Lugares em que a Natureza se esmerou
A Natureza é magnífica. Disso não há dúvida. Às vezes, podemos habituar-nos a todas as coisas maravilhosas que faz, mas há coisas que são tão diferentes daquilo que costumamos ver que até podemos ter dificuldade em imaginar e acreditar que são reais – é caso para dizer que a Natureza se esmerou.
In a Barbie World…
Que é um mundo onde tudo, tudo é cor de rosa – até os lagos. Está bem, na verdade, apesar de parecerem lagos da Barbie, não são. E também não são obras do Photoshop, mas da própria Natureza: neste caso, de algas e bactérias.
As algas Dunaliella Salina gostam de viver nestes lagos por serem muito salgados e, através da absorção da luz solar, geram energia para sobreviverem. Durante este processo de transformação, a alga liberta os seus pigmentos cor de rosa, dando cor aos lagos.
As bactérias Halobacterias são outra explicação para a cor destes lagos. Também gostam de ambientes salgados e, quando crescem, desenvolvem uma estrutura semelhante a uma flor que liberta os seus pigmentos, dando cor aos lagos.
Lago Retba ou Lago Rosa, Senegal
Devido à elevada concentração de sal (cerca de 40%), este lago permite que se flutue facilmente, como acontece no Mar Morto.
Lago Rosa, Austrália
Este lago situa-se na região Goldfields Esperance, mas não é sempre rosa: apenas quando há uma maior concentração de Dunaliella Salina ou de artérias, uns pequenos crustáceos, é que o lago assume esta cor.
Este lago não é o único rosa na Austrália, pois existem também a Hutt Lagoon, o Lago Hillier e o Qauirading Pink Lake.
Lago Masazir, Azerbaijão
Está na Raion Qaradag e tem uma área quadrada de 10 km. Como todos os outros, tem uma elevada quantidade de sal – estima-se que seja de 1.735 milhões de toneladas – e elevados volumes de cloreto e sulfato na sua composição iónica.
Praia Cor de Rosa, Ilha Komodo, Indonésia
Na verdade, o seu nome é Pantai Serai e não é bem como os outros lagos: a água é de um azul cristalino e a areia é que é cor de rosa. A areia adquire esta cor pelos microfragmentos de corais vermelhos que estão misturados na areia que é naturalmente branca. Há também quem defenda que a areia adquire esta cor por causa de pigmentos de coral que se misturam com conchas e material de carbonato de cálcio.
Praia Vermelha, China
Localiza-se em Panji e, na verdade, parece um pântano, porque, em vez de areia, esta praia tem algas vermelhas. As Suaeda Salsa são as algas marinhas que, durante o inverno e primavera, são verdes, mas no início do verão começam a ganhar uma tonalidade vermelha que atinge o seu pico perto de setembro.
Os Olhos de Deus, Bulgária
Ficam na Caverna Prohodna, na região de Lukovit. É uma caverna com cerca de 70 milhões de anos e relativamente bem iluminada, graças às duas aberturas na parte superior que são resultado da erosão. Estas aberturas têm a particularidade de se parecerem com olhos e foi por isso que receberam o nome “Olhos de Deus”. Quando chove, a água escorre pelas extremidades das aberturas e parece que os olhos estão a chorar.
The Glowing Shores, Maldivas
Não é um lugar onde a natureza se esmerou, mas um fenómeno – e acontece em mais do que um sítio. De dia, as praias, onde este fenómeno acontece, parecem normais, mas durante a noite transformam-se num cenário quase mágico: quando as ondas do mar se encontram com a areia, veem-se pequenos pontinhos luminosos de tonalidade azul.
A má notícia é que não acontece todas as noites. Este cenário lindíssimo deve-se ao plâncton bioluminescente que aparece frequentemente nestas praias. O plâncton fica brilhante quando é agitado – o que não significa que as ondas estejam agitadas, pelo contrário – e é nada mais do que um mecanismo de defesa: quando há predadores de plâncton, este emite luz, usando luciferina, o que surpreende e desorienta o predador.
Também é possível ver fenómenos como este em San Diego, Jamaica, Tailândia, Vietname, Índia e Austrália.
Glow Worm Cave, Nova Zelândia
Também aqui o fenómeno acontece devido a seres bioluminescentes. Apesar de as Cavernas Waitomo e Ruakuri terem formações calcárias de interesse, o seu fenómeno espetacular são os insetos Arachnocampa Luminosa, que só existem na Nova Zelândia. O brilho emitido é consequência dos químicos que estes insetos produzem e que, ao entrar em contacto com o oxigénio, se transforma em luz. Esta luz, por sua vez, atrai outros bichinhos que ficam presos na teia feita por estes insetos.
Cataratas Debaixo de Água, Ilhas Maurício
Está bem, elas não estão mesmo debaixo de água, mas parece! Vejam lá…
No Oceano Índico, a dois mil quilómetros da costa de Madagáscar, existem águas paradisíacas e muito transparentes. Por baixo destas águas, movimentam-se areias e outros sedimentos que deslizam das praias. E é justamente por causa destes movimentos, debaixo de uma água cristalina, que, ao sobrevoar a região, parece que existem cataratas debaixo da mesma.
Montanhas Arco-íris, Perú
A 5.200 metros acima do mar, e na cordilheira do Vilcanota, está a Montanha das Sete Cores, também conhecida como Vinicunca ou Arco-Íris. As cores derivam de acontecimentos geológicos históricos, com sedimentos marinhos, lacustres e fluviais. Mas de onde é que estes sedimentos vieram? Foram transportados pela água que cobria toda a zona há cerca de… bem, entre 65 e 2 milhões de anos.
