As mulheres também sabem programar!
Apesar de, em pleno século XXI, o tema da igualdade de género estar constantemente em cima da mesa, faltam ainda muitos anos para que esta chegue à sua plenitude. Exemplo disso é a área das tecnologias, na qual, segundo dados do Eurostat, em Portugal, apenas 14,4% dos funcionários são do sexo feminino, número que se situa abaixo da média da União Europeia. Já a nível global, o Instituto AnitaB.org fez um estudo, em 2020, que constatou que 28,8% da força de trabalho em tecnologia são mulheres. Mas como se pode mudar estes valores? Uma das formas é através do exemplo. Para isso, há que olhar para as mulheres que foram pioneiras nesta área tradicionalmente masculina.
Ada Lovelace: A primeira mulher programadora de computadores
Augusta Ada Byron King – a Condessa de Lovelace – nasceu a 10 de dezembro de 1815, em Londres. Filha do poeta romântico Lord Byron e da cientista Anne Isabella Byron, foi influenciada pela mãe que, desde cedo, desenvolveu o pensamento lógico e matemático. Com apenas 12 anos desenhou um pássaro mecânico capaz de bater asas, que está publicado no livro Flyology, uma compilação dos estudos e ideias de Ada.
É por volta dos 17 anos que as suas habilidades na matemática se tornaram evidentes e que conheceu a cientista Mary Sommerville, outra figura fundamental para Ada. Foi através do convívio com Mary que Ada conheceu Charles Babbage, que desenvolvia na altura estudos relacionados com uma Máquina Analítica que viria a ser precursora dos computadores. Lovelace envolveu-se nos estudos de Charles, desenvolvendo códigos e algoritmos capazes de serem processados pela máquina em criação.
Mais tarde, entre 1842 e 1843, Ada traduziu um artigo de Luigi Federico Menabrea, engenheiro militar italiano, sobre a máquina e completou-o com códigos da sua autoria a que chamou de Anotações. Essas notas continham um algoritmo criado para ser processado por máquinas, considerado por muitos o primeiro programa de computador.
Em 1953, mais de cem anos depois da sua morte, o que Ada escreveu sobre a máquina foi publicado, sendo considerado uma descrição de um computador e de um software. Assim, a máquina foi reconhecida como o primeiro modelo de computador. Desde então, prémios e escolas foram criados com o nome de Ada em homenagem ao legado que deixou. Se Ada tivesse nascido homem, provavelmente o computador teria surgido de forma oficial vários anos antes.
Hedy Lamarr: A “mãe” do Wi-Fi
Hedy Lamarr é o nome artístico da cientista Hedwig Eva Marie Kiesler, nascida a 9 de novembro de 1914, em Viena.
Tendo começado a sua carreira no mundo artístico como atriz, Hedy participou em mais de 30 filmes, incluindo o famoso e controverso Ecstasy (1933). Em 1937, fugiu do marido controlador, refugiando-se em Paris e depois em Londres, onde conheceu Louis B. Mayer, que procurava talentos na Europa. Foi então em 1938 que Hedy chegou a Hollywood, onde conquistou o título de “mulher mais bonita do mundo”.
No entanto, Hedy destacou-se também numa vertente completamente oposta. Fazia duetos com o compositor George Antheil no piano, repetindo noutra escala as notas que ele tocava, testando a forma como podiam controlar o instrumento. Com esta experiência perceberam que se o emissor e o recetor mudassem constantemente de frequência, os dois podiam comunicar sem serem intercetados. Em 1941 decidiram submeter esta ideia ao Departamento de Guerra norte-americano, mas infelizmente foi recusada. Só em 1962, já finda a Segunda Guerra Mundial, é que a sua invenção foi utilizada pelas tropas dos EUA.
A ideia de Hedy e George serviu de base para a criação do Wi-Fi e das ligações CDMA (Acesso Múltiplo por Divisão de Código) usadas nos telemóveis.
Lamentavelmente, Hedy nunca lucrou com a sua invenção e só foi reconhecida pelo Governo norte-americano por “abrir novos caminhos nas fronteiras da eletrónica” em 1997, apenas três anos antes de falecer por conta de problemas cardíacos.
Fonte da capa: SPOT CSI
Artigo revisto por Catarina Policarpo
AUTORIA
Quase ingressou no curso de cinema aquando do início da sua jornada no ensino superior, porém, à última hora, decidiu que afinal queria enveredar pelo mundo do jornalismo. Veio da área dos números, mas após a sua entrada na ESCS Magazine - que tomou como um desafio - descobriu um gosto imenso pela escrita. Agora, enquanto editora da Secção de 7ª Arte, ambiciona proporcionar o conforto que sentiu quando entrou na Magazine a todos aqueles que, tal como ela, são apaixonados por cinema.
Luísa Montez é redatora da ESCS Magazine desde novembro de 2020, tendo começado por escrever apenas para a secção de Moda e Lifestyle. Após o sucesso do seu artigo escrito, excecionalmente, para a secção de Grande Entrevista e Reportagem, decidiu aceitar o convite e fazer parte da mesma. Antes de entrar na ESCS já sabia que queria pertencer à revista, pois a escrita é um dos seus pontos fortes.