A mudança é urgente! Do que estás à espera?
Sabias que a crise climática é o maior desafio da nossa geração?
Nunca tivemos um ano tão quente como 2020. A crise climática deve-se, particularmente, a causas humanas. O nosso clima nunca mudou tanto em tão pouco tempo! Já todos vimos as consequências da crise, as catástrofes naturais cada vez são mais destrutivas.
A crise climática é uma realidade, não é um problema imaginário ou do futuro. É o que está a acontecer, HOJE!
Esta crise multiplica todas as restantes. Com uma crise climática, todas as outras vão ter um impacto superior. Deixamos de ter mortes relativas à atual pandemia, mas morrerão cada vez mais pessoas, devido a catástrofes naturais.
A associação “Empregos para o Clima” preocupa-se em criar uma transição justa, em que ninguém é deixado para trás.
A Greve Climática Estudantil é um coletivo de estudantes que luta pela justiça climática. Nasceu em março de 2019 com a organização da primeira greve às aulas pelo clima internacional, no seguimento da convocatória do Fridays for Future Internacional.
A GCE começou com vigílias, foram às escolas dar palestras, co-organizaram a greve climática de 27 de Setembro.
Convocaram ainda a greve climática de 29 de novembro e, logo de seguida, foram para Madrid à COP25 – Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2019.
Em 2020, adaptaram-se à nova realidade, realizando palestras em formato online em prol do projeto “Climaticamente Falando”, por exemplo. Produzem conteúdos multimédia, online. Organizaram a Digital Climate Strike no dia 24 de abril e participaram na ação digital Galp Must Fall.
As escolas ou faculdades que desejem ter uma palestra sobre a temática podem entrar em contacto com a GCE. A Greve Climática Estudantil é organizada em núcleos locais espalhados um pouco por todo o país. Podes consultar os núcleos que existem no site.
Faz parte da Greve Climática Estudantil nos Açores.
Decidiu entrar na GCE durante uma aula de geografia que abordava os problemas ambientais. Ficou interessada no assunto e decidiu ir procurar mais sobre isto das alterações climáticas, sobre as causas e consequências. “A 24 de maio de 2019, decidi criar um núcleo aqui na minha zona e juntar-me a este movimento.”
Alerta “neste preciso momento, não temos tempo a perder e, falando do meu arquipélago, estamos a começar a sentir esses efeitos negativos com tempestades/depressões constantemente a passar por aqui, muito lixo a dar à costa que já está no mar há anos.”
Faz parte da Greve Climática Estudantil no Porto.
“More is lost by indecision than wrong decision.(…) prefiro fazer algo e falhar do que simplesmente não fazer nada. E é essa perspetiva que trago precisamente para o ativismo”.
À pergunta se gostava de fazer ativismo, respondeu “Gosto muito. É bastante libertador. E poder fazer algo positivo pela sociedade deixa-nos com uma certa satisfação, ao sabermos que fizemos algo de bom.”
Acrescenta que é complicado gerir o tempo, visto que é uma tarefa 24/7, pois existem mudanças diariamente, mas considera que é tudo uma questão de gestão de tempo.
Deixa um conselho: “O 1.º passo é sempre começar. “
Faz parte da Greve Climática Estudantil, no Porto.
“Fui para Londres em 2006, aos 17 anos, estudar Economia e Política, em Goldsmiths. (…) Inscrevi-me na Ordem dos Advogados, conclui o estágio e exerci advocacia num dos maiores escritórios de advogados de Portugal durante 3 anos e 9 meses. No final de 2018 despedi-me e decidi que me ia dedicar ao activismo e à fotografia.”
O que mais o preocupa é combater este sistema que afirma ser explorador de pessoas e de recursos que não permite que as pessoas tenham uma vida livre e digna – aqui e em qualquer “canto” do planeta. Quer assegurar que as gerações futuras – onde quer que nasçam – tenham a capacidade de viver de uma forma digna, com direito a acederem aos recursos necessários de uma forma universal e sustentável.
“Gostava de que pudessem viver onde quisessem sem se preocuparem se esse local vai estar debaixo de água dentro de uns anos ou se vai sofrer fenómenos climáticos extremos que irão colocar a sua subsistência ou vida em causa.”
Faz parte da Greve Climática Estudantil no Porto.
«(…) levo sempre comigo o Carpe Diem, porque sinto que às vezes posso fazer mais coisas e não faço por medo, então penso “Carpe Diem” e tento viver o dia ao máximo.»
