Criptomoedas e o Metaverso: é este o futuro?
Apesar de serem uma das grandes tendências da atualidade e de terem mudado para sempre o mundo do dinheiro, as criptomoedas continuam a ser algo recente e ainda existe bastante desconhecimento sobre o tema.
Em 2009, surgiu a primeira criptomoeda – Bitcoin – tendo sido, posteriormente, criadas outras dezenas de criptomoedas a nível mundial. As criptomoedas são moedas digitais que não têm existência física. Funcionam como qualquer outra moeda tradicional, como o euro ou o dólar, mas apenas num suporte digital. Para além disso, são totalmente descentralizadas, o que significa que não são emitidas por nenhum governo ou por nenhum banco. Isso é possível graças à tecnologia blockchain, que permite garantir que todas as transações são seguras e totalmente privadas, não necessitando de uma entidade financeira que fiscalize e controle.
O principal benefício de investir atualmente em criptomoedas é a possibilidade de alcançar altos lucros. A Bitcoin atingiu em 2021 o seu máximo histórico – depois de Elon Musk ter investido vários milhões de dólares na sua aquisição. Ainda assim, nos últimos cinco anos, o mercado das criptomoedas registou um crescimento de 131%.
A tecnologia de registo distribuído (Distributed Ledger Technology) é o que permite à blockchain funcionar de forma descentralizada. Na prática, uma vasta rede de computadores independentes registam e sincronizam transações, mantendo uma mesma perspetiva da realidade.
Os defensores desta tecnologia consideram que se trata de um sistema seguro, rápido e transparente.
A Nova Zelândia já legalizou pagamentos de salários em criptomoedas e o Banco Popular da China afirma estar próximo de anunciar a sua própria moeda digital. Também a intenção do Facebook em criar a sua própria criptomoeda – Libra – fez com que este assunto fosse alvo de maior atenção mediática.
No entanto, com esta transformação digital vêm também alguns riscos associados à criação e utilização de criptomoedas. Apesar de ser considerada uma tecnologia segura e de estar protegida por altos níveis de rastreamento, as notícias relativas a cibercriminosos que atacam as criptomoedas estão a tornar-se cada vez mais comuns. Os elevados custos também são uma realidade. Apesar de as criptomoedas existirem apenas no espaço virtual, a sua criação e utilização têm um grande impacto no mundo, pois exigem um enorme consumo de energia.
Segundo o Cambridge Bitcoin Consumption Index, a Bitcoin usa mais energia do que muitos países ao longo de um ano, e esta é apenas uma das muitas criptomoedas do mercado.
A resposta das entidades governamentais a esta questão tem sido distinta de país para país. Por exemplo, alguns estados canadianos ofereceram ao mercado das criptomoedas descontos na fatura da eletricidade. Contrariamente, as autoridades chinesas colocam em questão banir a proliferação das criptomoedas nos casos de uso irresponsável de recursos naturais.
A discussão sobre a regulação das criptomoedas também tem sido inconsistente. Nos Estados Unidos, a criptomoeda é encarada como propriedade pelo Internal Revenue Service, mas como mercadoria pela Commodity Futures Trading Commission.
O Banco Central Europeu anunciou um plano para criar uma estrutura que monitorize o mercado das criptomoedas, com o principal objetivo de proteger o sistema financeiro e económico. Já no Reino Unido, mesmo com novas leis contra a lavagem de dinheiro, as criptomoedas não são ainda regulamentadas.
Se, por um lado, essa descentralização permite uma maior segurança e privacidade, por outro lado, leva também ao surgimento de muitas tentativas de fraude. Além disso, o anonimato no uso de criptomoedas transforma-se no veículo perfeito para financiar atividades duvidosas, como o terrorismo internacional ou o tráfico de armas e de drogas.
O Metaverso
O mundo real e virtual estão a interligar-se cada vez mais. O universo digital pode vir a confundir-se com a realidade. Este novo modo de viver tem o potencial de revolucionar o trabalho, as relações sociais, o consumo e a cultura.
Mark Zuckerberg, criador do Facebook, mostra o seu empenho em conduzir a sua visão do futuro à realidade. Esta rede social passa assim a chamar-se Meta, com a promessa de milhares de milhões de investimento a curto prazo.
Já a Apple, a empresa mais valiosa do mundo, tem sido mais discreta quanto às oportunidades do Metaverso. Não está fora da corrida e pode estar a preparar óculos inteligentes e outro tipo de hardware para competir com a Meta na realidade virtual.
Também a Amazon tem trabalhado, desde 2018, no desenvolvimento de projetos de realidade virtual que ajudem na experiência de compras online. A empresa tem realizado várias tentativas de usar o Metaverso como uma espécie de centro comercial virtual.
Num universo onde a fronteira entre o digital e o real não é assim tão clara, devido ao uso da tecnologia, a intrusão será ainda maior. Em termos de privacidade, já não nos sentimos confortáveis quando os cookies rastreiam os nossos movimentos online. Contudo, no futuro, até os nossos dados pessoais de saúde poderão vir a ser gravados quando utilizamos aparelhos de realidade virtual. Ou seja, a questão da privacidade está a tornar-se cada vez mais sensível com o crescimento do mundo digital.
Estamos a caminhar para um mundo mais desenvolvido em termos económicos e tecnológicos, mas a possibilidade de a realidade virtual substituir a nossa percepção do mundo fora dos ecrãs também pode significar um retrocesso na nossa forma de existência. Qual será o nosso futuro?
Fonte da capa: Investidor Sardinha
Artigo revisto por Madalena Ribeiro
AUTORIA
Iniciou o seu percurso na ESCS Magazine, porque sempre procurou ter liberdade para escrever sobre a realidade à sua volta e para partilhar a sua opinião com as outras pessoas. A paixão pela escrita sempre esteve presente na sua vida. Agora, enquanto editora de música procura fazer-se ouvir através das suas palavras!