.
A violência e os ataques aumentaram de frequência ao longo dos anos e, atualmente, o conflito já criou raízes e acabou por desencadear uma crise humanitária.
- As consequências
A Organização Internacional para as Migrações registou até à passada terça-feira, dia 30, 3.361 deslocados internos em Moçambique causados pelos ataques armados. Numa conferência nas instalações da organização, o porta-voz, Paul Dillon, diz que as pessoas “chegam [ali] a pé, de autocarro, de avião e de barco, desde Palma para Ullongwe, Mueda, bairros de Montepuez e também da cidade de Pemba.”
Já o porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários, Jens Laerke, descreve o cenário como um “horror absoluto”: “O que aconteceu em Palma é um horror absoluto, sendo infligido contra civis por um grupo armado não estatal. Isso é o que posso dizer. Fizeram coisas horríveis e continuam a fazê-las”.
Também na passada terça-feira, a Amnistia Internacional apelou a uma “investigação oficial” que permitisse perceber aquilo que se passou nos últimos três anos no norte de Moçambique e pediu que os autores do conflito sejam “responsabilizados”.
“Até agora, todos os atores [forças armadas moçambicanas, grupos insurgentes e empresas de segurança ou paramilitares privadas] têm agido com total impunidade, mesmo antes [dos últimos episódios na vila de Palma, no extremo norte da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique]”, afirmou à Agência Lusa Pedro Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional.
Já na perspetiva de Antônio Macanige, delegado político provincial de Cabo Delgado, o governo moçambicano não tem capacidade para fazer face a este grupo de extremistas islâmicos e a solução passa por pedir auxílio à comunidade internacional.
O clima é de medo e de ansiedade e a maioria das pessoas não se sente segura nas cidades mais próximas. A cidade de Pemba, por exemplo, continua a ser um dos destinos preferenciais dos sobreviventes dos ataques armados. No entanto, os moradores vivem aterrorizados com a probabilidade de existirem terroristas nos grupos de milhares de deslocados que chegam à cidade.
De acordo com a Organização Internacional para as Migrações, desde o início do conflito em Cabo Delgado, em outubro de 2017, mais de 670 mil pessoas foram forçadas a fugir da violência e mais de metade são crianças. No entanto, os números de deslocados superam já os 700 mil.
Artigo revisto por Miguel Bravo Morais
Fonte da foto de capa: https://tvi24.iol.pt/internacional/amnistia-internacional/ataques-em-mocambique-ue-pede-investigacao-a-alegacoes-extremamente-chocantes-da-ai
AUTORIA
Com quase duas décadas de vida, aqui vos apresento a rapariga mais extrovertida que possam vir a conhecer. Nascida e criada na margem sul, sítio onde são feitos os sonhos, garante que tem uma mão cheia deles. Foi na área da comunicação que encontrou o melhor que a vida lhe podia oferecer – a oportunidade de conhecer histórias e de contá-las a quem mais as deseja ouvir. Prazer, chamo-me Margarida.