Bibliotecas em Lisboa: um guia para saberes onde estudar
Qualquer estudante universitário que se preze precisa de uma biblioteca (aliás, merece-a!) para responder aos desafios colocados pelas várias unidades curriculares. Um local sossegado onde possa estudar para aquele exame mesmo difícil e, porque não, satisfazer a sede de conhecimento pelo puro prazer de saber a curiosidade mais improvável.
Pois bem, caras e caros recém-chegados, a ESCS Magazine tomou a liberdade de vos facultar uma listinha de bibliotecas na zona de Lisboa, onde terão acesso a muito mais material além do já existente na escola. Caloiros dos cursos de Audiovisual e Multimédia, não fujam já, porque não foram esquecidos. Sabemos que bibliotecas não são só livros.
Rede de Bibliotecas Municipais de Lisboa
Contrariamente a outras cidades, Lisboa não tem uma única biblioteca municipal. Divide o seu espólio em 19 bibliotecas espalhadas por toda a capital. Naturalmente, é possível pedir para levantar um livro pretendido numa de mais fácil acesso, mesmo que o livro em questão não pertença à mesma. O cartão é gratuito e dá acesso a toda a rede.
Recomendamos, em especial, três, pela beleza do espaço interior: a Biblioteca Camões, na Misericórdia; o Palácio Galveias, nas Avenidas Novas; e a Biblioteca de São Lázaro, em Arroios. Em comum têm o estilo vintage/neoclássico hoje tão apreciado, com átrios centrais e prateleiras a toda a volta. Tudo em madeira maciça, é claro. Se o critério que te interessar for a proximidade da faculdade, as melhores escolhas são a Biblioteca Natália Correia, em Carnide, e a nossa próxima sugestão.
Hemeroteca Municipal
Uma pequena batota, porque faz parte da rede de bibliotecas municipais. Esta biblioteca, situada em São Domingos de Benfica, interessa sobretudo aos alunos de Jornalismo. Aqui encontram-se arquivados periódicos nacionais, desde jornais a revistas, que remontam ao século XVIII. O periódico mais antigo é uma Gazeta de Lisboa de 10 de agosto de 1715.
São, no total, mais de 20 mil publicações que podes consultar gratuitamente, o que dará imenso jeito quando chegar a época de entregas de trabalhos. Na última década, a Hemeroteca tem apostado cada vez mais na digitalização dos seus materiais, existindo já um considerável catálogo a que podes aceder a partir de casa.
Cinemateca Portuguesa e RTP Arquivos
Para um aluno da área do audiovisual, uma biblioteca apenas com livros pode não ter muito interesse. Falamos, então, destes dois espaços que, não sendo exatamente bibliotecas no sentido estrito do termo, são os locais, a nível nacional, com o maior acervo audiovisual.
A Cinemateca, como o próprio nome indica, conserva património cinematográfico, tendo também uma programação permanente de filmes clássicos a preços reduzidos. Dentro da cinemateca, há uma biblioteca e um arquivo fotográfico abertos ao público, com marcação prévia. Tem também uma sala de consulta com uma imensidão de DVD e CD de material fílmico. Já a RTP disponibiliza todos os seus arquivos sonoros e audiovisuais a qualquer cidadão, mediante o preenchimento de um formulário. São mais de 60 anos de arquivo televisivo – 90, se considerarmos o arquivo radiofónico – que vão desde o entretenimento à informação.
Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Entre as bibliotecas universitárias, esta talvez seja a melhor, pelo sossego e pelo volume de livros. Sendo muito grande e tendo vários pisos, tem como maior trunfo a organização dos materiais. Além disso, o catálogo online é muito intuitivo e poupa imensas horas de stress em pesquisas no local.
Esta biblioteca é ideal para estudar em grupo, dado que tem salas de estudo com um sistema repressor de som, que impede a sua passagem para fora das mesmas. Para os fanáticos do team work e dos brainstorms, esta é a escolha certa. Um outro ponto positivo é, naturalmente, o ambiente mais estudantil e descontraído, longe da austeridade de outras bibliotecas da cidade, que recolhem a preferência de faixas etárias mais avançadas.
Torre do Tombo
Se és um rato de biblioteca, a Torre do Tombo é o teu lugar. Aqui encontra-se todo o arquivo propriedade do Estado português desde que Portugal é Portugal. Aliás, em rigor, há materiais que remontam ao século IX, ainda o território português era administrado pelos árabes.
Começou por se chamar, na Idade Média, Arquivo Geral do Reino, e acredita-se que exista desde o século XIII. No entanto, o acesso público só foi concedido em 1910, ano da Implantação da República. Esta biblioteca, pela sua antiguidade, é mais direcionada aos fanáticos de História, Religião, Genealogia – arquivismo, no geral. No entanto, a sua dimensão, assim como as responsabilidades de conservação, são de tal ordem que nunca poderia ficar fora da lista. Um museu com mil museus dentro.
Biblioteca Nacional
Simplesmente o maior património bibliográfico de Portugal e esta informação chegaria para constar da lista. Arquitetada por Porfírio Pardal Monteiro, fica na Cidade Universitária. Anteriormente chamada Real Biblioteca Pública da Corte, foi fundada em 1796, no reinado de D. Maria I.
13 é o número de pisos, sendo 10 só de livros, revistas, jornais, partituras, arquivos e documentos. Mais de três milhões é o número do total de bibliografia, quase toda portuguesa, compreendida entre os séculos XVI e a atualidade. Tem pelo menos um exemplar de todas as obras editadas em Portugal desde 1931, assim como todas as teses e trabalhos académicos das universidades portuguesas desde 1986. Um autêntico Google, antes de o Google existir.