A ativista expressa: “sinto que todos nós temos um lugar no grupo. Todos nos comprometemos a fazer as coisas que queremos e conseguimos. Aqui respeitamos os tempos e vontades uns dos outros, (…) todos fazemos a diferença, mas juntos é que temos resultados.”
Acrescenta «o “tarde de mais” já chegou e há danos irreparáveis, mas há coisas que são possíveis de salvar, e é por isso que eu continuo a lutar, porque ainda não perdi a esperança.»
Temos de aprender a ouvir a nossa Terra!
Somos a geração do presente, que será a geração do futuro, que não para até obter o que quer!
Faz parte da Greve Climática Estudantil no Porto.
O que mais a assusta é a injustiça social. Diz “As pessoas que veem as suas terras a deixar de poder ser cultivadas ou as suas ilhas a ser inundadas não podem ser desprezadas pelos países que fazem com que estas coisas aconteçam devido à elevada poluição e consumismo que a nossa sociedade capitalista demanda.”
“(…) quanto mais tempo demoramos a fazer a mudança, mais radical ela terá de ser, mais pessoas irão sofrer (e falo de um lugar de privilégio porque nós não seremos os mais afetados), e chegaremos a um ponto sem retorno, que, ao invés de nos perguntarmos quando anos temos para mudar, perguntamos quantos anos temos até à extinção da nossa espécie.”
A Catarina diz «Não te compares a outros ativistas, não digas“não me vou juntar, porque não consigo fazer tanto como a pessoa x ou não tenho tanto tempo como a pessoa y”, junta-te e faz o que conseguires, o que puderes fazer, será sempre melhor do que não fazer nada.»
«(…) é no momento em que já não “é a vida” que eu saio às ruas, grito, e faço-me ouvir, mesmo por quem não me quer ouvir. Faço o que tenho possibilidade de fazer, para um mundo melhor sabendo que nunca é suficiente.»
Faz parte da Greve Climática Estudantil e do Climáximo em Lisboa.
A Antónia costumava achar que a solução para a crise climática era tornar-se num “monge climático”.“Tornei-me vegan, reduzi drasticamente o meu consumo de roupa e quando compro é em segunda mão, comecei a evitar todo o plástico descartável, comprar alimentos locais, evitar andar de carro… Depois percebi que estava a ser enganada, que eu não era a causa do aquecimento global mas que os verdadeiros responsáveis me tinham convencido disso: os líderes mundiais, donos de multinacionais e governos.”
Diz que só é possível desenvolver o “(muito) trabalho” que fazem tendo uma rede grande de pessoas. “O movimento é feito de pessoas, precisamos de toda a gente!“
Acrescenta que, se pudesse fazer do ativismo o seu sustento, não hesitaria. “O ativismo contribui imenso para a minha saúde mental.” Ao fazê-lo, considera-se um agente de ação, o que lhe dá esperança.
“Ser ativista é a única forma de salvar o clima a tempo. É hora de acertar o relógio, junta-te a nós!”
Faz parte da Greve Climática Estudantil e da Brigada Estudantil, em Lisboa.
Diogo não consegue suportar a ideia de as empresas e as grandes multinacionais só pensarem em vender e fazer dinheiro.
Acrescenta “Nós, no Norte Global, ainda mal sentimos os verdadeiros efeitos desta crise. As MAPA (Most Affected People and Areas) são quem está na linha da frente e as suas casas já estão a arder e a inundar há décadas e as nossas sociedades são historicamente responsáveis por tudo isto.”
Diz com toda a certeza que a crise climática vai exacerbar todas as outras crises que vivemos atualmente – “sanitária, económica, social e migratória.”
A razão pela qual se envolveu no ativismo pela justiça climática é a luta por um futuro mais justo e sustentável para todos/as, “desmantelando a indústria fóssil e exigindo mais respostas políticas para que medidas sejam tomadas antes que seja tarde de mais.”
“Tudo isto faz os meus dias. Não poderia ser mais grato e feliz, se não fizesse ativismo, porque para além de tudo consigo aperceber-me do privilégio que tenho em ter a condição socioecónomica que tenho, viver no país que vivo e ter a vida que tenho. Tenho de aproveitar o meu privilégio para dar um futuro melhor àqueles que não o têm.”
Faz parte da Greve Climática Estudantil, em Lisboa.
