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Será que todos temos consciência da crise climática em que vivemos?

Com presidentes que negam a existência das alterações climáticas e não apresentam um plano para darmos a volta à situação atual do planeta, é completamente “normal” que muitas pessoas considerem as alterações climáticas como algo imaginário e não algo real. Isto ainda acontece mais quando os impactos desta crise ainda não se estão a sentir tanto nas zonas em que habitam.

A mudança climática é uma realidade e a sua tendência será para piorar.

A atmosfera continua a aquecer e estamos a chegar ao ponto do não retorno. 

Com tantas catástrofes a ocorrer simultaneamente em todo o mundo, a crise climática já está a tornar o mundo num lugar cada vez mais inabitável e nenhum de nós está salvo dos impactos.

Baía de Chesapeake e Ilha de Tânger – Virgínia

Fotografia de Tim Brown/iStock Editorial

Há cerca de 250 anos, pequenas comunidades plantaram raízes em ilhas baixas e pantanosas na Baía de Chesapeake, na Virgínia. Atualmente, restam apenas duas, o resto tem sido consumido pelas ondas e pela água que aqui sobe mais rapidamente do que em qualquer parte do mundo.

O grupo de ilhas já perdeu mais de dois terços da sua massa terrestre desde 1850 e, sem intervenção, a ilha estará completamente submersa em 2063. Mesmo que o mundo reduza drasticamente as emissões amanhã, Chesapeake continuaria a vir para Tânger. A questão agora não é “se”, mas “quando”.

A região já enfrenta inundações e erosão, mas o povo da região não parece acreditar nestas alterações climáticas, tendo quase todos os 500 residentes da cidade votado no ex-presidente dos EUA, Donald Trump.

Cidade do Cabo – África do Sul

Fotografia de Evan Hallein/ Shutterstock

Na África do Sul, as torneiras secaram para quem dependia há décadas da chuva que deixou de cair. Há um padrão que se repete por todo o mundo à medida que as temperaturas aquecem e a humidade na atmosfera ajusta-se em conformidade.

Após a seca severa em 2015, em fevereiro de 2018 os residentes estavam limitados a utilizar apenas 50 litros de água por dia. A cidade tinha menos de três meses antes de a água ser desligada.

A pior seca desde 1993 acabou por ser evitada, devido ao facto de as chuvas terem voltado, mas não vai ser por muito tempo. O clima vai continuar a aquecer se nada for feito e a seca chegará.

Bahamas

Fotografia de Anya Douglas/Shutterstock

Os furacões são uma constante nas Caraíbas, mas nos últimos 40 anos algo mudou.

Atualmente, os furacões que se desenvolvem são 48-87% mais suscetíveis de serem grandes tempestades.

Os furacões são alimentados por calor. Assim, o aumento de tempestades cada vez mais destrutivas como o Furacão Dorian de 2019, a tempestade mais intensa a atingir as Bahamas está em tudo relacionada com as alterações climáticas.

Por acréscimo, as temperaturas da água no Mar das Caraíbas têm sido imensamente altas, levando a eliminar enormes porções dos seus recifes de coral.

Já sentimos o impacto destas alterações, visto que, desde 2007, as Bahamas foram atingidas por quatro das 12 tempestades mais fortes alguma vez registadas na sua história.

Grande Barreira de Corais – Austrália

Fotografia de Aquapix/Shutterstock

Sabias que os recifes de coral oferecem abrigo a uma grande variedade de espécies, produzem nitrogénio e outros nutrientes que mantêm o mar saudável e fixam o carbono? Protegem os habitats em terra, mitigam os impactos das ondas fortes e as tempestades tropicais. São um género de florestas do oceano.

As alterações, para além de levarem à destruição generalizada das florestas, levam a uma destruição generalizada dos recifes de coral e à destruição generalizada dos oceanos.

Um dos impactos destas é o facto de o maior recife de coral do mundo estar em crise. Os organismos são bastante sensíveis, um aumento da temperatura de apenas 1º Celsius pode resultar em eventos catastróficos que os matam.

Os dois piores episódios que os biólogos marinhos já viram tiveram lugar na Grande Barreira de Coral em 2016 e 2017.

Parque Nacional da Baía de Glacier – Alasca

Fotografia de Mariday/Shutterstock

Quando Joseph Whidbey visitou pela primeira vez a Baía Glaciar do Alasca no final do século XIX, encontrou-a cheia de glaciares de água.