Biblioteca da Academia das Ciências
Esta biblioteca tem um amigo muito raro e especial: a primeira edição d’Os Lusíadas. Só por isso já merece uma visita. Fundada em pleno Iluminismo, também por D. Maria I. Continua, como então, um espaço de divulgação e de partilha de conhecimento de excelência. Além das obras modernas, esta biblioteca anexou a Livraria do Convento de Jesus, que contém, entre outras coisas, obras em hebraico, árabe e castelhano, dos séculos XIV a XVII, entre as quais a célebre Crónica Geral de Espanha.
Situada no Salão Nobre da Academia das Ciências, tem um teto de cortar a respiração, com pinturas de Pedro Alexandrino e ainda paredes revestidas com estantes de talha dourada. É uma das bibliotecas mais importantes do país, principalmente nas áreas da Língua e Cultura Portuguesa, facto que poderá interessar a futuros redatores saídos da nossa querida escolinha.
Biblioteca de Arte Gulbenkian
A Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian é especializada, essencialmente, em História da Arte, Artes Visuais, Arquitetura e Design. O acesso está reservado a estudantes, académicos e profissionais das Artes, sendo que a utilização do espaço só pode ser autorizada com um cartão próprio, feito previamente. Apenas podes aceder ao espaço se fores consultar um documento do arquivo no local. Infelizmente, requisições domiciliárias não são aceites. Se precisares de um sítio para estudar, e não para consultar documento específicos, este não é o lugar indicado.
Contudo, apesar do acesso um pouco limitado, não deixa de ser um espaço inspirador, onde reinam os tons de castanho, o silêncio e, claro, a vista para os jardins. O espólio inclui 90 mil volumes de monografias, um conjunto de documentos multimédia produzidos no circuito comercial sobre artistas e movimentos artísticos estrangeiros e documentários produzidos pela Fundação e outras entidades nacionais sobre arte e artistas em Portugal. Podes ainda consultar catálogos de exposições realizadas em museus e galerias nacionais e internacionais e a coleção de publicações periódicas com cerca de 2 mil títulos portugueses e estrangeiros.
Biblioteca da NOVA SBE
Única da lista que não se situa na cidade de Lisboa, mas na sua periferia, em Carcavelos. Tal como a universidade, a biblioteca é muito recente. A tranquilidade é a palavra de ordem. Com todas as mesas equipadas para ligar o teu computador à corrente, tem também espaços no exterior para quem preferir estudar ao ar livre.
Tem como desvantagem o facto de, por ser a biblioteca de uma faculdade com um grande número de alunos e estar situada num local onde não existem muitas bibliotecas desta dimensão, ser um sítio onde é difícil encontrares lugar sentado. Contudo, em alternativa, também na periferia, sugerimos a Biblioteca Municipal de Cascais, a Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana e a Biblioteca Municipal de Oeiras. Para os dias em que não te queres deslocar de propósito à ESCS para estudar, caso residas na área metropolitana de Lisboa, estas são as melhores opções.
Palácio Baldaya
Por último, outra exceção. Este local não é, em rigor, uma biblioteca (embora possua uma pequena biblioteca no interior). Mas é, sem dúvida, o melhor local para estudar no binómio proximidade-conforto. Situado a cerca de 10 minutos a pé da ESCS, este espaço, fundado em 2017, resulta de uma recuperação de um edifício propriedade da junta de freguesia de Benfica, fechado há mais de 100 anos.
É o novo espaço cultural da freguesia e conta, além da biblioteca, com uma ludoteca, salas de exposições, concertos ao vivo, um Centro Qualifica e um espaço de coworking. Já para não falar dos lindíssimos jardins exteriores e uma cafetaria onde podes desfrutar dessa beleza. Lá realizam-se exposições, workshops, tertúlias, concertos, sessões de cinema, teatro, desfiles de moda e até um festival vintage – o Baldaya Vintage Fest. Ficam a saber que o autor deste artigo nunca lá foi, por achar que era propriedade privada. Não sejam como ele.
E aqui fica uma lista para todos os gostos, desde os fãs de espaços mais modernos e arejados, aos fãs das grandiosas bibliotecas antigas que cheiram tanto a pó como a história e a cultura. Se esquecermos a estética suprema de alguns dos locais supracitados, que poderá render um bom álbum fotográfico, não há desculpas para não estudar. E faltariam ainda tantas dezenas de bibliotecas que poderiam estar no lugar destas, sem sequer sair de Lisboa. O resto, bem, já sabem: muito juizinho e muitas leituras.
Fonte da Imagem de Capa: Nova SBE
Artigo feito com a colaboração de: Rita Asseiceiro, Mariana Ribeiro, Joana Americano, Diana Vicente.
Artigo revisto por Rita Asseiceiro
AUTORIA
Um indivíduo que o relembra, leitor, de que os livros e as opiniões são como o bolo-rei: têm a relevância que se lhe quiser dar. O seu maior talento é insistir em fazer coisas que não servem para nada: desde uma licenciatura em literatura luso-alemã, passando por poemas de qualidade mediana, rabiscos de táticas de futebol (um bizarro guilty pleasure) ou ensaios filosofico-autobiográficos, sem que tenha ainda percebido porque e para que o faz. Até porque já ninguém sabe o que é um ensaio.
Amei seu post sou advogada recem chegada do Brasil em Lisboa e estava procurando urgente um local para estudar! Que Deus te abençoe por fazer esse post tão completo, quero visitar cada uma dessas bibliotecas! Amei todassss! Utilidade pública!