Queres dançar e não tens par? Vai aos Santos Populares!
O mês de junho de 2022 tem outro sabor: marca o regresso das festas populares após dois anos que não queremos mais relembrar. De norte a sul do país, os palcos voltam a ser montados, as marchas saem à rua e o cheiro a sardinha assada começa a fazer-se sentir um pouco por toda a parte. Os três santos que dão vida ao nosso mês de junho são os intitulados Santos Populares- Santo António, São João e São Pedro.
As festividades arrancam com a celebração do Santo António, na noite de 12 para 13 de junho, sendo o seu epicentro em Lisboa. O Dia de Santo António é celebrado a 13 de junho, feriado municipal para os alfacinhas. Entre as várias comemorações, os pontos altos são as marchas populares, que levam multidões à Avenida da Liberdade, e os casamentos de Santo António, que juntam vários casais para, em conjunto, celebrarem o amor na Sé de Lisboa. Tudo o resto dispensa apresentações: as ruas dos bairros históricos enchem-se de cores, os manjericos andam de mão em mão e a sardinha assada acompanha o pão.
Este ano, em Lisboa, as festas arrancaram a 28 de maio, com o concerto de abertura de Tito Paris, na Torre de Belém, e prolongam-se até ao final de junho, terminando com o concerto alusivo ao centenário do Parque Mayer, no Terreiro do Paço. Ainda que as festividades do Santo António se prolonguem durante todo o mês de junho em Lisboa, no dia 24 é a vez de celebrar o São João. Viajamos então até à cidade invicta, onde a sardinha continua a reinar, mas com o Rio Douro como pano de fundo. Embora o santo não seja padroeiro da cidade, esta é a festa mais importante do Porto. As tradições nortenhas passam por cumprimentar toda a gente com os típicos martelos de plástico e queimar alho porro, como forma de espantar o mau olhado e garantir proteção durante todo o ano. Um dos momentos altos da noite é o fogo de artifício sobre o Douro, acompanhado do lançamento dos balões de ar quente, em homenagem ao solstício de verão. As pessoas juntam-se num ato de união para desmontar e acender o balão, ficando a vê-lo até este ser um ponto luminoso no céu escuro do Porto.
Apesar desta ser a maior celebração do São João em Portugal, não é a mais antiga. Um pouco mais a norte, em Braga, a festa do São João é reconhecida como a festa sanjoanina mais antiga de Portugal e remete para o ano de 1150, quando foi construída uma igreja em Braga em honra de São João. As tradições na cidade dos arcebispos são semelhantes às da invicta: manjericos, martelos e alho porro. Este ano, as festas voltam de 15 a 24 de junho, com espaços de diversão, zonas de comércio e áreas de restauração- os típicos “comes e bebes”.
Mais a Sul, Évora junta o melhor dos dois mundos, celebrando em conjunto o São João e o São Pedro, este último que, por sinal, é o último santo do trio a ser celebrado, a 29 de junho. A Feira de São João já é celebrada há cerca de 500 anos e começou por ser um importante momento de encontro entre os lavradores e criadores de gado. Este ano volta a encher o Rossio de São Brás de barraquinhas, entre 23 de junho a 3 de julho, ainda que em moldes diferentes e com planos de ação para responder a problemas decorrentes da pandemia.
Apesar de o São Pedro estar na sombra do Santo António e do São João, é celebrado em vários pontos do país, como Sintra, Póvoa do Varzim, Porto de Mós, no centro do país, no Montijo e no Seixal, mas também nas ilhas (na Ribeira Brava, na Madeira, e na Ribeira Grande, nos Açores).
São Pedro foi pescador e, por isso, é festejado com grande devoção nas vilas piscatórias. Na Ribeira Brava, os populares preparam uma oferenda ao santo – a “charola” – uma espécie de pinha com produtos regionais que são colocados em camadas para depois serem vendidos através de rifas, como forma de agradecer pela abundância de produtos e celebrar a fertilidade. A banda de música acompanha a charola até à igreja, charola esta que antigamente era transportada por dois homens, mas nos dias de hoje vai numa carrinha.
De norte a sul do país, durante poucos ou muitos dias, são várias as localidades que acolhem as celebrações dos Santos Populares, dando continuidade à tradição. E tu, onde vais celebrar os “Santos”?
Fonte da capa: Observador
Artigo revisto por João Nuno Sousa
AUTORIA
Luísa Montez é redatora da ESCS Magazine desde novembro de 2020, tendo começado por escrever apenas para a secção de Moda e Lifestyle. Após o sucesso do seu artigo escrito, excecionalmente, para a secção de Grande Entrevista e Reportagem, decidiu aceitar o convite e fazer parte da mesma. Antes de entrar na ESCS já sabia que queria pertencer à revista, pois a escrita é um dos seus pontos fortes.