Confrontos entre polícia e manifestantes em protestos no Porto
Empresários de restauração, hotelaria e bares manifestaram-se contra as novas medidas do estado de emergência, na passada sexta-feira, na Avenida dos Aliados. O protesto resultou em “arremesso de garrafas” contra elementos das forças de segurança e caixões a arder.
A manifestação começou pelas 16h e reuniu mais de 1000 empresários que tinham como objetivo contestar as medidas restritivas para travar a pandemia, nomeadamente o recolher obrigatório. Para além disso, exigiam apoios a fundo perdido, redução de impostos e a reposição dos horários de trabalho. O protesto foi encenado pelo Movimento “A Pão e a Água”, que reúne empresários da restauração, comércio e hotelaria.
O porta-voz do movimento “A Pão e Água”, Miguel Camões, afirma que os desacatos são “o exemplo claro do estado de desespero em que as pessoas se encontram neste momento”. Já no final do protesto, um dos porta-vozes reforça a mensagem de Miguel Camões: “As últimas medidas não ajudaram. Estamos todos a sofrer e não vamos aguentar durante muito mais tempo. Não está a ser fácil sobreviver”.
Segundo o Diário de Notícias, a situação ter-se-á iniciado quando os manifestantes começaram a lançar artifícios pirotécnicos e queimaram uma urna funerária, simbolizando a morte do setor. Os protestantes terão dificultado o acesso dos bombeiros ao local, o que obrigou a polícia a ter de intervir, segundo fonte policial.
Originalmente, a manifestação teria sido pacífica, mas, quando a PSP se aproximou de alguns manifestantes, surgiu um arremesso de garrafas e pedras contra agentes policiais e uma carrinha policial.
O primeiro ministro, António Costa, já reagiu à manifestação dos empresários de restauração, comércio e hotelaria, dizendo que, apesar de considerar “legítima” a manifestação, condena a violência durante o protesto. “É evidente que há muitas pessoas a sofrer muito. As pessoas que vão ter de ficar em casa vão sofrer. E há setores como o da hotelaria, a restauração, o comércio, que vão sofrer particularmente”, admitiu o governante, à porta do Teatro da Trindade, em Lisboa.
António Costa apelou ainda à serenidade: “E façamos este esforço, porque é um esforço para o bem de todos”.
Em Lisboa
À semelhança da cidade do Porto, centenas de empresários e trabalhadores de restauração, eventos culturais e animação noturna reuniram-se este sábado, no Rossio, exigindo apoios ao governo para lutarem contra o desemprego, continuarem a pôr “pão na mesa” e a redução de impostos.
Os manifestantes estiveram em frente ao Teatro Nacional Dona Maria II e tinham também como objetivo pedir que sejam dadas condições para os vários estabelecimentos não fecharem as portas ao fim-de-semana.
Ljubomir Stanisic deu a cara ao protesto e afirmou que os protestantes não estão contra o governo: “Não estamos contra o Governo, não entramos em politiquices”. No entanto, Stanisic reforçou: “a primeira coisa que o Governo pode fazer é parar de mentir e de nos dar falsas esperanças”.
“Estão a matar 100% dos restaurantes por 3% do contágio”, “Queremos trabalhar, deixem-nos viver” ou “Não há saúde sem economia” são algumas das frases que se podem ler nos cartazes de alguns dos manifestantes. O protesto estendeu-se para lá das 13h, uma hora que marca o início do recolhimento obrigatório, contestado por inúmeras empresas. “Por amor de Deus, olhem para nós. Estamos, literalmente, a morrer”, lamentou, Ljubomir.
Ainda que fosse inicialmente uma manifestação pacífica, por momentos instalou-se a confusão quando um dos protestantes acusou o jornal Observador de mentir, o que levou alguns protestantes a perseguirem o jornalista em causa. A PSP interveio de imediato, encerrando o episódio.
Além dos protestos, neste sábado, Portugal ultrapassou a marca dos 6,6 mil casos do vírus SARS-CoV-2 pelo segundo dia consecutivo – um recorde na pandemia. Ao todo, o país acumula 230.124 contágios e 3.553 óbitos.
Artigo revisto por Ana Cardoso
AUTORIA
Com 19 anos de vida, Ana alia a sua paixão por animais, fotografia e música ao mundo da comunicação. Sempre gostou de contar histórias, de escrever, de ler e ainda arranjava espaço para falar pelos cotovelos. Criativa, determinada e sempre disposta a ajudar o outro, a Ana vê no jornalismo o privilégio de poder conectar o mundo e as pessoas.