Feng Shui – harmoniza as energias da tua casa
Confesso que, em tempos, fui adepta de espaços cheios de coisas, carregados de objetos e de cores. Com o avançar dos anos, e talvez com a idade, comecei a preferir decorações mais simples e clean que é como quem diz “mais minimalistas”.
Há uns tempos, quando me falaram do Feng Shui, decidi matar a curiosidade e aprender mais sobre esta técnica milenar chinesa. Foi aí que algumas coisas começaram a fazer todo o sentido na minha cabeça. Quando, por vezes, me sentia desconfortável num ambiente que, de certo modo, já me era familiar, ficava confusa. Afinal, eu só precisava do Feng Shui como resposta.
Mas, afinal, o que é isso do Feng Shui?
O Feng Shui é, como já foi referido anteriormente, uma arte milenar de origem chinesa. Constitui um sistema de conhecimentos que nos ajuda a manter a harmonia à nossa volta. Para isso, esta técnica manipula as energias da nossa casa, renovando-as e eliminando as más.
Segundo ele, a nossa casa é o reflexo da nossa vida, pelo que as suas energias vão afetar diretamente o decorrer do nosso dia a dia nas várias vertentes, sejam elas o trabalho, a saúde ou as relações. É por isso que a energia (e quando me refiro a energia não é a elétrica, mas aquela que não conseguimos ver e que sentimos) é tão importante para a plenitude da vida. O seu simbolismo reside no significado das cores, das imagens e dos objetos que nos rodeiam. É por isso que, por vezes, sentimos o chamado “clima pesado” num certo ambiente que era suposto ser leve e harmonioso; ou, por outro lado, sentimo-nos confortáveis num local de energias supostamente negativas. A circulação da energia é facilitada (ou dificultada) pela disposição dos objetos num espaço.
E como é que podemos aplicar o Feng Shui nas nossas casas?Para começarmos a aplicar os conceitos do Feng Shui na nossa casa, é essencial que saibamos analisar o baguá – mapa dos centros de energia através do qual o Feng Shui se orienta; é como uma bússola das energias. Este consiste num octógono dividido em oito segmentos – os guás – que correspondem aos aspetos da nossa vida, sendo que no meio está a saúde, pois sem ela a nossa própria existência não seria possível.
O baguá pode ser aplicado na casa toda ou por divisões. Esta segunda opção faz mais sentido para mim, visto que cada casa tem disposições muito diferentes, às quais nem sempre lhes vai corresponder o guá concreto. Por exemplo: o segmento do trabalho pode sintonizar-se com o quarto, o que não faz muito sentido. No entanto, em qualquer um dos casos, a lógica de aplicação é a mesma: basta colocarem o baguá sobre a planta da mesma com o guá do trabalho alinhado com a parede da porta de entrada. Mas e se a casa tiver duas entradas? Nesse caso, alinham sobre a porta principal.
Depois deste primeiro passo, é hora de aplicar o significado de cada guá à divisão (ou recanto dela) que lhe corresponde.
É importante perceber desde logo algumas questões importantes cuja aplicabilidade se estende a toda a casa:
- Cada ambiente tem um propósito e, por isso, há um objeto que está no comando, à volta do qual vamos distribuir o resto;
- Devemos mandar fora o que não está a ser usado ou o que está partido, pois isto vai absorvendo a nossa energia e acaba por não dar espaço a que novas coisas entrem na casa;
- As cores possuem diferentes significados, podendo atrair-nos ou expulsar-nos. Por exemplo, o vermelho aumenta os batimentos cardíacos e o verde tranquiliza. Já se as divisões forem pequenas, não devemos usar tons escuros, pois estes criam uma sensação de maior compressão do espaço e tornam o ambiente depressivo.
Hall de entrada:
Esta divisão, que corresponde ao guá do trabalho, é aquela através da qual as energias entram para a casa, assim como as oportunidades profissionais. Este local serve de ligação entre o exterior e o interior e, por isso, simboliza “proteção” no Feng Shui. Por ser um local associado à água, o Feng Shui recomenda que se coloque uma fonte. Nesta divisão, que habitualmente é pequena, os espelhos fazem toda a diferença, não só para ampliar o espaço, como também para expulsar as energias indesejadas.
