Confronto entre Arménia e Azerbaijão conta com mais de 240 mortos
O conflito em torno da região separatista de Nagorno-Karabakh ganhou força há cerca de uma semana, na madrugada do dia 27 de setembro. A disputa intensificou-se neste domingo (4) com o bombardeamento da segunda maior cidade azerbaijana, numa nova escalada no sul do Cáucaso. São já 240 as vítimas mortais.
O alvo dos ataques foi o aeroporto de Ganja, uma cidade com 330 mil habitantes e que fica a norte da cidade onde acontece a generalidade dos confrontos, Nagorno-Karabakh. O ministério da Defesa da Arménia negou que o ataque tenha tido origem no país. Em oposição, o líder separatista da região em disputa, Arayik Harutyunyan, afeto ao lado arménio, confirmou ter ordenado o disparo de mísseis em direção a Ganja. Harutyunyan admitiu ainda que os disparos eram apenas dirigidos a alvos militares, cessando o ataque para não fazer vítimas civis.
Já um dia antes do ataque à segunda maior cidade azerbeijana, na sexta-feira (2), o Azerbaijão exigia que a Arménia se retirasse do território separatista de Nagorno-Karabakh para impedir “a escalada” do conflito. “Se a Arménia quiser acabar com a escalada da situação, a bola está no seu campo. A Arménia deve pôr fim à ocupação. Já basta”, afirmou nesta sexta-feira (2) o assessor da presidência do Azerbaijão para os assuntos externos, Hikmet Hajiyev, em videoconferência com a imprensa.
O conflito corre o risco de arrastar outras potências regionais, como a Rússia e a Turquia, e interromper o fornecimento de energia através do Sul do Cáucaso, onde oleodutos transportam petróleo e gás azeri para os mercados mundiais. Para além disso, Moscovo tem uma aliança de defesa com a Armênia, que tem localização estratégica para acesso russo a outros países. Já Ancara apoia o Azerbaijão, considerando que o povo azeri tem origem turca, com história e cultura em comum.
Outros países como os Estados Unidos, França, Itália e ainda Rússia com medo de uma possível guerra apelam ao diálogo e à cessação das hostilidades entre o Azerbaijão e a Arménia no enclave de Nagorno-Karabakh. “Rezo pela paz no Cáucaso e peço às partes em conflito que cumpram gestos concretos de boa vontade e de fraternidade, que possam ajudar a resolver os problemas, não com o uso da força e das armas, mas através do diálogo e das negociações. Rezemos juntos, em silêncio, pela paz no Cáucaso”, disse o Papa este domingo, na Praça de São Pedro.
Interrupção dos confrontos
Depois de 10 horas de conversa e negociações em Moscovo, os governos de Armênia e Azerbaijão declaram o cessar-fogo. A notícia foi dada pelo chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, na madrugada deste sábado (10).
Nas negociações, diplomatas azeris e arménios concordaram em trocar prisioneiros de guerra e em devolver corpos das vítimas do confronto.
No entanto, e segundo últimas informações, o cessar fogo destes países em confronto parece estar em perigo de fracassar com as duas partes a acusarem-se mutuamente de violarem o acordo.
Em julho, 16 pessoas morreram em confrontos entre os dois lados, e em abril de 2016 morreram pelo menos 200 pessoas. Tudo começou em 1991, aquando do colapso da União Soviética, provocando de imediato uma guerra que causou a morte de 30.000 pessoas.
O enclave é maioritariamente apoiado pelos arménios, mas a sua independência não é internacionalmente reconhecida.
Artigo revisto por Ana Cardoso
AUTORIA
Com 19 anos de vida, Ana alia a sua paixão por animais, fotografia e música ao mundo da comunicação. Sempre gostou de contar histórias, de escrever, de ler e ainda arranjava espaço para falar pelos cotovelos. Criativa, determinada e sempre disposta a ajudar o outro, a Ana vê no jornalismo o privilégio de poder conectar o mundo e as pessoas.