Cinema e Televisão

Mean Girls: o filme com mil lições de vida

“Get in loser we´re going shopping” ou “On tuesdays we wear pink” são capazes de ser as frases que eu mais falava sem saber de onde vinham. A realidade é que Mean Girls nunca esteve na minha lista de “ver a seguir”, mas certas palavras de várias amigas fizeram com que o bichinho despertasse. Assim, não só me pus a ver o filme, como aprendi algo com ele. É capaz de ser esse mesmo o seu intuito: deixar o telespectador a pensar, por muito que seja um filme “só” de adolescentes. 

Mas, afinal, do que é que se trata este filme? Dirigido por Mark Waters, Mean Girls conta a história de Cady, uma rapariga que viveu os últimos 12 anos da sua vida em África com a família, mas que por motivos de força maior teve de se mudar para o Estado de Illinois, onde ingressou na universidade. É, na realidade, meio que uma sátira, e explora muito as relações que as raparigas têm nesta fase das suas vidas, especialmente a maneira como podem ser desrespeitosas umas com as outras. O foco deste filme é essencialmente esse, centrando-se muito nas maneiras como se pode destruir amizades. 

Dança de Natal, do filme Mean Girls, interpretada por Gretchen, Regina, Cady e Karen, respetivamente, da esquerda para a direita
Fonte: Paramount Picture
Legenda: Dança de Natal interpretada por Gretchen, Regina, Cady e Karen, respetivamente, da esquerda para a direita

Com o nome de Giras e Terríveis em português, este filme foi lançado no dia 30 de abril de 2004 e foi escrito por Tina Fey, que o começou a escrever no verão de 2002, inspirando-se no livro Queen Bees & Wannabes. Conta com um segundo filme, intitulado de Mean Girls 2, que não é tão falado por não ter tido tanto sucesso, e conta ainda com uma versão musical que estreou na Broadway em março de 2018. Arrecadou assim, somente com o primeiro filme, 129 milhões de dólares nas bilheteiras a nível global e, passado 16 anos, ainda é um dos filmes mais populares e conhecidos daquele ano. Nada mau para um filme sobre adolescentes, certo?

Mas, para ter tal sucesso, foi preciso escolher um elenco que conseguisse seguir à letra aquilo que estava programado. Só não sabiam que, para tal, teriam de trocar a protagonista e a antagonista. Lindsay Lohan, que interpretou Cady Heron, foi escolhida para o papel de Regina George, mas, por ter uma idade considerada jovem, atribuíram-lhe o papel de protagonista, pois encaixava melhor com a sua personalidade. Já Rachel McAdams conseguiu o papel de Cady, mas o seu traço mais intimidador fez com que a direção do filme lhe entregasse o papel da tão malvada Regina George. Isto permitiu que arrecadassem um prémio cada: Lohan ganhou o prémio de Melhor Atriz de Comédia no Teen Choice Awards de 2004 e McAdams o prémio de Revelação Feminina nos MTV Movie Awards de 2005. O prémio de Melhor Equipa deste último evento foi-lhes também entregue, em conjunto com as atrizes Amanda Seyfried e Lacey Chabert, que interpretaram Karen Smith e Gretchen Wieners, os restantes membros do trio conhecido como Plastics de Regina George. Isto abriu-lhes ainda mais portas para o mundo do cinema e, em 2008, Seyfried estrelou na grande longa-metragem musical Mamma Mia, no papel de Sophie, filha de Donna Sheridan (Meryl Streep).

À parte das quatro, existiram mais nomes que deram vida a este filme. A própria Tina Fey é um exemplo disso, pois interpretou a Professora Norbury, fazendo um papel com várias falas cómicas, que deixa toda a gente a gostar da personagem. Contudo, as partes mais engraçadas do filme são sem dúvida as visões que Cady tinha numa determinada sequência de situações (não vos digo quais, porque aqui não há spoilers. Podem ir ver o filme descansad@s). A junção da comédia com temas sérios faz com que este filme se torne algo leve para ver com amigos ou sozinh@ naqueles dias mais cinzentos.

burn book do filme mean girls
Fonte: Thrillist
Legenda: O famoso Burn Book onde eram coladas fotografias de várias pessoas

Mean Girls é, na sua essência, um filme com uma moral da história clichê, mas com uma ponta de verdade que ninguém gosta de ouvir. Toda a gente já falou mal de alguém nas costas ou soube do contrário, e a vida é mesmo assim. Os atos cruéis ficam para quem os pratica e normalmente tudo se sabe, o que neste filme não é exceção. É verdade que o filme nos deixa presos ao ecrã, mas isso acontece pela história que queremos tanto que se recomponha, e talvez também seja por isso que esta sátira ainda é reconhecida nos dias de hoje. Os ditos problemas do passado ainda viriam a ser os problemas do futuro (para algumas pessoas), que vivemos nós no agora, como a forma como alguém se veste ou a orientação sexual da pessoa. Tornarmo-nos noutra pessoa para agradar os outros nunca é o caminho certo a percorrer. Uma das lições é mesmo esta – deixarmos de ser nós próprios pode realmente destruir todo o bom que fizemos até então.

regina george de mean girls a acenar no baile de finalistas
Fonte: Pinterest
Legenda: Rachel McAdams no papel de Regina George

Assim, deixo uma frase muito importante do filme que me deixou a pensar e a perceber no que é que o mesmo realmente representava, já que a sua base são as mulheres e a união ou desunião entre as mesmas:

Se chamamos umas às outras só faz parecer que os homens nos podem chamar também.”

Por muito que o filme não se foque só e apenas nisto, traz-nos ainda mais perguntas para o futuro e abre uma série de ideias e discussões que ainda hoje são faladas. Se queremos mudar o mundo e o seu comportamento, temos de começar connosco e com os nossos. É também esta uma das lições mais importantes que Mean Girls nos deixa.

Artigo revisto por Ana Janeiro

AUTORIA

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Quando era pequena a Inês queria ser decoradora de interiores. Hoje, está a tirar uma licenciatura em Jornalismo. A vida tende a surpreendê-la, mas ela não se deixa surpreender. Curiosa, otimista e sempre disposta a ajudar, a comunicação veio dar uma nova perspetiva à vida de Inês: venha ela de que forma for, será sempre a melhor maneira de estar conectada com o mundo.