“Acredito que toda a gente faz a diferença”
Considera que nenhum ativista tem apenas uma tarefa, mas faz um pouco de tudo. O que mais a preocupa é a inação. “Ver que os governos e pessoas responsáveis pouco ou nada fazem.”
Adora fazer ativismo. Acrescenta que aprende imenso e que está a transformar a sua energia em algo útil, algo em que acredita.
Deixa o conselho de que qualquer um é preciso e pode mesmo ajudar a fazer a diferença. Mesmo que tenha pouco tempo ou que ache que não tem capacidade, “podes sempre ajudar no que conseguires, há espaço para todos.”
Faz parte da Greve Climática Estudantil no Porto.
Diz que é impossível assegurar um futuro se continuarmos neste sistema capitalista consumista, em que o mundo gira à volta do lucro e não das pessoas, sendo este sistema que destrói o clima.
Adora fazer ativismo. É a sua maneira de se manter ativo socialmente e de ser a mudança que quer que aconteça. Expressa “a minha parte favorita é o clima das manifestações. Multidões unidas a gritar o mesmo, cada uma com a sua história, mas todas com um interesse em comum: salvar a vida na Terra.”
Deixa-te o conselho: “Entra! Vais adorar, não te sintas intimidado, aqui ninguém é melhor que ninguém. Podes ter que investir algum tempo mas vale a pena, temos mesmo de agir agora!”
Faz parte da Fridays For Future e da Greve Climática Estudantil.
Com 15/16 anos, foi à sua primeira manifestação. Aos 17 anos, mudou-se sozinha para Lisboa para iniciar o curso de Representação e, por coincidência, sorte ou destino, foi quando surgiu a Greve Climática Estudantil, pelo que está envolvida desde o início.
“Temos o futuro nas nossas mãos, mas o tempo está a escapar-nos por entre os dedos. Está na hora de agir.”
O Fridays For Future, onde a GCE está inserida, estava também a surgir quando se juntou. “Comecei a ser ativa internacionalmente quando tive a oportunidade de ir a um summer meeting europeu do FFF, com ativistas de cerca de 40 países, em Agosto de 2019.” Acrescenta que a solução para a crise climática vem da ação coletiva e não de ações individuais.
“Somos as últimas gerações que podem resolver o problema criado pelo sistema em que vivemos e, portanto, somos aquelas que têm o dever de o fazer, de garantir a quem nasce hoje que terá, no mínimo, as mesmas condições que nós tivemos de viver e de prosperar. “
“Quando aquilo que passamos horas a organizar se materializa (…) é transcendente. Quando percebemos que estamos rodeados de pessoas que lutam pelo mesmo que nós. Sinto uma energia contagiante à minha volta (…) que penetra e esmaga a falta de esperança que por vezes me assombra. Estamos a dar o corpo ao manifesto. Temos de ganhar esta luta, e que bonito é fazê-la em conjunto.”
Ser ativista é sentir desconforto. Se não estás desconfortável perante o mundo atual, precisas de olhar com mais atenção. Diz ainda para não ter medo ou receio de “falhar” , “o ativista perfeito não existe, estamos todos a aprender e a crescer enquanto ativistas. O importante é agir porque, se agirmos agora e em conjunto, ainda há volta a dar! Juntos somos mais fortes.”
Faz parte da Greve Climática Estudantil e do Climáximo, em Lisboa e nas Caldas da Rainha.
Diz que não é fácil conciliar tudo o que tem para fazer, “tem a ver essencialmente com gestão de tempo e aumentar a minha eficiência pessoal.”
Para Andreia, é importante combater as dificuldades que as gerações atuais já estão a sofrer.
“É urgente lutar contra as desigualdades e antagonismos gerados pela crise climática.”
A ativista acrescenta que “é uma questão de ser o nosso papel tomar partido e posição sobre o que se passa no mundo à nossa volta. Não conseguiria estar em sociedade de outra forma.”
Deixa-te o conselho: “Arrisca! Pode parecer assustador sair da nossa zona de conforto, mas quando está em causa a maior crise das nossas vidas vale a pena.”
Qualquer pessoa pode juntar-se à GCE!
Além da GCE, há outras associações que se dedicam a trabalhar para alcançar esta justiça climática, como a Climáximo. Este coletivo agrupa ativistas movidos pela urgência do combate às alterações climáticas e os seus graves efeitos. Sabem que elas estão ligadas aos direitos humanos e à distribuição de riqueza e poder no mundo. Lutam por ideias novas e sustentáveis de bem-estar, por justiça social e climática e resistem a falsas soluções de “capitalismo verde”.