Quarto:
O quarto é o nosso local de descanso e relaxamento, pelo que deve ser decorado de forma a tornar o ambiente íntimo e acolhedor. Deste modo, o Feng Shui aconselha a que se usem cores claras e suaves. A cama – o objeto que está no comando da divisão – deve ser colocada numa parede cega; ou seja, naquela que não tem nem a porta nem a janela. Os pés devem ficar voltados para a porta, mas não de frente. Também os espelhos devem ser evitados numa perspetiva dianteira da nossa cama, pois a presença dos mesmos pode causar insónias e pesadelos – o que, para mim, faz todo o sentido, pois ninguém quer viver num filme de terror. Por falar nisso, os objetos pesados no teto ou na parede da cama são também uma fonte de inquietação, causando ansiedade no nosso subconsciente – são, de facto, coisas que devem excluir do vosso quarto.
Já numa perspetiva de quarto de casal, continua a aplicar-se tudo o que foi dito antes, acrescentado apenas a ideia dos objetos aos pares, pois isto fortalece as relações. Portanto, apostem em duas mesas de cabeceira iguais, assim como os candeeiros, para equilibrar as energias.
Salas de estar e de jantar:
Na zona de estar, os sofás e os cadeirões devem estar voltados para a porta, como forma de receber as visitas, pois, deste modo, a recetividade e a sociabilidade são estimuladas nesta que é a área da casa onde habitualmente nos reunimos. Sendo este um espaço bastante frequentado, devemos evitar a presença de objetos supérfluos, de modo a não termos mais de metade do espaço total desta divisão coberto de móveis ou de objetos. No centro deve se colocar uma mesa redonda ou oval para deixar a energia fluir mais facilmente; já para não falar de que não queremos continuar a bater com as pernas nos bicos das mesas dia sim, dia sim e que não queremos continuar a ficar com nódoas negras. O mesmo se pode dizer em relação à zona de jantar, uma vez que as mesas circulares estimulam a comunicação entre as pessoas.
Cozinha:
A cozinha é, juntamente com a casa de banho, um dos pontos da casa que “rouba” energia e, por isso, é importante haver uma harmonização nestas divisões. Na cozinha, em especial, existe a junção de dois dos cinco elementos fundamentais: o fogo e a água. Para evitar conflitos entre eles, caso estejam na mesma bancada, devem colocar-se plantas entre o fogão e o lava-louça (na verdade, devem colocar-se plantas everywhere). O fogão é o elemento-chave desta divisão, portanto, o seu posicionamento correto é de forma a que a pessoa que cozinha tenha visão direta para a porta, mas sem estar no mesmo sentido desta e na linha de passagem de energia. Ele é ainda símbolo de saúde e de prosperidade, pelo que deve ser mantido limpo e funcional. Para tema, pode escolher-se a cor azul, de acordo com o elemento água, ou aquela que corresponder ao guá representativo da divisão.
Casa de banho:
Na casa de banho, as plantas não são demais! Na verdade, elas vão contribuir para controlar o grau de humidade do espaço e, ao mesmo tempo, vão deixá-lo mais natural e fresco. No que diz respeito às cores, tanto no mobiliário como nas paredes, devem ser usados tons pastel, como cor de rosa ou verde. Os materiais refletores aceleram o fluxo do Chi (energia positiva) e, por isso, ter paredes em azulejos vidrados ou outros materiais refletores é fundamental, segundo o Feng Shui.
E são estas e tantas outras dicas do Feng Shui que vou passar a aplicar na minha casa, agora que encontrei aquele que é o “dicionário das energias”. De facto, a nossa casa é o reflexo do que nós somos e o ambiente em que estamos afeta a nossa energia, sendo, por essa razão, essencial equilibrar as vibrações entre nós e entre o que nos rodeia. Quanto mais caótico fica o mundo lá fora, mais nós queremos que a nossa casa fique a vibrar as energias certas.
Imagem de capa feita por Luísa Montez
Artigo revisto por Andreia Custódio
AUTORIA
Luísa Montez é redatora da ESCS Magazine desde novembro de 2020, tendo começado por escrever apenas para a secção de Moda e Lifestyle. Após o sucesso do seu artigo escrito, excecionalmente, para a secção de Grande Entrevista e Reportagem, decidiu aceitar o convite e fazer parte da mesma. Antes de entrar na ESCS já sabia que queria pertencer à revista, pois a escrita é um dos seus pontos fortes.