Nos anos 90 tinham recuado mais de 97 quilómetros. Alguns tinham perdido tanto gelo que nem sequer podiam ser chamados de glaciares.

As camadas de gelo e os glaciares estão a diminuir. Essa libertação de gelo torna-se água que leva a uma subida do nível do mar que resultará em tsunamis, tal como ao desaparecimento de cidades.

O que se passa na Baía está a acontecer nas regiões geladas em todo o mundo. Só no Alasca, 95% dos cerca de 100.000 glaciares do Estado estão em processo de se tornarem menos grossos, em estagnação ou num recuo, porque as temperaturas do ar e da água estão a aumentar mais do dobro do que no resto dos Estados Unidos.

Com as alterações, todo o ecossistema da Baía está sob ameaça. 

Gronelândia

Fotografia de Oleksandr Umanskyi/iStockphoto

As ondas de calor nos últimos anos são mais intensas perto dos pólos. O gelo da Gronelândia está a derreter mais rapidamente do que alguém poderia ter previsto. Num período de 24 horas, em Agosto, 11 mil milhões de toneladas foram perdidas.

Como consequência destas alterações, as atividades tradicionais que têm sustentado as comunidades da Gronelândia durante séculos, como a pesca no gelo e o trenó de cães, estão a tornar-se não só perigosas, como também mortíferas.

As camadas de gelo derretidas da região são um problema para o mundo inteiro. Se desaparecerem, iremos enfrentar consequências perigosas como a subida do mar em mais de 6 metros. Isto vai levar ao desaparecimento de grandes cidades costeiras como Nova Iorque e Xangai, mais uma vez.

Rio de Janeiro – Brasil
Fotografia de Donatas Dabravolskas/Shutterstock

Na América do Sul, a cidade mais afetada pelas alterações climáticas é o Rio de Janeiro. As temperaturas médias subiram 1º Celsius nos últimos cinco anos. O nível do mar também está a subir, ainda mais rápido do que noutras cidades litorais. Em apenas 5 anos, o nível da água subiu de uma forma assustadora. Nos próximos 60 anos vai subir seis vezes mais e vai provocar inundações catastróficas nas zonas baixas da cidade.

Para além disto, existe ainda um nível de destruição nunca antes visto na floresta amazónica brasileira, que o Presidente Jair Bolsonaro apoia.

Intitulada como “ os pulmões do planeta ”, a Amazónia absorve anualmente cerca de dois mil milhões de toneladas de carbono de todo o mundo. Ao ser queimada, o dióxido de carbono ficará na atmosfera, ampliando todos os efeitos das alterações climáticas no Rio e em todo o mundo.

E quando estes sítios desaparecerem?

Temos a escolha de criar o mundo que queremos ter no futuro.

Caso de Portugal

Tal como a possibilidade de a Flórida, nos Estados Unidos da América, ficar debaixo de água, Portugal irá sofrer a mesma consequência se a crise climática já instalada não for travada. 

Algumas consequências que temos já acompanhado a curto prazo são, por exemplo, a diminuição do areal da praia do Portinho da Arrábida, nos últimos 50 anos. Tal como termos temperaturas acima dos 20º Celsius em meados de Outubro.

Sabias que o fogo de Pedrógão Grande, em Junho de 2017, por se ter alastrado tanto e tão depressa deveu-se a um evento chamado“downburst“, que corresponde a uma corrente de vento que desce a muita velocidade e que leva a que o fogo ande muito depressa.

Ou agimos agora, ou não vamos conseguir garantir a vida no planeta Terra, sem andarmos a fugir das constantes catástrofes naturais.

Imagem de capa: Fotografia de Giovanni Arechavaleta do Unsplash

Artigo revisto por Ana Janeiro 

AUTORIA

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Sempre quis pilotar aviões, mas a vida mudou-lhe os planos e descobriu o prazer na escrita. Movida a desafios e curiosidade, a Mariana adora correr, meditar e trabalhar em multimédia. Pensa no futuro mas vive muito o presente, confia na vida e sabe que vai ter sempre um lugar para a escrita. Nasceu em Lisboa mas vive nas Caldinhas, “o oeste é vida”, garante. Perde-se no mar, mas o surf dá-lhe vida.