Faz parte da Climáximo e da Greve Climática Estudantil em Lisboa
Maria diz “(…) já conquistámos algumas pequenas vitórias, mas ainda não é de perto o suficiente para travar a crise climática. É necessário que muito mais gente se junte e organize o movimento connosco.”
Apesar de estar no 1.º ano de faculdade, escolhe pôr a vida fora do ativismo um pouco de lado, mas deixa o conselho “(…) cada pessoa decide o seu nível de envolvimento, toda a gente é muito bem-vinda independentemente de ter mais ou menos energia para dar.”
Procura combater o sistema baseado nos combustíveis fósseis que coloca o lucro acima da vida.
Acrescenta “(…) já não consigo imaginar-me sem fazer ativismo. É como acordar a meio da noite e perceber que a casa está a arder, algo de errado se passará com quem conseguir voltar a dormir. A luta pela justiça climática será sempre prioridade na minha vida.”
Para quem gostava de ser ativo nesta luta diz “ A Climáximo e a GCE estão regularmente a organizar reuniões introdutórias, estás à espera de quê?” (: Informa-te nas nossas redes!
Faz parte da Greve Climática Estudantil em Lisboa
Matilde, no final de 2018, viu as mobilizações que estavam a acontecer em vários países europeus, conversou com algumas pessoas para criar um grupo que organizasse uma mobilização em Portugal e assim o fez.
Tanto a Licenciatura em antropologia como o percurso no ativismo são fundamentais para a sua formação enquanto pessoa, assim, diz que é importante manter o equilíbrio entre as duas partes.
“Acho importante fazer coisas de que gostamos, mas também há coisas de que não gostamos que temos de fazer. Faz parte daquilo que é necessário fazer para vencermos.”
“Fazer ativismo é mais do que voluntariarmo-nos para algo, é um compromisso e cada uma de nós pode contribuir como conseguir, de acordo com o que mais gosta de fazer!”
Também no Porto esta luta continua. OXr Porto é um movimento internacional descentralizado e sem qualquer filiação político-partidária. Usa ação direta não violenta para pressionar os governos a responder de forma justa à emergência climática e ecológica.
Faz parte do Xr, no Porto.
A Filipa diz “sempre fiz tudo o que podia enquanto indivíduo para ter a menor pegada possível no nosso planeta.
Em Setembro de 2019, foi uma das três pessoas escolhidas em Portugal para participar na European Youth Conference, organizado pela Green European Foundation.
A partir daí, nunca mais parou de fazer ativismo, não por gosto, mas pela responsabilidade histórica que diz que devemos aos países MAPA (Most affected people and areas).
“Por vezes, senti que era muito complicado conjugar tudo o que eu estava a fazer, mas, em vez de ver uma série ou um filme, retirava esse tempo para me focar nas tarefas com que me comprometi a fazer no ativismo.”
Acrescenta “Eu quero que as gerações futuras tenham um planeta habitável e sejam capazes de ver a beleza deste planeta como eu tive a oportunidade de o conhecer.”
Aconselha que qualquer pessoa que queira ser ativista não tenha medo de começar, de tirar todas as dúvidas e perguntar.
Estes são apenas alguns coletivos ativos em Portugal, mas há tantos outros. É hora de apoiar e de integrar coletivos, esta crise é urgente e precisa de todos!
Se não existir nenhum no sítio onde vives, pode ser criado um núcleo da GCE, por exemplo.
“Vais ficar a ver ou vais fazer parte da história?”
Entra em contacto com os colectivos!
GCE NACIONAL: @greveclimaticaestudantil
GCE PORTO: @gceporto
GCE LISBOA: @greveclimaticalisboa
GCE AÇORES: @greveclimaticapico
Climáximo: @climaximopt
Xr Porto: @xr_porto
Fridays For Future: @fridaysforfuture
Artigo revisto por Adriana Alves
Artigo escrito por Mariana Faria
AUTORIA
Sempre quis pilotar aviões, mas a vida mudou-lhe os planos e descobriu o prazer na escrita. Movida a desafios e curiosidade, a Mariana adora correr, meditar e trabalhar em multimédia. Pensa no futuro mas vive muito o presente, confia na vida e sabe que vai ter sempre um lugar para a escrita. Nasceu em Lisboa mas vive nas Caldinhas, “o oeste é vida”, garante. Perde-se no mar, mas o surf dá-lhe vida.