COVID-19: a situação americana e a situação portuguesa
A pandemia coronavírus já infetou mais de 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo, e as vítimas mortais já rondam os 193 mil. Durante a semana de 20 a 26 de abril, o continente americano tornou-se o novo foco de infeção – conta com mais de 870 mil infeções e ultrapassa a marca das 50 mil mortes.
Há cerca de um mês, a Organização Mundial da Saúde alertou para a possibilidade de os EUA se tornarem o epicentro da pandemia. “Estamos a assistir a uma disseminação muito rápida de casos nos EUA”, afirmou Margaret Harris, porta-voz da OMS, no dia 24 de março. Hoje, é visível a previsão da OMS. No final da semana passada, os EUA registaram os dois piores balanços diários, ultrapassando a Itália – mais de 3.800 mortes e de 4.500 mortos em 24 horas. Na madrugada desta quinta-feira, registaram o terceiro registo mais mortal – a cidade de Nova York é a mais afetada.
Apesar destes elevados números, alguns estados norte-americanos, como Geórgia, Alasca e Oklahoma, iniciaram um processo de reabertura. Aliviaram as restrições e autorizaram certas empresas a retomar. Segundo a New York Times, o Alasca permitiu compras limitadas nas lojas. Oklahoma reabriu os seus parques estaduais. A Carolina do Sul permitiu o acesso a praias públicas. E na Geórgia, com a abertura de salões, as autoridades aconselham os proprietários a verificar as temperaturas dos seus clientes. Trump, que geralmente mostra vontade de abrir a economia americana, criticou a ordem do governador da Geórgia como “prematura”.
Ainda durante esta semana, Donald Trump anunciou no seu Twitter a “suspensão de imigração” no país. A declaração foi feita no fim da noite de segunda-feira. Os pormenores, na altura, ainda não tinham sido revelados, mas o presidente norte americano justificou: “Perante o ataque do Inimigo Invisível e a necessidade de proteger os postos de trabalho dos nossos grandes cidadãos americanos, vou assinar um decreto presidencial para suspender de forma temporária a imigração nos Estados Unidos”. Mais tarde, acrescentou que os americanos que perderam o emprego nas últimas semanas não deveriam ter de competir com os estrangeiros quando a economia reabrir – mais de 22 milhões de americanos ficaram desempregados.
Na passada sexta-feira, o Presidente dos Estados Unidos apresentou algumas possíveis curas para a Covid-19. Donald Trump sugeriu uma “injeção no interior” do corpo humano com um desinfetante, como água sanitária ou álcool isopropílico. O Presidente não fica por aqui e chega até a sugerir a exposição do corpo dos doentes por coronavírus à luz ultravioleta. Os profissionais da saúde soaram de imediato o alarme, referindo os possíveis efeitos colaterais e perigos que aquelas sugestões poderiam trazer. Quando questionado por jornalistas, o presidente americano referiu estar a ser sarcástico no momento em que levantou aquelas possibilidades para combater o vírus.
As sugestões de Donald Trump foram consideradas “irresponsáveis e perigosas” para um país desesperado por um alívio da pandemia.
Apesar de tudo, já há, pelo menos, 81.338 pessoas declaradas curadas pelas autoridades de saúde norte-americanas.
Em Portugal
Portugal iniciou o terceiro período do estado de emergência. A semana começou com um número de internados mais baixo nos últimos 7 dias. Para além disso, pela primeira vez, o território português apresentou um número de recuperados superior ao número de óbitos. Segundo a Direção Geral da Saúde, neste momento, são já 24.027 os casos confirmados, 928 as vítimas mortais e 1357 os recuperados.
O primeiro ministro, António Costa, prevê o levantamento gradual das medidas de confinamento a partir do dia 15 de maio. São muitos os especialistas e os profissionais de saúde que não concordam com esta decisão. Para o presidente da Associação Nacional da Saúde esta não é a altura certa. “Se se mantiver esta situação, eu acredito que daqui a uma semana, quando for a altura de reavaliar, não vai ser o momento de levantar as restrições na medida em que não tivemos um verdadeiro decréscimo do número de casos”, confessou.
Neste contexto, António Costa ponderou, na passada sexta-feira, passar do estado de emergência para uma “situação de calamidade” a partir de 3 de maio – na qual é permitida a manutenção de restrições pesadas. Acrescenta ainda que a circulação entre conselhos vai ser restrita no fim de semana prolongado – 1, 2 e 3 de maio. Mesmo que dia 3 de maio já caia fora do estado de emergência, refere: “Ninguém pode ter a ideia de que o fim do estado de emergência significa o fim das regras de confinamento”.
Para uma boa aposta de um regresso à normalidade, na passada quarta-feira, não só Portugal, mas todo o mundo celebrou os 50 anos do dia da Terra. Neste dia da Terra, que foi muito diferente de todos os outros, foram várias as organizações dedicadas à proteção ambiental que se manifestaram. Nas plataformas digitais, mobilizaram inúmeros cidadãos com a hashtag #EarthDayEmCasa. No tempo pandemónico em que se vive, este dia trouxe alguma reflexão sobre os hábitos do ser humano e das suas rotinas num futuro próximo.
Não só se celebrou a terra, como também a liberdade em Portugal. Este sábado, dia 25 de abril de 2020, foram muitos os portugueses que cantaram Grândola Vila Morena à janela. Marcelo Rebelo de Sousa e Vasco Gonçalves também foram às suas janelas cantar aquela que foi a segunda senha da revolução de 1974. O parlamento teve uma presença mínima de convidados e deputados na sessão solene. Já na Avenida da Liberdade, a presença de um senhor “com Portugal às costas” emocionou o país. O homem desfilou às 15h. Sem carros nem pessoas, festejou a liberdade e a democracia, numa estrada vazia.
A semana termina com a aposta de Portugal em testes de imunidade da população contra o coronavírus. O estudo vai incluir 350 crianças dos zero aos nove anos, visto que esta faixa etária é a menos afetada pelo vírus. No entanto, a OMS alerta muitos países, pedindo que tenham cautela.
Artigo corrigido por Mariana Plácido
AUTORIA
Com 19 anos de vida, Ana alia a sua paixão por animais, fotografia e música ao mundo da comunicação. Sempre gostou de contar histórias, de escrever, de ler e ainda arranjava espaço para falar pelos cotovelos. Criativa, determinada e sempre disposta a ajudar o outro, a Ana vê no jornalismo o privilégio de poder conectar o mundo e as pessoas.