Os sedimentos foram formando camadas e os movimentos das placas tectónicas elevaram-nas, formando uma montanha. As cores fantásticas são da responsabilidade da oxidação desses sedimentos minerais.
Segundo os estudos do Escritório de Paisagismo Cultural, as cores derivam dos seguintes sedimentos:
- Rosa: mistura de argila vermelha com lama e areia
- Branco: arenito e calcário
- Roxo: mistura de argila e carbonato de cálcio e silicatos
- Vermelho: argelinos e argilas
- Verde: ácido de cobre e argilas ricas em minerais com mistura de ferro e magnésio.
Cavernas de Mármore, Chile
Bem no coração da Patagónia, no Lago General Carrera – de um azul turquesa lindo -, estão situadas as Cavernas de Mármore. Estas cavernas são resultado da erosão da água ao longo de milhões de anos e têm uma mistura de azul claro, rosa e branco. O conjunto das cavernas recebe o nome de Capela de Mármore e, na verdade, parte do lago fica no Chile e a outra parte na Argentina. Apesar de a cor das águas fazer lembrar mares paradisíacos onde queremos muito nadar, as temperaturas são de cerca de 9ºC, pelo que talvez seja melhor não experimentar…
Caño Cristales, Colômbia
É um rio na Serrania de la Macarena, que também é conhecido como Rio das Cinco Cores ou Arco-íris Líquido. Durante quase todo o ano, é um rio normal, mas, durante cerca de três meses, o rio tem uma espécie de explosão cromática. Ora, em julho, as chuvas abundantes acalmam e o nível da água desce, sendo, então, a altura ideal para a Macarenia Clavigeria florescer. As folhas desta planta têm um tom fúcsia e ondeiam debaixo de água, dando uma cor avermelhada ao rio. É entre setembro e novembro que a floração está ao rubro, graças aos carotenóides que são os pigmentos que os organismos fotosintéticos desenvolvem, para se protegerem da oxidação e da radiação ultravioleta.
Fly Geyser, Estados Unidos da América
Este tem uma mãozinha humana: não foi feito pelo Homem, mas foi consequência de perfurações feitas em 1926. Mais tarde, em 1960, o vulcão que deitava água passou a jorrar líquido quente com minerais dissolvidos e bactérias. Foi a acumulação destes materiais, durante cerca de 40 anos, que resultou na criação de uma montanha com muitas cores e que deita jatos com mais de cinco metros de altura.
Infelizmente visitar esta montanha não é muito fácil, porque está localizada numa propriedade privada.
Buraco Azul, Belize
É o buraco mais profundo do mundo e… está no oceano. Tem 300 metros de diâmetro e 125 de profundidade. Como se o buraco em si não fosse suficientemente incrível, este ainda tem uma camada de sulfeto de hidrogénio que desce cerca de 91 metros e que corta toda a luz, pelo que não há vida, até porque tudo é anóxico, ou seja, a ausência de oxigénio diminui a oxigenação do sangue, dos tecidos e das células. Neste buraco também não há poluição e, apesar de cientistas terem lá visto uma estalactite e os pedaços da parede com grande precisão, houve pontos que não conseguiram identificar, pelo que continua a ter a sua parte de mistério.
Aurora Boreal
O sonho de muitas pessoas. Ver uma aurora boreal não é fácil e há quem se desloque de propósito e não a veja, mas há épocas do ano em que é mais provável que seja possível. O fenómeno na Terra – sim, porque também acontece noutros planetas – só é visível nos Polos Norte e Sul. Na verdade, as Auroras Boreais são as que ocorrem no polo norte e as do sul são as Auroras Austrais.
Ora, no fundo, uma Aurora Boreal é um espetáculo natural de cores que mistura azul, verde, roxo, laranja, rosa e vermelho. É um fenómeno que acontece quando as partículas do sol chocam com o campo magnético da Terra (os chamados ventos solares) e são atraídas para os polos, ionizando outros elementos e gerando pontos e faixas luminosas. Como os iões são diferentes, a sua irradiação gera cores diferentes.
Os meses em que é mais provável ver-se uma Aurora Boreal são fevereiro, março, abril, setembro e outubro. Apesar de os países mais conhecidos pelo fenómeno serem a Islândia, a Finlândia, a Suécia e a Noruega, este também pode ser visto na Escócia, nas Ilhas Faroe, na Rússia, nos Estados Unidos, no Canadá e na Gronelândia.
Estes são apenas alguns dos lugares incríveis que o nosso mundo nos oferece. Se saírem para explorar, vão encontrar muitos mais. Quem sabe até perto de casa. Quem quiser ir mais longe pode ainda explorar o Lago Blausee, na Suíça, o Cenote Pit, no México, o Lago Manchado, no Canadá, as Areias Brancas, nos EUA, a Caverna Son Doong, no Vietname, Zhangye Danxia, na China ou o Lago de Sal, na Bolívia.
Imagem de capa: Pexels
Artigo revisto por Beatriz Campos
AUTORIA
A determinada altura percebeu que o melhor era levar a vida com leveza e humor e isto está presente também na sua escrita. Contudo, como acontece a todos, às vezes também se sente confusa, mas escrever sobre o que está a sentir ajuda-a sempre a clarificar e arrumar as ideias na cabeça. Na ESCS Magazine encontrou um espaço onde pode escrever sobre vários temas que são do seu interesse.